Imagem: EVARISTO SA/AFP |
Jair Bolsonaro ganhou um presentão do Congresso Nacional
quando deputados e senadores rejeitaram sua proposta original de um auxílio
emergencial de R$ 200. Com o pagamento de R$ 600 mensais, a aprovação que ele
perdeu junto à classe média por conta de seu negacionismo homicida diante da
covid foi mais do que compensada com a dos trabalhadores informais
beneficiados.
Daí, o presidente se lambuzou em auxílio emergencial. Fez a
festa. Perdemos a conta do número de vezes que seu governo o vendeu como o
único pai da criança, deixando deputados e senadores em segundo plano.
Pesquisas de opinião mostram que a tática funcionou - sua popularidade subiu e
a do Congresso caiu.
Mirando a conquista da base lulista e a reeleição em 2022,
passou por cima de seu Posto Ipiranga. Começou a dar sinais de que via com bons
olhos a revisão da regra do teto de gastos públicos. O que pode garantir
recursos para obras públicas e anabolizar o Bolsa Família (média de R$ 190/mês
e 14,2 milhões de famílias atendidas) até virar o Renda Brasil (com R$ 300 e o
dobro desse contingente).
Cinco parcelas de R$ 600,00 depois, seu governo enviou uma
Medida Provisória ao Congresso para prorrogar o auxílio até o final do ano,
rebaixando-o para R$ 300. Como vale imediatamente após editada e tem vigência
de 120 dias, basta que ela não seja colocada em votação para cumprir seu papel.
Diz que não tem como continuar pagando os R$ 600 e conta com Centrão para
bloquear.
Gustavo Uribe e Daniel Carvalho, da Folha de S.Paulo, nesta
sexta (11), relatam que Bolsonaro iniciou uma ofensiva para evitar que o
auxílio seja votado e permaneça até o final do ano em R$ 300.
Parlamentares de oposição e centrais sindicais se
manifestaram repudiando a MP no dia em que ela foi editada. Tentam convencer
Rodrigo Maia a colocá-la em votação.
E, uma vez em votação, fica difícil para deputados do
Centrão votarem contra. Afinal, estamos em ano eleitoral e muitos deles são
candidatos às Prefeituras ou apoiam candidatos. Não querem ser questionados, em
meio à campanha, sobre a razão de terem apoiado o rebaixamento da ajuda que vem
garantindo um mínimo de dignidade a milhões de brasileiros e impedido uma
derrocada econômica ainda maior em meio à crise sanitária.
Jair Messias sabe, contudo, que seu futuro político depende
mais de um programa de transferência de renda parrudo do que do respeito às
balizas fiscais e da preocupação com o endividamento. Por mais que ele diga que
não há dinheiro para tanto, que o valor é pouco para quem recebe, mas muito
para quem paga, sabe que ficará novamente com os dividendos políticos se os R$
600 prevalecerem.
Não surpreenderia, portanto, se ele estivesse mais uma vez
encenando dois papéis ao mesmo tempo.
Um para o mercado e os liberais que o apoiam,
apresentando-se como responsável fiscal. Esse personagem chega ao ponto de
culpar o pagamento do auxílio pelo aumento no preço do arroz, como afirmou, em
uma live, nesta quinta (10).
E, outro, na surdina, pilhando secretamente parlamentares
da base aliada para saírem em defesa da prorrogação sem redução. Esse
personagem gosta de ser fotografado na saída de aeroportos, nos braços de
apoiadores, ao viajar o Brasil para inaugurar obras tocadas por gestões passadas.
E de ser considerado um novo "pai dos pobres", permitindo ao
bolsonarismo sonhar com um autoritarismo populista.
O presidente pode agir de forma tosca, mas bobo ele não é.
Com informações UOL.
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