O
oncologista Nelson Teich, novo ministro da Saúde: esqueçam o que eu escrevi
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UOL - Acabou a novela. Foram mais de trinta dias de embate público entre o presidente da República e o ministro da Saúde - uma sucessão de pronunciamentos belicosos, coletivas copiosas, provocações e sapatadas de lado a lado.
Luiz Henrique Mandetta
está fora.
A questão que importa
agora: ao demitir Mandetta e escolher Nelson Teich, Bolsonaro
"livrou-se" de um problema para contratar outro igual?
O substituto de Mandetta
na pasta da Saúde, Nelson Teich, já se declarou publicamente contra o
isolamento vertical. O oncologista carioca também se diz a favor do
monitoramento da população por meio dos celulares como forma de ajudar no
combate à pandemia.
São duas posições
incompatíveis com as do presidente da República.
Até as estátuas da
Esplanada dos Ministérios sabem que Bolsonaro é contra a permanência da
população em casa e o fechamento das lojas, escolas e indústrias.
Mais que isso: Bolsonaro
também é contra o uso de dados de geolocalização do celular para traçar
políticas de enfrentamento do coronavírus. O plano de usar dados de celulares
para monitorar o deslocamento das pessoas durante a pandemia já estava pronto e
amarrado com quatro operadoras de telefonia celular, mas foi abortado na última
hora por ordem do ex-capitão, conforme anunciou há três dias um constrangido
Marcos Pontes, ministro da Ciência e Tecnologia.
Isso quer dizer que o novo
ministro da Saúde irá repetir o velho ministro da Saúde e contrariar Bolsonaro
nas questões que são fundamentais para ele?
Não.
Antes de decidir por
Nelson Teich, Bolsonaro recebeu tudo o que o médico escreveu sobre a pandemia.
Recebeu também
sinalizações de que Teich aceitaria "conversar".
E depois da conversarem,
presidente e médico chegaram a um acordo.
O novo ministro vai
implementar "paulatinamente" as medidas defendidas por Bolsonaro
-tanto as que dizem respeito às recomendações de afrouxamento do isolamento
(que agora não poderão passar de "recomendações", diante da decisão de
ontem do STF, de reconhecer a autoridade dos governadores nessa questão) quanto
as referentes à ampliação do uso da cloroquina. Bolsonaro, por seu lado, irá
ceder em aspectos do monitoramento via dados de geolocalização por celular.
Nada disso, no entanto,
será feito de forma brusca. Não vai haver cavalo de pau. "Para não
assustar", como diz um assessor militar palaciano.
As recomendações para
suspensão do isolamento vão começar pelo setor produtivo, diz o assessor.
Escolas, bares e restaurantes podem esperar.
A cloroquina não passará a
ser receitada indiscriminadamente e a partir de agora, mas o novo ministro
"vai possibilitar que o remédio seja testado, com acompanhamento
médico".
Vai funcionar?
Bolsonaro e assessores
acham que sim.
Pelo menos até que comece
a troca de sapatadas.
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