Segundo o Senasa, há cerca de 70 anos que um grupo tão grande de insetos não se aproxima da região da fronteira da Argentina com Brasil e Uruguai
Foto: Hector Emilio Medina/ Reprodução Twitter
Com as temperaturas mais
elevada nesta quinta-feira, 9, na província de Corrientes, na Argentina, a
nuvem de gafanhotos que desde junho vem colocando em alerta autoridades e
produtores do país e do Brasil e Uruguai voltou a se deslocar. Os insetos
teriam voado por cerca de 10 quilômetros ao sudeste de onde estavam desde
domingo, 5, no interior do departamento de Curuzú Quatiá. O local fica a cerca
de 180 quilômetros de Uruguaiana, no Rio Grande do Sul.
Conforme o boletim
divulgado pelo Serviço Nacional de Sanidade e Qualidade Agroalimentar da
Argentina (Senasa), os gafanhotos decolaram por volta das 13 h da estância Che
Mbae, quando a temperatura estava entre 18 ºC e 20 ºC. Os técnicos do órgão
seguiram avistando a nuvem pela Ruta 24, em direção sul. Eles perderam contato
visual com os insetos antes de chegarem à Ruta 30, que corta a região no
sentido leste/oeste.
“A partir de informações
de uma moradora local, a estimativa é de que os gafanhotos tenham pousado no
final da tarde na região de Zarza Rincón. Isso embora uma primeira busca na
área não tenha dado em nada. Os trabalhos devem ser retomados na área na manhã
desta sextaa, 10”.
Lentidão
Os insetos haviam sido
localizados na quinta, 9, e estavam na mesma fazenda desde domingo,
provavelmente devido às baixas temperaturas na região no início da semana.
Conforme o doutor em entomologia Mauricio Paulo Batistella Pasini, da
Universidade de Cruz Alta (Unicruz), no Rio Grande do Sul, a temperatura ideal
para os insetos é a partir dos 15 ºC e eles se movem normalmente na direção do
vento.
Na fronteira gaúcha, o
fiscal agropecuário Juliano Ritter, da Secretaria de Agricultura do Estado,
explica que a temperatura entre Barra do Quaraí e Uruguaiana está parecida com
a de Curuzú Quatiá: entre 20 ºC e 21 ºC. Também adequada para os insetos. Porém,
com o vento desfavorável.
“Com temperatura mais
alta, normalmente temos vento norte mais forte (em direção sul). Pelo menos nos
próximos dias isso deve continuar assim”, destaca Ritter, que está encarregado
pelo governo gaúcho de monitorar as condições para o risco da entrada dos
gafanhotos no Brasil.
Voracidade
Os gafanhotos
sul-americanos (schistocerca cancellata) que estão em Corrientes vêm sendo
monitorados desde maio, quando voaram do Paraguai para a Argentina. Apesar de
nuvens de gafanhotos serem relativamente comuns na região na fronteira entre a
Bolívia, Paraguai e o norte da Argentina, há cerca de 70 anos um grupo tão
grande de insetos não descia até próximo à região da fronteira argentina com
Brasil e Uruguai.
A nuvem chegou a ter, em
voo, 10 quilômetros de comprimentos por três de largura. O que dá cerca de 400
milhões de gafanhotos, pelos cálculos do Senasa. Com a voracidade desse tipo de
inseto (que come plantações, pastagens e outros vegetais onde pousa), o grupo é
capaz de consumir, em um dia, lavouras que alimentariam 35 mil pessoas.
Os argentinos chegaram a
realizar duas operações aéreas contra os gafanhotos, nos dias 26 de junho e no
último dia 2. Em cada uma delas, a estimativa é de que se tenha eliminado 15%
da nuvem. Para uma operação, os técnicos precisam encontrar o local de pouso
dos insetos e fazer o levantamento de seu perímetro. A partir daí, os dados são
repassados para o operador de aviação agrícola, que faz a aplicação sobre os
gafanhotos pousados – no fim da tarde ou pela manhã, antes que decolem
novamente.
Com informações Canal Rural.