Um aluno que fez faxina para
pagar o cursinho – e nas horas vagas estudava dentro do banheiro de um posto de
combustíveis – passou em Medicina na USP, Universidade de São Paulo.
Guilherme Nóbrega tem 19 anos
é de Santos, no litoral sul paulista.
Ele conta que a mãe é
frentista, então ele saía do colégio para ir até o posto, tomava um banho e
ficava estudando no banheiro durante várias horas.
“Passei quase metade do ano
estudando no banheiro”, disse em entrevista ao G1.
Sem dinheiro para pagar
cursinho, ele conseguiu uma bolsa da professora Eliane Limonti, de 38 anos. Em
troca, tinha que fazer faxina.
“Ela me deu uma bolsa e, em
troca, eu tinha que organizar as coisas, limpar as salas, passar um pano em
tudo, trocar o lixo e lavar os banheiros. Eu dependia daquilo para alcançar meu
sonho, então se tornaram coisas simples”, lembra.
“Na época, era colégio de
manhã, técnico de tarde e o cursinho de noite. Foi bem corrido”, relata.
Paixão pela medicina
Guilherme conta que se
apaixonou pela profissão porque ia sempre aos médicos com o pai, que tinha
hidrocefalia.
Depois, em 2018, a avó dele,
des 84 anos, teve um AVC e ficou desacordada por seis meses. O jovem passou
muitos dias a acompanhando no hospital. “Eu levava os livros e ficava com ela
estudando durante toda a noite”.
Três dias antes de Guilherme
fazer o Enem, a avó dele faleceu.
“Fui prestar o vestibular
acreditando que ela estava olhando por mim”, conta.
Aprovado
No fim de janeiro, após se
inscrever pelo SISU, Guilherme soube que tinha passado em medicina na
Universidade Federal do Paraná (UFPR), avaliada entre uma das 10 melhores
instituições do país.
Mas após se inscrever na USP
de Ribeirão Preto, e acompanhar a lista diariamente, ele viu seu nome em quarto
lugar dos aprovados em medicina, entre apenas quatro vagas disponíveis para
cotistas.
“Senti como se eu tivesse
ganho na loteria”, brinca. “Meus pais ficaram muito felizes. Foi emocionante
ver que a batalha deles valeu a pena e saber que poderei fazer a diferença na
vida das pessoas”, disse.
Quando soube que passou na
USP, o jovem conta que a primeira coisa que fez foi entrar em contato com o
menino que estava como primeiro na lista de espera da UFPR para avisá-lo que a
vaga era dele.
“Eu falei parabéns, você vai
fazer medicina na UFPR e ele ficou muito feliz. Me coloquei no lugar, imaginei
o quanto ele gostaria de saber que o sonho dele seria possível”.
Com informações do G1
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