G1 - Informação falsa tem
viralizado na esteira dos protestos pelo assassinato cometido por um policial
branco. Caso, porém, ocorreu em 2019 e não tem nenhuma relação com as
manifestações atuais. Além disso, homem não era integrante da polícia federal
americana.
Em meio aos protestos nos
Estados Unidos contra o assassinato de George Floyd, na cidade de Minneapolis,
e o racismo estrutural no país, um vídeo tem viralizado nas redes sociais
mostrando um homem negro sendo detido. Legendas afirmam que, após a prisão, a
polícia descobriu que ele era um agente do FBI. É #FAKE.
As legendas sugerem que o
homem foi preso durante os protestos dos últimos dias em Minneapolis – e que
tomaram outras cidades dos EUA. Só que o vídeo é antigo. Ele foi feito em 2019.
E embora o vídeo tenha sido feito no mesmo estado em que Floyd foi morto,
Minnesota, o caso ocorreu em outra cidade: Rochester, distante 140 km de
Minneapolis. As imagens, portanto, não têm nenhuma relação com os atos contra a
desigualdade racial na sociedade norte-americana e a asfixia de Floyd pelo
policial Derek Chauvin, ocorrida no dia 25 de maio.
Outra afirmação falsa é a
de que o homem que aparece sendo detido seja um agente do FBI, a polícia
federal dos EUA. Diante da viralização das imagens mundo afora, a polícia da
cidade de Rochester soltou um comunicado na tarde desta segunda (1º)
desmentindo as informações difundidas.
No texto, o departamento
policial explica que o vídeo, compartilhado nas redes sociais, mostra uma
ocorrência que aconteceu na madrugada de 1º de junho de 2019, ou seja, há
exatamente um ano.
O comunicado confirma ter
se tratado de uma ocorrência registrada por policiais de Rochester. “Os
policiais foram designados para trabalhar na área de entretenimento do centro
da cidade. Eles acreditaram ter reconhecido uma pessoa contra a qual havia um
mandado de prisão por agressão. O indivíduo tinha aproximadamente a mesma
altura, peso e idade daquele do mandado. Os policiais abordaram o homem e
perguntaram o nome dele. O indivíduo não cooperou na identificação. Os
policiais entenderam que havia uma suspeita razoável para detê-lo”, afirma o
texto.
O comunicado continua:
"Durante a breve detenção, foi localizada a identificação, mostrando que
ele não era o indivíduo em questão, e ele foi imediatamente liberado. Ao
contrário dos rumores nas redes sociais, o indivíduo não era um agente do
FBI".
O chefe da polícia, Jim Franklin,
diz, no comunicado: “Embora nem sempre façamos as coisas corretamente, o
departamento de polícia de Rochester é uma agência dedicada à melhoria
contínua”.
O texto diz ainda que “o
prefeito Kim Norton e o chefe Franklin estão comprometidos em trabalhar com
líderes comunitários e organizações nos próximos dias, semanas e meses para
ouvir suas recomendações e insights sobre como continuar a identificar oportunidades
significativas de mudanças e melhorias”.
As legendas do vídeo que
está circulando no Brasil afirmam se tratar de mais um caso de racismo nos EUA,
porque o homem era negro e os policiais, brancos – como na ocorrência que
terminou com a morte de George Floyd. A questão do preconceito racial não é
abordada de forma explícita no comunicado da polícia de Rochester.
O assassinato de Floyd, no
meio da rua, chocou os EUA e o mundo pela extrema crueldade e por se somar a
uma série de crimes cometidos pela polícia contra pessoas negras. O policial
Chauvin foi filmado por transeuntes pressionando o pescoço de Floyd com o
joelho contra o asfalto por quase nove minutos, sendo que nos últimos 2 minutos
e 53 segundos ele estava desacordado.
As pessoas que passavam e filmavam a cena clamaram pela vida de Floyd, que disse a Chauvin: “Eu não estou conseguindo respirar” e “Não me mate”. O policial, porém, não saiu de cima dele. Floyd, que trabalhava como segurança, havia sido detido após o funcionário de uma mercearia chamar a polícia e acusar o homem de usar uma nota falsa de US$ 20 para pagar por compras.
Veja o vídeo abaixo;
Policiais algemaram um cara negro sem olhar seus documentos.
— Mussum Alive (@MussumAlive) June 1, 2020
Em seguida descobriram que era um agente do FBI
É engraçado, mas fica a reflexão que é necessário estarmos em cargos mais altos que os brancos para sermos tratados com igualdade pic.twitter.com/2IVYLfADY1