Após 2 anos sem beijar, casal decide guardar sexo para depois do casamento

Eles fazem parte de um grupo de pessoas que resolveu “manter a santidade” até o casamento.


A estudante de engenharia e arquitetura Gabrielly Mendes, de 20 anos, e o profissional de sistema da Informação, Caique Leon, de 24, formam um apaixonado casal há pouco mais de 4 anos e 9 meses. Eles fazem parte de um grupo de pessoas que resolveu abrir mão do sexo durante o namoro e “manter a santidade” até o casamento. Diferente dos integrantes do “Eu Escolhi Esperar”, depois de um ano eles decidiram mudar após ela receber uma “revelação”. O casal afirma que ficou dois anos sem beijar.
“Depois de um ano que a gente começou a namorar estava ficando bem difícil de manter a santidade e não transar. Ela teve uma revelação com Deus e chegou comigo e falou que não queria mais me beijar. Eu nunca tinha namorado, mas já tinha ficado com outras garotas. Para mim era normal beijar, eu tinha o meu limite. Mas, estava ficando difícil porque estávamos criando muita intimidade. Eu fiquei bem chateado. Perguntei: ‘Como que Deus fala só pra ti e não comigo’”, brincou Caique.
A decisão de esperar pelo casamento segue firme, mas o casal afirma que o desejo se faz presente na rotina.
“Nos primeiros dias foi bem ralado. Mas, aí parei para pensar que a base do nosso relacionamento não é isso [sexo], é o companheirismo. Aceitei e ficamos dois anos sem nos beijar. Já teve dias que não fui pra casa dela, e falei que não ia porque se não ia agarrá-la. Já desmarcamos cinema. Tem várias formas [de driblar a vontade], eu foco em ler a bíblia, estudar”, disse Caique.

Caique enxerga o sexo como o ápice da intimidade entre o casal. “Eu não queria ter esta experiência com qualquer pessoa. Eu não quero me relacionar intimamente com uma pessoa que não conheço. Querendo ou não, é uma ligação. Você fica apegado a aquelas pessoas”, disse o jovem.


Após o casamento, previsto para 2018, Gabrielly e Caique planejam tornar-se um casal “dito normal”. “[O sexo] É um presente de Deus. Então, quando a gente casar vai poder fazer a vontade, não vai existir nenhuma regra para isso”, avaliou a moça.
Brincadeiras e apoio
Entre os amigos, Caique é refém da brincadeira constante.“O mais zuado sou eu, no trabalho”.
Por outro lado, a família – principalmente de Gabrielly – apoia a escolha do casal.
“Nossos pais curtiram. Meus pais são apaixonados por ele, porque antes eu era muito ‘vida louca’, fazia muitas besterias. Nossos pais apoiam muito o nosso casamento. Eles sonham junto com a gente”, disse Gabrielly.
Início
Para entender a escolha do casal, vamos ter que voltar 1.730 dias. Ela contava os dias para completar a 15ª primavera e ele já beirava os 20 anos, em 2012, quando se conheceram. Foi amor à primeira vista, logo no primeiro dia de aula de teatro que fizeram juntos.
“Ela mente isso pra todo mundo, ela fala que não me viu, mas é ‘papo’ dela. Eu entrei na salinha e ela me viu, mas ela estava conversando com uma menina. Eu lembro a roupa que ela usava, era uma camisa caída, marron (não sei o nome dessas camisas) e de calça jeans”, disse Caique.
“Ele lembra a roupa que eu estava usando na época, mas eu não lembro dele. Eu lembro que percebi ele só no segundo dia de aula”, afirma Gabrielly.
Nesse dia eles se falaram pela primeira vez. Ou melhor, os personagens. De um lado, uma encantadora “mestre” na arte da sedução. “Ela interpretou uma garota de programa, que tentou me seduzir. Mas não dei muito certo não, a sedução ‘estava miada [fraca]’. Não me convenceu o personagem, prefiro ela do jeito que é”, declarou Caique.
Se a química não rolou no palco, por trás das coxias não faltou afinação entre os jovens. Gabrielly, Caique e o amigo Marlon viveram uma espécie de releitura dos “três mosqueteiros” e não se desgrudavam. Cinema, teatro, ensaios na casa da jovem, tudo eles faziam juntos.
“Enquanto a gente era amigo, ele me apresentava a fé dele, falava de Deus pra mim. No que eu acreditava e eu fiquei interessada. A gente ficava 2 horas conversando pelo celular”, disse Gabrielly.
Apesar da torcida ser grande para que os jovens enxergassem o óbvio, o início do namoro se estendeu por muitos encontros. “Eu não tinha nenhuma segunda intenção com ele, nenhuma. Eu dizia que era profissional. Quando ele vinha pra cá pra casa, minha mãe e minha prima até achavam que ia ter alguma coisa entre a gente. Mas eu dizia não, ele trabalhava comigo. Ele também dizia que não tinha interesse por mim”, garantiu a estudante.
Primeiro beijo
Até o dia em que uma suposta “virose” resolveu dar aquela forcinha. “No dia do aniversário dele, de 20 anos, marcamos para ir ao cinema, eu, ele e Marlon. Não foi nada programado ele [Marlon] simplesmente desmarcou, mas jurou que não tinha nenhuma segunda intenção”, garantiu a moça.
Caique acredita em outra versão. “Ela deu um jeito de fazer o Marlon desmarcar. Nem sei a desculpa que ele deu na época”, revelou Caique.
Então, quase duas horas de filme depois, alguém colocou a coragem em jogo. “Eu beijei ele. Já tava chegando perto do final do filme e eu pensava ‘gente ele não vai me beijar’. Estávamos abraçados. Depois do cinema ele quis segurar na minha mão, mandou mensagem pra mim, mostrou-se interessado”, disse.
Após o primeiro beijo, e algumas boas experiências frequentando a igreja do namorado, que é evangélico, Gabrielly – de uma família católica não praticante - se converteu.
Seguiram-se então 365 dias de uma relação “dita normal”. Com direito a pedido oficial de namoro, abraço, selinho e beijo. Até que uma revelação divina mudou a vida do casal que optou guardar o sexo somente para depois do casamento.
Diferente de Caique, Gabrielly já tinha tido uma experiência sexual. Mas, o casal queria guardar esta experiência para depois da confirmação oficiais dos votos.
“Pelo fato da gente ser cristão, a gente guarda o sexo para o casamento. Nunca tivemos relação. Só que ele é virgem e eu não sou. E estamos trabalhando isso durante esse tempo e nunca aconteceu nada. A gente tem tentado manter a nossa santidade”, disse Gabrielly.
A namorada também se dedica aos estudos e a palavra de Deus, para mudar o foco. “Mas tudo com cuidado, porque antes não sabíamos os nossos limites e agora já temos esse auto conhecimento. A gente é muito claro um com outro, tem dias que fica difícil. A gente abre o jogo”, disse a jovem.
Vontade de Deus
Em tempos que gritam pelo respeito a liberdade de escolha, a orientação sexual e as diferentes identidades de gêneros, você pode estar achando estranhando a postura “old school” dos jovens. Mas para eles, é tudo muito simples e perpassa pelo que acreditam ser a vontade de Deus.
“É aquilo que a gente acredita. A gente acredita muito na bíblia, muito em Deus. A gente sabe que a vontade de Deus é boa, prefeita e agradável pra gente. A vontade original de Deus para todas as pessoas em geral. A Bíblia fala sobre isso, e fala que não mudou. O que era há dois mil anos atrás vale mesmo para sociedade de hoje que está tão diferente. Ele [Deus] que criou o sexo, o sexo não é uma coisa imunda. Ele deu de presente pra gente, mas ele deu de presente dentro do casamento. A Bíblia fala sobre isso”, acredita Gabrielly.
Para manter uma relação desta natureza a confiança e o respeito tem sido a base. “ O segredo do nosso relacionamento é a comunicação. A gente fala tudo um pro outro, coisa que a gente sente de bom ou ruim. Eu me abro totalmente pra ela, assim como ela se abre totalmente pra mim”, disse Caique. G1



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