Apesar de parecer uma forma
de correção eficiente, o tapa ensina a criança a ter medo do mais forte
No dia 27 de junho deste ano
a presidenta Dilma Rousseff sancionou o projeto da Lei da Palmada, contra
qualquer tipo de castigo que envolva sofrimento físico à criança. Quando
paramos para pensar em como queremos educar nossos filhos, muitos de nós
respondem que gostariam de fazer bem diferente do que recebemos quando criança,
principalmente no que se refere ao bater. Muitos pais e mães de hoje levaram
seus tapas, cintadas e chineladas quando criança e hoje percebem que esse não é
um bom caminho. Como pais buscam o diálogo, a aplicação das consequências,
escolhas e limites colocados de uma maneira produtiva e respeitosa.
Mas em algumas situações
parece que ficamos sem saber o que fazer e quando saímos do sério, o tapa volta
a aparecer. Pais e mães tristes, crianças tristes ou mesmo bravas, é iniciado
um ciclo que pode crescer e tomar conta do dia a dia de uma maneira bastante
complicada.
Quando batemos em nossos
filhos eles aprendem algumas coisas:
Aprendem a ter medo do mais
forte, e isso pode seguir por bastante tempo na vida
Aprendem que é batendo que
se resolvem os momentos difíceis, afinal é assim que vê seus pais resolvendo os
mesmos momentos
Aprendem que o tapa vale
mais do que o diálogo, a conversa.
Quando pais batem em seus
filhos, normalmente buscam controlar alguma situação, mas os adultos nessa
mesma situação, encontram-se completamente descontrolados. É muito confuso para
a criança pensar que esse nosso descontrole que surgiu através do tapa , serve
para educar ou controlar algum momento.
Toda essa confusão faz com
que a criança não aprenda, afinal ela interrompe o que estava fazendo por conta
do susto que leva, do medo que sente. Acontece que dificilmente aprenderá, isso
porque não vive o processo natural de que toda ação tem sua consequência.
Quando esse processo é interrompido, é como se a reflexão também fosse
interrompida.
Essa é a grande armadilha,
porque muitos pais pensam que o tapa funciona porque a criança realmente
interrompe o que estava fazendo. Mas isso acontece com o susto e não por ganho
de consciência. O que vem depois? A atitude se repete e os tapas se tornam mais
frequentes. Fora que com o tapa e com essa falta de respeito iniciamos um
embate que pode se tornar bastante complexo. Afinal, um ganha e o outro perde e
a criança, ao perceber isso, faz também de tudo para vencer esse embate.
Esse caminho gera medo,
distância e muitas vezes até a mentira aparece como sendo a única maneira de
evitar esse momento, o tapa. As crianças hoje entram nesse embate porque de
alguma maneira, não toleram falta de respeito, mas normalmente sua forma de
agir para vencer os embates é através da falta de respeito também. Com esse
ciclo fechado, pais e filhos se afastam e a comunicação, o encontro e o
respeito se tornam grande objetivos difíceis de alcançar. Com firmeza amorosa,
respeito e aplicando a constância, a coerência na forma de corrigir e a
consequência de suas atitudes, o que encontramos são famílias unidas, parceiras
e crianças crescendo com amor, respeito, e a real educação. Todos na ação de
educar. Educação positiva que gera crescimento para todos. Fazer com que o
outro faça algo que você quer não é difícil. O precioso é perceber por que
motivo essa pessoa mudou sua atitude. Por medo, por estar sem saída, ou por
amor, por ganho de consciência? A paisagem que vemos nessa caminhada depende
dos lugares que caminhamos. E nós, os adultos, temos essa escolha.
R7
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