Em artigo publicado pelo
site Market Watch, Nouriel Roubini fala quais são as 10 tendências que farão
dessa uma 'década de desespero'
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Getty Imagens
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Valor Investe - O economista Nouriel
Roubini, que ficou famoso por prever que a crise financeira de 2008 aconteceria,
afirma que a "Grande Depressão" dos anos 2020 está por vir. Em um
artigo publicado pelo site Market Watch, ele elenca as 10 tendências que
evidenciam que essa será uma década difícil. Veja quais são elas.
1) Aumento
do endividamento e inadimplência
Segundo o economista, a
resposta política à crise da covid-19 requer um aumento dos déficits fiscais
dos países em uma ordem de 10% do PIB ou mais. E isso acontece em um momento em
que os níveis da dívida pública em muitos países "já eram altos, se não insustentáveis".
No artigo, Roubini diz que
"os líderes populistas geralmente se beneficiam da fraqueza econômica,
desemprego em massa e crescente desigualdade. Sob condições de maior
insegurança econômica, haverá um forte impulso de bode expiatório de estrangeiros
para a crise".
Ele ainda afirma que a
perda de renda para muitas famílias e empresas pode gerar uma inadimplência em
massa, já que eles não terão dinheiro para pagar suas dívidas.
2) Problemas
demográficos
Para Roubini, a crise do
coronavírus mostra a importância de destinar mais gastos públicos aos sistemas
de saúde. Aliado a isso, ele avalia que a maioria dos países desenvolvidos têm
problemas demográficos, com "sociedades envelhecidas".
Portanto, o
"financiamento" dessas despesas com saúde aumentará ainda mais as
dívidas implícitas dos atuais sistemas de assistência médica e de seguridade
social, já que a população economicamente ativa (e pagadora de impostos) está
ficando menor em relação à população que precisa de assistência (os idosos).
3) Risco de
deflação
Para o economista, além de
causar uma profunda recessão, a crise do coronavírus também está criando uma
"folga" na produção de bens e criando desemprego (além de provocar um
colapso dos preços de commodities, como petróleo e metais industriais, cuja
demanda diminuiu). Segundo Roubini, isso torna "provável a deflação da
dívida, aumentando o risco de insolvência".
4) Risco
para a política monetária
Para Roubini, à medida que
os bancos centrais tentam combater a deflação e evitar o risco de aumento das
taxas de juros, as políticas monetárias se tornarão "ainda mais não
convencionais e de longo alcance".
Isso significa que, no
curto prazo, os governos precisarão executar déficits fiscais para evitar
depressão e deflação. "No entanto, com o tempo, os choques permanentes da
oferta negativa da 'desglobalização' acelerada e do protecionismo renovado
tornarão a estagflação praticamente inevitável", afirma o economista no
artigo.
5) Crise nos
empregos
O economista afirma que
com milhões de pessoas perdendo seus empregos ou tendo sua renda diminuída, as
diferenças de "renda" e "riqueza" da economia do século XXI
se ampliarão ainda mais.
Para ele, as empresas de
economias avançadas repassarão a produção de regiões de baixo custo para
mercados domésticos de alto custo, a fim de se proteger de eventuais riscos.
"Mas, em vez de
ajudar os trabalhadores em casa, essa tendência acelerará o ritmo da automação,
pressionando os salários para baixo e abanando ainda mais as chamas do
populismo, nacionalismo e xenofobia", afirma.
6)
'Desglobalização'
A pandemia está acelerando
as tendências de "desglobalização", segundo o economista. "Os
Estados Unidos e a China se dissociarão mais rapidamente, e a maioria dos
países responderá adotando políticas ainda mais protecionistas para proteger
empresas e trabalhadores domésticos de rupturas globais", afirma.
Para ele, o mundo
pós-pandemia "será marcado por restrições mais rígidas ao movimento de
bens, serviços, capital, trabalho, tecnologia, dados e informações".
7)
Restrições de imigração e comércio
Segundo Roubini, os
líderes populistas geralmente "se beneficiam da fraqueza econômica,
desemprego em massa e crescente desigualdade". Então, em condições de
maior insegurança econômica, haverá um forte impulso de bode expiatório de
estrangeiros e de comércio para a crise.
8) Tensões
entre EUA e China
"Com o governo Trump
fazendo todos os esforços para culpar a China pela pandemia, o regime do
presidente chinês Xi Jinping dobrará sua alegação de que os EUA estão
conspirando para impedir a ascensão pacífica da China", afirma Roubini no
artigo.
Para ele, a dissociação
dos países no comércio, tecnologia, investimento, dados e acordos monetários se
intensificará.
9)
Distanciamento dos demais países
Para Roubini, não é só a
tensão entre China e Estados Unidos que vai se intensificar. Isso deve
acontecer também com outros países. Para ele, "esse rompimento diplomático
preparará o terreno para uma nova guerra fria entre os EUA e seus rivais - não
apenas a China, mas também a Rússia, o Irã e a Coréia do Norte".
10) Novas
pandemias
"Com a eleição
presidencial dos EUA se aproximando, há todos os motivos para esperar um
aumento na guerra cibernética clandestina, potencialmente levando até a
confrontos militares convencionais. E como a tecnologia é a arma principal na
luta pelo controle das indústrias do futuro e no combate às pandemias, o setor
de tecnologia privada dos EUA se tornará cada vez mais integrado ao complexo
industrial nacional de segurança", afirma.
Para o economista, as
epidemias recorrentes são, como as mudanças climáticas, "essencialmente
desastres causados pelo homem, nascidos de maus padrões sanitários e de
saúde, o abuso de recursos naturais".
Por isso, ele acredita que
"as pandemias e os muitos sintomas mórbidos das mudanças climáticas se
tornarão mais frequentes, severos e onerosos nos próximos anos".
Enfim,
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