Para analistas do Parque
Nacional da Chapada Diamantina (PNCD), os sucessivos incêndios que atingem a
região desde o dia 26 de outubro são causados pela ação do homem. “Incêndios
naturais são causados por tempestades de raios. Não é o caso. Sabemos que a
causa é humana”, afirmou César Gonçalves, chefe substituto do PNCD. Para
Gonçalves, as motivações podem ser diversas, como colocar fogo para renovar
pastagens ou para diminuir a vegetação e facilitar a caça. Em toda a Chapada
Diamantina – região que extrapola os limites do Parque Nacional -, mais de 240
homens estão trabalhando para controlar o fogo, que já consumiu aproximadamente
entre 15 e 30 mil hectares, segundo a Secretaria de Meio Ambiente (Sema), da
Bahia. Os incêndios florestais sucessivos já afetaram os municípios de Lençóis,
Palmeiras, Mucugê, Ibicoara, Jacobina, Jaborandi e Andaraí. O Parque Nacional
da Chapada Diamantina é uma área de preservação ambiental e turismo ecológico,
que conta com uma área de 152.000 hectares. De acordo com Gonçalves,
aproximadamente 10 mil hectares já foram queimados, o que equivale a 6,5% da
área do Parque. Ele disse, em entrevista à Agência Brasil, que a região
normalmente tem temporadas de queimadas no período entre julho e novembro. No
entanto, a intensidade dos incêndios está mais alta este ano, devido ao
fenômeno do El Niño, “que é o mais forte registrado na história”, afirmou o
chefe substituto do PNCD. O fenômeno, que tem causado forte seca na região
nordeste, dificulta o combate ao fogo. Reforços estão sendo enviados para
ajudar na tarefa. Sábado passado (21), 47 bombeiros de Brasília chegaram ao
local. Ontem (22), 40 homens da Defesa Nacional também se juntaram à
força-tarefa, que conta com bombeiros militares, brigadistas voluntários,
técnicos da Secretaria de Meio Ambiente da Bahia, além da colaboração da Força
Aérea Brasileira, do Exército e da Defesa Nacional. A visitação no Parque
Nacional, como um todo, não está interrompida. Apenas as trilhas Pai
Inácio-Águas Claras; Pai Inácio-Barro Branco e Conceição dos Gatos-Águas Claras
estão em áreas de incêndios. Na semana passada, dia 16, o Ministério Público
Federal (MPF) em Irecê, Bahia, instaurou procedimento para apurar as
providências adotadas pelos órgãos competentes para combater os focos de
incêndio. Foram oficiados a unidade do ICMBio (Instituto Chico Mendes de
Conservação da Biodiversidade) responsável pelo Parque Nacional da Chapada
Diamantina, a Superintendência do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente
e dos Recursos Naturais Renováveis) na Bahia e a Secretaria do Meio Ambiente no
Estado da Bahia. Entre as informações solicitadas estão a quantidade,
localização e extensão de todos os focos de incêndios, principalmente os que se
situam no interior e nas proximidades do Parque Nacional da Chapada Diamantina;
as providências adotadas por cada órgão visando o combate ao incêndio; e os
recursos materiais e humanos utilizados.
BN
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