Pesquisas na França e na
China apontam que os fumantes de cigarro estão menos sujeitos a desenvolver
sintomas da covid-19. A nicotina é a suspeita
Exame - Entre os inúmeros
estudos em curso tentando mapear a penetração do coronavírus em diferentes
estratos da população, um em específico tem chamado a atenção — pesquisadores
franceses mapearam que um percentual pequeno dos doentes são fumantes. Um
quarto dos adultos franceses fumam, mas apenas 8,5% de 11.000 pacientes
internados em hospitais parisienses são fumantes.
A estatística corrobora
outra pesquisa, feita na China e publicada no fim de março pelo New England
Journal of Medicine, que mostra que apenas 12,6% de 1.099 doentes eram
fumantes, ante uma média de 28% da população adulta da China. É sinal de que,
de alguma forma, o cigarro é uma proteção contra a covid-19?
Para os pesquisadores
franceses, a resposta é sim. O motivo tem intrigado médicos por ser inédito nas
pesquisas de saúde feitas com doenças respiratórias. Os fumantes, segundo a
pesquisa, são tão suscetíveis a contrair o vírus quanto qualquer pessoa. Mas
fumantes infectados costumam ter menos sintomas graves a ponto de dar entrada
em hospitais. O estudo tem um resultado oposto de uma pesquisa publicada pelo
European Respiratory Journal, que mostra que fumantes correm mais risco de vida
pelo novo coronavírus.
Reportagem da revista
Economist sugere que o mais provável é que a nicotina tenha algum efeito contra
o coronavírus. Para evitar uma corrida pela nicotina, o governo francês chegou
a suspender a venda online da substância no dia 24, além de limitar as vendas
em farmácias. Agora, os autores do estudo, que incluem a prestigiosa
universidade Sorbonne e o não menos renomado Instituto Pasteur, vão oferecer
nicotina a grupos controlados de doentes.
A nicotina,
reconhecidamente danosa, pode proteger os fumantes por envolver membranas
celulares e evitar o ataque do vírus invasor. Também pode suavizar inflamações,
uma característica já conhecida da substância.
Entre os vários outros
tratamentos em andamento o mais promissor é o feito com o remédio Remdesivir,
usado para tratar doenças como o ebola. A pesquisa pela vacina mais avançada
parece ser a coordenada pela Universidade Oxford, no Reino Unido, com distribuição
prevista para meados de 2021, se tudo sair conforme o previsto.
A preocupação do governo
francês é que os dados iniciais do estudo levem a uma corrida pelo cigarro, o
que seria uma consequência surrealista da pandemia que já fez 3 milhões de
vítimas pelo mundo. O novo estudo deve trazer respostas em três semanas.
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