Basta o frio dar as caras
para os espirros aparecerem. E eles quase nunca vêm sozinhos – um incentiva
outro e o ataque também costuma vir acompanhado de fungadas e lágrimas. Muita
gente logo pensa que ficou gripada, enquanto outra parcela atribui o fenômeno à
rinite alérgica.
Frio repentino, assim como
luminosidade intensa, poeira, vírus e bactérias são encarados como agressões. E
os espirros são como reflexos que ajudam a proteger o organismo. “As
terminações nervosas do nariz são sensíveis a mudanças bruscas de temperatura”,
explica o otorrinolaringologista Fernando Pochini Sobrinho, do Hospital São
Luiz Morumbi.
O médico conta que o nariz e
os seios nasais são protegidos internamente por uma camada de muco que está em
constante movimento. Esse material vai sendo levado para o estômago, o que faz
com que boa parte dos micro-organismos que aspiramos não fiquem depositados na
mucosa – um mecanismo de defesa muito avançado, segundo o especialista.
As células de defesa criam
uma espécie de memória diante da agressão e, assim que o estímulo ocorre, os
músculos da face e do aparelho respiratório se contraem bruscamente, mandando
um jato de ar pelo nariz e pela boca que, segundo estimativas, podem chegar a
160 quilômetros por hora. É difícil resistir ao impulso, e praticamente
impossível manter os olhos abertos nessa hora.
Cada espirro pode colocar
mais de 100 mil germes para fora. Mas, quando o ataque de vírus e bactérias é
poderoso demais, o “fundo da piscina” pode ser atingido. E o organismo precisa
requisitar um exército maior para combater a invasão. Além de coceira e
espirros, o muco fica mais intenso e ocorre a congestão nasal, pelo inchaço das
mucosas. Em muitos casos, aparece também a febre. Todos esses sintomas, como
diz Sobrinho, ajudam a distinguir infecções de reações alérgicas.
Algumas pessoas costumam ser
mais sensíveis a mudanças bruscas de temperatura e sofrem mais quando esfria ou
quando esquenta demais e as pessoas exageram no ar-condicionado. “Evitar o
choque térmico ajuda a evitar espirros”, recomenda o médico. Ou seja: evitar
sair de ambientes muito aquecidos para a rua sem se agasalhar direito.
Buscar um diagnóstico
correto é importante para evitar quadros crônicos, já que certas pessoas têm
alergia a determinadas substâncias, como o ácaro, por exemplo, ou ficam com uma
concentração maior de muco nos seios nasais devido a sinusites agudas que não
foram tratadas adequadamente.