Bahia teve aumento de casos entre 2004 e 2012 de 45,38% |
Foto: Reprodução
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Um relatório publicado na
última quinta-feira (25), na revista médica The Lancet, pelo Programa Conjunto
das Nações Unidas sobre HIV/Aids (Unaids, na sigla em inglês) fez um sério
alerta aos países: os próximos cinco anos serão essenciais para evitar um
acelerado crescimento da epidemia de Aids no mundo. O Brasil deve ter especial
atenção ao anúncio feito pela Unaids. Entre 2005 e 2013, o índice de novos
infectados pelo vírus no país subiu 11%, de acordo com dados da própria
entidade. Na Bahia, a realidade não é muito diferente. Entre 2004 e 2012, o
número de casos da doença no estado saltou de 1256 para 1826, um aumento de
45,38%, de acordo com dados da Secretaria de Saúde do Estado da Bahia
(Sesab). A coordenadora de Agravos da
Vigilância Epidemiológica da Sesab, Izabel Xavier, acredita que este
crescimento no número de pessoas com Aids na Bahia e no Brasil está relacionado
à algo que deveria ser positivo: os avanços da ciência nas formas de combate à
doença. Com medicamentos cada vez mais eficazes, o que torna a vida dos
pacientes mais confortável, receber a notícia de que se está com Aids deixou de
ser uma “sentença de morte”, algo que pode fazer com que as pessoas se descuidem
quando o assunto é prevenção. “Isso tem sido considerado. A população viu, no
passado, ídolos morrendo. Hoje, não é sentença de morte. A sobrevida aumentou,
pois existe um tratamento mais eficaz, que prolonga a expectativa de vida”,
explica Izabel. Adolescentes estão cada
vez mais presentes nas estatísticas de novos casos de Aids no estado. Somente
em 2014, os índices de novas ocorrências da enfermidade em Salvador dobraram em
relação a 2013, segundo levantamento da Coordenação de Acompanhamento das
DST/Aids da Secretaria Municipal da Saúde (SMS). Segundo a coordenadora de
Agravos da Vigilância Epidemiológica da Sesab, as mulheres também vêm
contribuindo para inflar os números. “O que tem sido observado é um aumento de
casos entre homossexuais masculinos, profissionais do sexo feminino, usuários
de drogas, mulheres em faixa etária acima dos 50 anos. Até se colocou que o
viagra seria um dos responsáveis por isso. Os homens estão usando cada vez
mais, fazem sexo com outras mulheres, contraem o vírus e transmitem para as
mulheres. Quanto aos jovens, são aqueles que não viveram a experiência da Aids
no passado e acabam esquecendo de se cuidar”, afirma. O aumento do número de
parceiros sexuais, principalmente entre jovens, também é algo que influencia na
alta dos índices. De acordo com dados do Ministério da Saúde, só no Nordeste,
aumentou de 20%, em 2004, para 39%, em 2013, o percentual de pessoas que
afirmam terem tido mais de 10 parceiros na vida. “O número de parceiros sexuais
aumenta entre os jovens. Juntando a falta de vivência do que foi a Aids no
passado com a falta de proteção nas relações sexuais, eles acabam se expondo
mais”, explica Izabel. A coordenadora também relata que adolescentes têm sido
cada vez mais alvo das campanhas de prevenção e combate à Aids, já que neste
grupo o aumento no número de casos é o mais preocupante. “As campanhas vêm
sendo voltadas para esse grupo. Tudo vem sendo voltado com o objetivo de
atingir os jovens, campanhas falando a linguagem dos jovens até para chegar
mais a eles”, conta. Izabel também reconhece que a estrutura de combate à
doença na Bahia precisa ser ampliada e explica como isto vem sendo realizado.
“A gente reconhece que é um número insuficiente para atender a demanda. Nós
temos 43 unidades que atendam os pacientes no estado. A gente precisa ampliar
isto. Os medicamentos agora são disponíveis para todo o HIV positivo.
Antigamente, o tratamento só era disponível para quem tivesse com quadros mais
agravados. Reduzindo a carga viral, a pessoa tem uma melhor qualidade de vida.
Com o pouco que possuímos, estamos tentando atender as pessoas da melhor forma
possível”, conta.
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