Anderson da Silva Leite
responderá por homicídio doloso qualificado, por motivo fútil e uso de recurso
que impossibilitou a defesa da vítima
Investigadores da Polícia
Civil de Goiás (PCGO) indiciaram, nesta segunda-feira (09/09/2019), o estudante
Anderson da Silva Leite Monteiro (foto em destaque), 18 anos, por homicídio
doloso qualificado por motivo fútil e uso de recurso que impossibilitou a
defesa do professor Bruno Pires de Oliveira, 41. No mesmo dia, o Colégio
Estadual Machado de Assis (Cema), onde o docente lecionava, retomou as aulas,
após decretar a suspensão das atividades por cinco dias. O crime ocorreu em 30
de agosto, no município Águas Lindas (GO), Entorno do Distrito Federal.
A volta às aulas foi marcada
por ato em homenagem ao professor assassinado. O clima era de tristeza pela
perda do educador, considerado muito querido na comunidade. O evento contou,
ainda, com a presença de estudantes da escola Céu Azul, localizada em
Valparaíso (GO). O colégio também passou por um episódio traumático, após um
aluno assassinar o coordenador da instituição, Júlio Cesar Barroso de Sousa.
Ao Metrópoles, a Prefeitura de
Águas Lindas (GO) informou que, desde a tragédia, os docentes colegas de Bruno
têm sido assistidos por psicólogos. Os alunos também receberão apoio
terapêutico. Segundo o órgão, a escola não deve receber reforço na segurança e
policiamento da região.
As atividades haviam sido
suspensas pela Secretaria de Educação do município. A decisão atingiu toda a
rede estadual de ensino, formada por 19 escolas, onde estão matriculados cerca
de 17 mil estudantes.
Luto decretado após o crime |
Prisioneiros não aceitam
Anderson foi preso pela
Polícia Militar de Goiás (PMGO) um dia após o assassinato. Ele tentava se
esconder em uma fazenda de parentes na cidade de Nova Roma (GO). O estudante
chegou a ser encaminhado para cadeia pública de Águas Lindas (GO), mas precisou
ser transferido por “não ter sido aceito pelos detentos”.
Desde então, o rapaz segue
isolado em uma cela do presídio de Valparaíso (GO). “Tivemos que realocá-lo em
decorrência da instabilidade no presídio. Os presos não aceitaram o crime
praticado por ele. Por isso, mudamos o Anderson de local, por questão de
segurança”.
Premeditação
A PCGO acredita que o
estudante tenha premeditado o crime. Segundo os investigadores, o jovem teria
trocado de faca antes de matar o professor. A revelação derruba a principal
linha de defesa do suspeito até o momento: a de que ele queria dar apenas um susto
no docente. Anderson da Silva Leite Moreno teria se equipado com a arma branca
e seguido para o Cema. Um colega o viu e o desarmou.
Irritado, foi à casa de outro
amigo e pediu uma faca emprestada, com o argumento de que precisava fazer um
trabalho na roça. Com o instrumento, desferiu um único golpe no abdômen de
Bruno. De acordo com o delegado Cléber Junio, da regional de Águas Lindas e
titular do Grupo de Investigação de Homicídios (GIH), tais narrativas indicam
premeditação.
“Coisa do capeta”
Dois dias após o crime, ainda
em choque, o pai do assassino tentava encontrar explicações para a barbárie
cometida pelo filho. “O sentimento que tenho é de que ele foi influenciado. Não
sei por quem, mas foi coisa do capeta”, acredita Eduardo Monteiro, 60.
De acordo com o delegado,
Anderson confessou a autoria do crime e alegou que queria dar um susto no
professor. Com isso, cortou a barriga de Bruno. Porém, a faca acabou perfurando
o abdômen da vítima de forma fatal.
Anderson teria dito, ainda,
que foi conversar com Bruno Pires e pedir uma chance de ser reintegrado ao
programa Mais Educação. Na versão do estudante, o docente teria chamado o jovem
de “vacilão”, ocasião em que sacou a faca da cintura e desferiu o golpe contra
o educador.
Sem passagens
Como Anderson não apresentou
advogado, o caso será comunicado à Assistência Jurídica da Comarca de Águas
Lindas. A PCGO informou que o estudante não tem passagens policiais.
O jovem teve a prisão
preventiva decretada pela Justiça de Goiás em 31 de agosto e, por isso, não
será necessário passar por audiência de custódia. Após esfaquear Bruno,
Anderson fugiu, mas foi detido um dia depois do crime, em Nova Roma, na região
de Posse, ao norte de Goiás. A propriedade é de um tio de criação do estudante.
Uma denúncia anônima levou a Polícia Militar do estado à fazenda em que ele
estava escondido.
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