Perda de direitos seria principal motivador da
paralisação por tempo indeterminado; trabalhadores relatam cortes de planos de
saúde
Jorge Hely/Agência O Globo Bancários da Caixa ameaçam greve nacional
por corte de planos de saúde e outros direitos |
Em meio à greve nacional dos Correios, decretada na
noite de segunda-feira (17), os bancários da Caixa Econômica Federal também
podem iniciar movimento grevista na próxima semana. Segundo a Federação
Nacional das Associações do Pessoal da Caixa Econômica Federal (Fenae), o banco
público cortou direitos de funcionários na pandemia, inclusive planos de saúde
de trabalhadores que estão na linha de frente do atendimento presencial
emergencial, que inclui, por exemplo, o auxílio emergencial de R$ 600 , pago a
um terço dos brasileiros , mostram os números oficiais.
Com risco de início de greve na próxima semana, os bancários da Caixa Econômica Federal vão
trabalhar neste sábado (22 em mais de 770 agências pelo Brasil durante mais um
final de semana de atendimento aos beneficiários do auxílio e também da
liberação do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) emergencial. Para
diminuir aglomerações nas agências e facilitar a liberação dos recursos aos
brasileiros, a estatal vem escalonando os pagamentos e abrindo as agências aos
sábados.
A Fenae lembra que isso ocorre desde março, mês marcado
pelo início dos efeitos da pandemia no País. Os trabalhadores, expostos,
relatam cortes em plena crise, o que seria a principal razão da greve dos
bancários.
"Mesmo com todo o empenho dos bancários para
garantir a prestação de serviços essenciais à população — colocando em risco a
saúde e a vida deles e de seus familiares — o governo federal quer acabar com
direitos históricos conquistados pelos trabalhadores", aponta o presidente
da Fenae, Sérgio Takemoto.
"A responsabilidade da possível greve dos
bancários da Caixa e das demais instituições financeiras é do governo Bolsonaro
e dos bancos, que estão alinhados para rebaixar e retirar direitos dos
trabalhadores ", aponta Takemoto.
O presidente da Fenae cita ainda que "nunca
iniciamos uma campanha salarial com uma proposta tão rebaixada. Não vamos
aceitar nenhum direito a menos", garante.
Takemoto diz que uma das principais perdas aos
bancários da Caixa é uma suposta tentativa da direção do banco de inviabilizar
o plano de saúde dos empregados. A instituição propõe alterações no modelo de
custeio do Saúde Caixa, o que, segundo a Fenae, vai aumentar o custo para todos
os usuários.
"Em um momento de pandemia e com os empregados da
Caixa na linha de frente do atendimento e expostos aos riscos de contágio, o
banco quer restringir o acesso a esse direito básico sob a falsa alegação de
que a intenção é manter a sustentabilidade do plano de saúde", lamenta
Takemoto.
A Fenae lista que, entre os itens da proposta financeira
feita pela empresa,— além de "reajuste zero" no ano de 2021, o que
poderá implicar queda de 2,65% nos salários por conta da inflação, os bancos
ainda pretendem reduzir a Participação nos Lucros e Resultados (PLR) dos
funcionários em quase metade (até 48%), retirar a 13ª cesta alimentação,
diminuir a gratificação de função (de 55% para 50%) e alterar direitos dos que
sofreram acidente de trabalho .
"Quase 70% das categorias trabalhistas fecharam,
este ano, acordos que tiveram aumento real ou reposição da inflação. No nosso
caso, estamos falando do setor que mais lucra no país: os bancos", explica
Juvandia Moreira, presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo
Financeiro (Contraf-CUT). Segundo ela, "é completamente inaceitável essa
proposta".
Os bancários já rejeitaram proposta feita pela
Federação Nacional dos Bancos (Fenaban) e uma nova negociação está marcada para
este sábado (22), às 11h. "A possibilidade de uma greve da categoria não
está descartada, caso os bancos insistam na retirada de direitos", garante
o presidente da Fenae.
Segundo Takemoto, assembleias dos bancários estão
agendadas para a próxima terça-feira (25), quando poderá haver possível
deliberação de greve da categoria.
Procurada pelo iG, a Caixa Econômica Federal não
retornou até a publicação desta reportagem.
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