Executivos de
farmacêuticas apontam o desafio de produção e logística da vacina; estima-se
que serão necessárias 15 bilhões de doses, e podem faltar até frascos de vidro
para armazená-las
Executivos de empresas
farmacêuticas disseram nesta quinta-feira (28) que uma ou várias vacinas contra
a Covid-19 podem começar a ser lançadas antes de 2021, mas alertaram que os
desafios podem ser “assustadores”, pois estima-se que sejam necessárias 15
bilhões de doses para interromper a pandemia.
“Se tudo correr bem e as
estrelas estiverem alinhadas, teremos evidências suficientes de segurança e
eficácia para que possamos tomar uma vacina (contra a Covid-19) no final de
outubro”, disse o CEO da Pfizer, Albert Bourla.
Bourla foi um dos executivos
que participaram da reunião virtual de grandes farmacêuticas organizada pela
Federação Internacional de Fabricantes e Associações Farmacêuticas (IFPMA, na
sigla em inglês), nesta quinta-feira.
Corrida
contra o tempo
Atualmente, mais de cem laboratórios ao redor do mundo estão se esforçando para criar uma vacina contra o novo coronavírus. Dez chegaram à fase de testes clínicos em humanos, entre eles a própria Pfizer, que se uniu à empresa alemã Biontech para desenvolver possíveis vacinas contra a Covid-19 na Europa e nos Estados Unidos.
“A esperança de muitas
pessoas é que tenhamos uma vacina, espero que várias, até o fim deste ano”,
disse Pascal Soriot, chefe da AstraZeneca, que, em parceria com a Universidade
de Oxford, também trabalha em outra candidata a vacina contra o novo
coronavírus, já em fase de testes no Reino Unido.
Desafio: 15
bilhões de doses
O diretor da IFPMA, Thomas
Cueni, apontou estimativas de que o mundo precisará de cerca de 15 bilhões de
doses para interromper o avanço do coronavírus, colocando enormes desafios
tanto de produção como de logística. “Não teremos quantidades suficientes desde
o primeiro dia, mesmo com os melhores esforços”, disse Cueni.
Segundo os executivos,
outro obstáculo poderá ser a falta de frascos de vidro para armazenar as doses.
“Não existem frascos suficientes no mundo”, disse o CEO da AstraZeneca. Já se
cogita até a possibilidade de dispor várias doses em um único frasco.
Paul Stoffels,
vice-presidente e diretor científico da Johnson&Johnson, disse que, se
forem necessárias 15 bilhões de doses, será preciso que haja várias vacinas
diferentes contra a Covid-19 para satisfazer a demanda mundial.