Quais são os sintomas da depressão? O que fazer quando seu filho
apresenta esses sintomas? Especialista conta mais sobre a doença
Os sintomas da depressão não são tão perceptíveis como os de
doenças físicas. Não é como uma ferida, ou uma febre. Os sintomas se escondem
nos detalhes, muitas vezes mudanças sutis e que escapam ao nosso olhar. Foi o
que aconteceu com Valentina (nome fictício).
Mãe de três filhos, Valentina é psicopedagoga. Ainda assim,
seu conhecimento sobre os sintomas da depressão não foi o
suficiente para identificar a manifestação da doença em sua filha do meio.
"Quando se trata de filho, a gente não aceita que tem. Só o do outro que
pode ter, o nosso não", conta a mãe.
Ana Carolina (nome fictício), filha de Valentina,
tentou suicídio aos 19 anos. Foi hospitalizada e teve de fazer
lavagem estomacal. Hoje, aos 21 anos, faz tratamento psicoterápico e
psiquiátrico, contando com apoio dos pais. A mãe ressalta que tem sempre de se
manter atenta às atitudes de Ana Carolina para tentar perceber quando a filha
passa por uma crise.
"Ela já é quieta, mas fica ainda mais. Percebo também
uma fuga, ela fica escondidinha. Mas não é fácil essa percepção", diz a
mãe. "Eu cuido de algo invisível".
Valentina acredita que a dificuldade de reconhecer a doença é
parte por receio da família, parte por despreparo. "Pai nunca quer que
isso aconteça com seu filho então, finge que não vê para não ter esse
sentimento", afirma. "E a sociedade não está preparada.
A mídia não aborda esse assunto. Os pais não estão preparados".
"Precisamos tomar todos os cuidados. É uma doença que,
sim, existe, e mata de dentro para fora", Valentina alerta.
Os sintomas
"O que está por trás de todo quadro depressivo é a tristeza ".
É o que afirma Lucia Marcondes, psicóloga com especialização
comportamental-cognitiva pela Universidade de São Paulo. Mas ela deixa claro
que "não há um único ponto para monitorar".
São muitos os sintomas associados que, isolados, não são
indicativos de depressão, mas que, somados à tristeza, compõem um quadro
depressivo. Os principais sintomas da depressão listados pela psicóloga
são:
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Tristeza
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Desmotivação
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Fadiga
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Apatia
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Indiferença
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Falta de apetite
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Insônia
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Dificuldade de concentração
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Indecisão
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Insegurança
Em um quadro mais grave da doença, o paciente pode apresentar
também os seguintes sintomas:
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Ideação suicída
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Pensamentos pessimistas
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Incapacidade de sentir alegria
Lúcia frisa que apresentar tais sintomas não significa que o
filho esteja doente. "Nem tudo é depressão. Há episódios situacionais, que
acontecem em virtude de algo momentâneo, como a morte de um bichinho, a
separação dos pais, e isso passa". A psicóloga lembra também que sempre
devemos estar atentos ao contexto.
Qualquer idade
E se engana quem pensa que depressão só se manifesta em
adolescentes ou adultos. Apesar de a doença incidir com menor frequência nessa
faixa etária, crianças a partir de quatro anos também podem apresentar o
distúrbio.
As crianças manifestam a doença de maneira diferente dos
adultos. "Ela fica mais quietinha, não se interessa mais no que
tinha interesse antes, fica grudada com a mãe ou com outra pessoa
de referência, chora excessivamente", explica Lúcia.
Meu filho tem depressão, e agora?
"As famílias não estão preparadas para lidar com
depressão", afirma a psicóloga. Um dos problemas na forma de tratamento é
como a família se porta ao reconhecer os sintomas da depressão; na tentativa de
ajudar, acabam agravando a doença.
"Frases como 'você tem que sair dessa', 'você tem que se
esforçar', 'você tem que sair dessa cama' só colocam o paciente ainda mais
em uma condição de cobrança", comenta a psicóloga .
"A doença já faz com que o paciente fique com a autoestima, a
autoconfiança, o autoconceito muito prejudicados. Junta a esse contexto a
cobrança do paciente e a decepção por ele não conseguir, pois se trata de uma
doença, e isso só leva a uma piora do quadro", ela conclui.
Após reconhecer os sintomas no filho, a orientação é buscar
ajuda de uma equipe disciplinar, com clínico geral, psicóloga,
psiquiatra e neurologista. Também é fundamental apoiar o paciente
como puder. "Se aproximar, perguntar para saber o que está
acontecendo e ver até que ponto esse filho consegue falar", a doutora recomenda.
Também ressalta: "os pais não têm que se culpar".
"Por mais que tentemos acessar, eles falam até os limites dele.
E nós temos que respeitar".
O cuidado de um filho com sintomas de depressão ou com a
doença é um processo árduo. A mãe Valentina ainda passa por altos e baixos, mas
reforça: "A aceitação de um filho com depressão vem com o
tempo e com a imensa vontade de que ele fique bem e feliz".
Fonte: Delas
- iG @ https://delas.ig.com.br/filhos/2016-09-28/sintomas-da-depressao-meu-filho-tem.html