“O que uma mãe não faria por
um filho?”, questiona Evanildes Maria da Silveira, de 48 anos. Dedicada,
iniciou há cinco anos um trabalho de coleta de papelão pelas ruas e empresas do
município de Conceição do Coité
, a 200 quilômetros de
Salvador. Os materiais recolhidos são comercializados para reciclagem. O
dinheiro obtido é usado para manter os estudos do filho, um jovem de 22 anos
que cursa medicina na cidade de Aracaju, capital de Sergipe.
Evanildes trabalha como
merendeira em uma escola pública de Coité. Funcionária terceirizada, enfrenta
constantes atrasos nos salários. Ela diz que já chegou a ficar seis meses sem
remunerações. “Por conta disso, a dificuldade é maior. Com meu filho estudando,
eu precisava me programar”, explica. Por meio do conselho de uma colega de
trabalho, que já atuava em reciclagem, foi às ruas atrás de um complemento na
renda. “Não é muita coisa, mas já é uma ajudinha”, conta sobre os esforços.
O filho de dona Evanildes
conseguiu bolsa integral em uma universidade privada de Aracaju, por meio do
Programa Universidade para Todos (Prouni). Apesar de não ter custos com
mensalidades, tem de arcar com os materiais de estudo, além de aluguel e
manutenção pessoal.
A mãe detalha que Prefeitura
Municipal de Coité concede uma ajuda de custo no valor de R$ 300, por meio do
Programa de Apoio ao Estudante (PAE). Entretanto, o valor não é suficiente para
todas as despesas. Por isso, Evanildes dobrou as mangas e foi às ruas.
“Faço com muito orgulho. Não
tenho vergonha por isso. Houve pessoas que viraram a cara, mas não há do que eu
me envergonhe”, atesta. O trabalho ocorre de domingo a domingo. Com a ajuda da
mãe, o filho já completou dez semestres do curso de medicina e tem com previsão
de formatura o segundo semestre de 2016.
Tio do estudante, José
Carlos da Silveira, de 59 anos, também ajuda nos trabalhos de coleta, mesmo com
uma deficiência em uma das pernas. “Fazemos para dar uma ajuda na manutenção.
Puxo a carrocinha com o peso de domingo a domingo. Para mim, tem sido uma
grande fase de fisioterapia”, diz.
José Carlos detalha, que ao
lado da irmã, coleta mais de duas toneladas de papelão por mês. “Fazemos com
grande satisfação. Ele [o sobrinho] é um menino inteligente e admirado por
todos. A cidade toda tem uma coisa boa para contar sobre ele”, afirma orgulhoso.
Cinco anos após o início das
coletas, dona Evanildes confessa que, por diversas vezes, pensou que não
conseguiria manter o filho no curso. “Até agora mesmo, ainda não é nada fácil.
O desejo de toda mãe é ajudar. Fico na expectativa de que ele tenha um grande
futuro. Não tenho vergonha de contar isso. Que nossa história motive outros”,
diz.
Fonte: Correio 24h
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