O ministro da Saúde, Arthur Chioro, afirmou nesta sexta-feira (8) que o
Brasil corre o risco de enfrentar nos próximos três a quatro anos um surto de
chikungunya, vírus com sintomas semelhantes aos da dengue e que também é
transmitido pelo mosquito Aedes aegypti. "É possível. Hoje a circulação é
muito rápida das pessoas. É muito provável que a gente tenha circulação do
chikungunya", disse Chioro em entrevista na Agência Nacional de Saúde
Suplementar (ANS), no Rio. Segundo o ministro, em 2014 os casos de chikungunya
se restringiram ao Oiapoque, no Amapá, e Feira de Santana, na Bahia. "Os
casos que tivemos em mais quatro Estados foram pontuais, de pessoas que
circularam." Até 18 de abril deste ano, foram confirmados 1.688 casos de
chikungunya no País, sendo 809 na Bahia e 879 no Amapá. Em 2014, houve 2.773
casos autóctones, ou seja, de pessoas sem registro de viagem para países com
transmissão do vírus. Os casos foram registrados no Amapá, Bahia, Distrito
Federal, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul e Roraima. Os principais sintomas da
chikungunya são febre alta, dores musculares, de cabeça e nas articulações, com
duração de três a dez dias. Assim como a dengue, não é recomendado o uso do
ácido acetil salicílico (AAS), devido ao risco de hemorragia.
O tratamento deve ser feito
com medicação para febre (paracetamol) e dores articulares
(anti-inflamatórios). O Brasil detectou os três primeiros casos da doença em
2010, todos contraídos no exterior. De acordo com a Organização Mundial da
Saúde (OMS), desde 2004, a chikungunya havia sido identificada em 19 países,
principalmente na África e Ásia. Mas, ao fim de 2013, foram identificados casos
de transmissão dentro do mesmo território em países do Caribe e, a partir de
março de 2014, na República Dominicana e no Haiti. Apesar de ver o surto de
chikungunya como possível nos próximos anos, Chioro afirmou que a dengue
continua sendo a maior preocupação do Ministério. "O chikungunya, ao
contrário da dengue, não mata, é completamente diferente. É o mesmo mosquito,
são duas doenças virais que incomodam, mas tem um desfecho, que é o óbito, que
nos preocupa demais", disse. Quatro dias após ter admitido que o Brasil
enfrenta epidemia de dengue, Chioro atribuiu às mudanças climáticas e à crise
hídrica o maior número de casos neste ano. "Tivemos mudança climática, com
início da chuva e calor muito mais cedo, então os casos começaram mais cedo. E
tivemos falta d'água. Quando a população começa a armazenar água, naturalmente
aumentam os criadouros do mosquito. Mas isso não explica todos os casos de
dengue", afirmou. Questionado sobre os investimentos no combate à dengue,
Chioro afirmou que o ministério investiu R$ 1,25 bilhão em ações de combate ao
mosquito em 2014. "Em dezembro, liberamos verba adicional de R$ 150
milhões, sem contar recursos adicionados pelos Estados e municípios. Não liberamos
só na época da epidemia, nós fazemos um reforço. É trabalho do ano todo."
Na terça-feira, a Comissão de Fiscalização e Controle do Senado aprovou
requerimento para que o Chioro esclareça o uso de apenas R$ 2,8 milhões da
verba de R$ 13,7 milhão do programa de Coordenação Nacional da Vigilância,
Prevenção e Controle da Dengue.