Do UOL - Nervos à flor da pele
e falta de atenção podem ser sinais de dívida. E quem está cobrando é o seu
sono. É verdade que uma única noite mal dormida pode ser recuperada na noite
seguinte. O problema é quando isso não ocorre e as horas a menos de sono vão se
acumulando.
O resultado da falta do
descanso necessário para o nosso corpo é uma série de problemas de saúde.
Alguns efeitos são rapidamente notados, como o estresse. A falta de sono produz
consequências, muitas delas graves, em todo nosso organismo.
O grande problema é privação
crônica de sono, que se estende por dias, meses e anos. Estudos mostram que
problemas físicos, mentais e emocionais podem ocorrer em médio e longo prazo.”
Luciano Ribeiro, neurologista
e presidente da Associação Brasileira do Sono
Quem acorda cedo, vai dormir
tarde e espreme o tempo de sono no período que resta antes do despertador tocar
acaba em dívida com o travesseiro --o nome dado para isso é restrição de sono.
Quem mais sofre são os trabalhadores noturnos, que possuem o que é chamado de
privação de sono.
Dormir é um comportamento
fundamental para sobrevivência. Isso porque nosso corpo funciona de acordo com
os ritmos circadianos, regulados pelos momentos de vigília e de sono. É o nosso
relógio biológico. Quando começa a escurecer, a temperatura do nosso corpo
baixa, e a redução da luminosidade induz a produção de melatonina, hormônio que
prepara nosso sono.
Varar a madrugada e acordar
tarde – o famoso “trocar o dia pela noite” – também bagunça nosso relógio
biológico. Isso porque o sono durante o dia não possui a qualidade do sono da
noite. Assim, não conseguimos o tempo suficiente para o descanso do corpo promovido
pelo repouso e para a faxina da mente feita pelos sonhos.
"As pessoas acham que não
precisam dormir, e não dão valor ao sono como dão a outras coisas, como aos
exercícios físicos”, diz Cláudia Moreno, professora da Faculdade de Saúde
Pública da USP.
Quantas horas por noite?
“As pesquisas indicam que
dormir menos do que 5 h em média aumenta as chances de doenças
cardiovasculares”, afirma Lorenzi. Segundo ele, o efeito da falta de sono em um
ataque cardíaco não é imediato.
Contudo, é grande a frequência
de problemas cardíacos que surgem quando a pessoa esta passando por período de
noites mal dormidas. Um recente estudo feito na Alemanha mostrou que a privação
de sono sobrecarrega o coração.
A necessidade de sono varia
com a idade e de pessoa para pessoa. Bebês e adolescentes precisam dormir bem
mais do que adultos. E a regra de um mínimo de 8 horas de sono não é universal.
Em média, a quantidade de sono
ideal seria por volta de 7 horas.
“Algumas pessoas se sentem bem
com 6 horas de sono. Acordam sem sonolência, bem-dispostas, não sentem sono
durante o dia”, diz Moreno. Mas se não é esse seu caso, é porque deveria gastar
mais algumas horinhas na cama.
É possível saber se estamos
quites com nossos travesseiros verificando sintomas imediatos da falta de sono.
Cochilar com bastante facilidade quando se está lendo, assistindo à TV, em
reuniões ou no trânsito indicam nosso grau de sonolência. O Instituto do Sono
possui um teste on-line em que você pode verificar se precisa dormir mais.
Dor de cabeça, cansaço e
estresse são os problemas imediatos
As consequências mais agudas e
imediatas da falta de sono incluem mau humor e estresse.
“Quem dorme pouco fica mais
nervoso”, diz Lorenzi. Ele explica que isso ocorre porque o sistema nervoso
simpático, associado à descarga de adrenalina e ao estresse, acaba mais ativo
que o parassimpático, que promove o relaxamento. “A pessoa também pode sofrer
com dores de cabeça, cansaço ao longo do dia, sonolência em horário que deveria
estar acordada e atenta”, diz Moreno. Aí que mora o risco de consequências mais
graves da noite mal dormida. “Se a pessoa opera uma máquina, pode causar um
acidente”, diz a especialista.
Problemas cardiovasculares,
obesidade, envelhecimento são efeitos
Quem não dorme o necessário
costuma ter mais resfriados e gripes ao longo do ano. É o efeito da redução da
imunidade, que faz com que as pessoas fiquem mais suscetíveis a contrair
doenças. Problemas gastrointestinais também são males de quem dorme pouco.
“Sono é importante para muitas funções do nosso organismo, praticamente todas”,
diz Ribeiro.
A falta de sono também está
associada ao ganho de peso, segundo Lorenzi. “Quanto mais privada de sono a
pessoa é, maior a chance de sofrer de obesidade”, diz ele. O ganho de peso
deve-se a alterações nos ciclos hormonais e ao fato de nos alimentarmos de maneira
pior.
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Tópicos:
Saúde