O pequeno Enzo foi um gigante falando palavras de força para
sua mãe no tratamento contra um câncer que deixou Naiana gravemente doente.
Depois de pouco mais de um ano de tratamento, ela veio a falecer, em Belém
(PA), onde a família mora.
Naiana teve câncer de pulmão e as células cancerígenas,
chamadas de metástases, espalharam-se para outras partes do seu corpo. Mas
levou um tempo até descobrir a origem das dores nos ossos. Somente após um
exame chamado cintilografia óssea é que Felipe, marido de Naiana, descobriu a
causa.
O exame de imagem apontou metástase óssea: uma
hiperconcentração do radiofármaco, em grau avançado, na coluna vertebral,
ombros, na bacia e em outras regiões do corpo. Nesse meio tempo, Naiana também
teve uma pneumonia.
O médico oncologista começou a pedir novos exames para
descobrir a origem do câncer e a encaminhar Naiana para especialistas: foi
feita uma biopsia da mama, desconfiou-se do intestino e “após algumas
negativas, desconfiamos do pulmão”. Em outubro de 2017, foi confirmado um
nódulo pulmonar.
Naiana não fumava e por isso o diagnóstico surpreendeu os
médicos e Felipe. 90% dos casos ocorrem entre homens fumantes e de idade
avançada, lembra Felipe. “Foi algo totalmente atípico. É por isso que não
desconfiaram do pulmão quando viram a metástase.”
Nessa fase da batalha contra a doença Nai teve perda
cognitiva, da fala e motora. Foi quando Enzo de fato percebeu que a mãe estava
doente.
“Desde o início, quando começaram as dores na coluna, pra
ele, a mamãe tinha dor na coluna. Ficou ali como se fosse um problema na
coluna. E como ela se enquadrou em uma quimioterapia bem avançada, via oral,
não teve tantos efeitos colaterais. Ela teve efeitos colaterais na
radioterapia. Mas da quimio ela não teve”, lembra Felipe.
Ele conta que Enzo foi muito parceiro da mãe durante todo seu
tratamento. “Só teve um dia, voltando da escola… Ele tava meio que irritado
‘não aguento mais! a mãe dos meus amigos, elas pegam eles no colo, brincam com
eles, minha mãe não faz nada disso’. Conversei com ele, expliquei que a mãe
estava passando por um tratamento. Enfim, foi a única vez. Nunca mais ele teve
esse tipo de reação.”
“A gente tratou mesmo até dezembro. A quimioterapia não
estava mais dando resultado. A Nai foi internada e ficou no tratamento
paliativo mesmo. Não estava mais combatendo o câncer, mas dando mais qualidade
de vida para ela, pra tirá-la do sofrimento.”
Naiana faleceu no último dia 24, uma perda enorme para
Felipe, Enzo, familiares e amigos. O velório aconteceu no dia seguinte e Enzo,
de apenas 6 anos, pediu para falar:
“A ideia que ele quis transmitir é que não são apenas os mais velhos que morrem, que tem que valorizar sua mãe enquanto ela tá viva… Ele meio que resumiu toda nossa história. Como eu costumo dizer, as pessoas vêm perguntar como que eu tô, eu falo ‘olha, tô com saudade’, mas com sentimento de dever cumprido, de não ter feito do diagnóstico uma certidão de óbito… E a gente viveu durante esse quase um ano e meio de tratamento. Viajamos, passeamos, curtimos em família, brincamos…”
E como o Enzo tá?
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