Quando são intensos, os
sintomas da tensão pré-menstrual deixam as mulheres tão agressivas e briguentas
que o relacionamento amoroso termina se deteriorando. Mesmo os mais pacientes e
compreensivos dos homens podem se cansar de contornar esses momentos e ir
embora. Fazem bem as mulheres que admitem ter o problema e o tratam, com
terapia e medicamentos, se necessário.
Os homens se arrepiam — e não
sem motivo — diante da sigla TPM. Ela
designa a tensão prémenstrual, uma situação que afeta a mulher, física e psicologicamente,
por dois a três dias antes da chegada da menstruação. Na maioria dos casos, os
sintomas são fracos: a mulher sente mal-estar, cansaço e certa irritação. Em
outros, são intensos, com ataques de raiva, agressividade. Parceiros e filhos
sofrem. Com o início da menstruação os sintomas desaparecem, mas algumas vezes
o estrago já foi feito: brigas e discussões deixam um rastro de rancor nos
relacionamentos.
Se não for tratada, a TPM pode
trazer sérias consequências para a vida da mulher — no trabalho, na vida
familiar e principalmente nos relacionamentos amorosos. Nas culturas
primitivas, a mulher se recolhia nesses momentos, ficava longe dos homens.
Sábia decisão, pois durante as crises ela pode ficar violenta, insultar o
parceiro e as crianças, ou manterse depressiva, chorando e culpando a família
pela sua infelicidade. Uma TPM forte e não tratada pode destruir um casamento,
um namoro, pode até afetar a vida dos filhos, que não conseguem entender as
mudanças de humor da mãe, um dia amorosa e paciente e no outro uma
verdadeira bruxa.
Em geral, maridos e namorados
recebem a maior a carga, sendo julgados como os responsáveis por todos os
males. Um exemplo corriqueiro: ele chega com flores e ela retruca: “Por que
isso agora?” Ele responde: “Para te agradar.” Ela continua: “Você deve ter
aprontado alguma.” Ele pondera: “Pensei que você ia gostar...” Ela insiste:
“Pensou? Se pensasse traria outra flor, pois está cansado de saber que não
gosto de rosas.” A cena continua até que ele joga as flores no chão e sai de
casa. Aí, ela se desespera, corre atrás dele, grita. Parece brincadeira, mas
não é. Trata-se de um comportamento típico de quem está irritado e joga a culpa
no outro.
Na cama é a mesma coisa.
Embora durante a TPM a mulher tenha mais disposição para o sexo, sua
irritabilidade acaba atrapalhando tudo. Ela diz coisas como “você só pensa em
sexo” ou “você nunca sabe como me agradar”, e ele vai perdendo o interesse. Em
sua irritação, ela não consegue perceber que ele querer sexo também é um ato de
amor — assim como não acredita que traz flores apenas para agradá-la.
O ideal nesse período é que o
parceiro se afaste um pouco, saia com as crianças, ajude nos afazeres
domésticos, tente compreender que se trata de uma fase passageira. Mas, se a
mulher não se tratar, mesmo o homem mais paciente pode se cansar e ir embora.
Por isso é importante que as mulheres saibam que há medicação para diminuir os
sintomas da TPM. A psicoterapia também pode ajudá-las a reconhecer o que os
sintomas estão expressando e a aprender a lidar melhor com o que está por trás
deles. Tratar-se é fundamental para ela e para a família.
No passado, quando não se
conhecia essa síndrome, as mulheres que sofriam com ela eram tachadas de
“nervosas” ou “histéricas” e rejeitadas. Mas hoje elas podem se precaver,
tomando medicação, respeitando as próprias emoções, cuidando da saúde e da
alimentação. Assim, minimizam os sintomas, vivem muito melhor e preservam quem
está ao seu redor. Para tanto, porém, é preciso, antes de mais nada, que a
mulher reconheça que o problema existe e admita que o tratamento é necessário,
sem culpar ninguém por isso.