Cruzamento de dados e mudança nas regras levaram a redução no número de beneficiários, diz Ministério da Cidadania. Para outros 3 milhões, Bolsa Família voltará a ser mais vantajoso.
O governo federal informou
nesta terça-feira (29) que cerca de 5,7 milhões de beneficiários do Auxílio
Emergencial que não fazem parte do Bolsa Família - e que receberam parcelas de
R$ 600 - não devem receber nenhuma das quatro parcelas "residuais",
de R$ 300 (R$ 600 no caso de mães de família), que começam a ser depositadas
nesta quarta (30).
Segundo o Ministério da
Cidadania, essa redução é motivada pelas regras mais restritas para a nova fase
do benefício, além de melhorias que foram feitas no cruzamento dos dados dos
cidadãos.
"Cerca de 5,7 milhões de
pessoas é a nossa estimativa ao final, até 31 de dezembro. Seriam pessoas que
deixariam de receber o auxílio extensão por evolução, vamos dizer assim, do
processo e do aprendizado que tivemos em relação a essa política pública",
disse o secretário-executivo do Ministério da Cidadania, Antônio José Barreto.
Além disso, as regras do
chamado Auxílio Emergencial Extensão preveem que as parcelas de R$ 300 serão
pagas apenas até o final do ano. Assim, apenas trabalhadores que começaram a
receber a ajuda em abril (que já receberam as 5 parcelas de R$ 600) terão direito
às 4 parcelas adicionais. Quem recebeu até agora 4 ou menos parcelas de R$ 600
vai receber também menos parcelas de R$ 300. E quem ainda não recebem nenhuma
parcela, vai receber apenas as 5 de R$ 600.
Novas regras
As regras para o auxílio
emergencial até dezembro, com menor valor, foram definidas em uma medida
provisória publicada em 3 de setembro. Nesta terça, a Caixa Econômica Federal
divulgou o calendário de pagamento, que varia com o nascimento do beneficiário
e a data em que ele recebeu a primeira parcela.
As regras definidas na medida
provisória retiram do auxílio, por exemplo, quem declarou patrimônio superior a
R$ 300 mil no Imposto de Renda 2019, ou rendimentos acima de valores
estabelecidos pelo governo. Os dependentes dessas pessoas também ficam fora das
novas parcelas.
"Patrimônio passou a ser um conceito que não tinha dentro da legislação anterior. As pessoas com patrimônio no Imposto de Renda acima de R$ 300 mil não fazia sentido, ela não era o público alvo para receber esse dinheiro", exemplificou Barreto.
Ao todo, 48 milhões de
beneficiários que não integravam o programa Bolsa Família receberam o auxílio
emergencial desde o início do programa, segundo dados da Caixa.
Deste grupo, 27 milhões de
pessoas receberão todas quatro parcelas da prorrogação do auxílio. Ou seja,
receberão todas as parcelas do programa apenas 56,25% dos beneficiários que
receberam auxílio até aqui.
De volta ao Bolsa Família
A vice-presidente de Governo
da Caixa, Tatiana Thomé, indicou que 3 milhões de beneficiários do Bolsa
Família também foram excluídos do auxílio emergencial.
Isso porque, para esse grupo,
o próprio Bolsa Família voltou a ser mais vantajoso. Em vez de receberem o
auxílio temporário, esses beneficiários voltaram para o programa permanente.
Essa estimativa indica que,
dos 19 milhões de beneficiários do Bolsa Família que tinham "migrado"
para o auxílio emergencial, 16 milhões seguirão recebendo essas parcelas de R$
300 até dezembro.
Regras restritas
Não vai receber as novas
parcelas o beneficiário que:
- Conseguiu emprego formal após o
recebimento do Auxílio Emergencial
- Recebeu benefício previdenciário,
seguro-desemprego ou programa de transferência de renda federal após o
recebimento de Auxílio Emergencial (exceto Bolsa Família)
- Tem renda mensal acima de meio salário
mínimo por pessoa e renda familiar mensal total acima de três salários
mínimos
- Mora no exterior
- Recebeu em 2019 rendimentos tributáveis
acima de R$ 28.559,70
- Tinha em 31 de dezembro de 2019 a posse ou
a propriedades de bens ou direitos no valor total superior a R$ 300 mil
reais
- No ano de 2019 recebeu rendimentos isentos
não tributáveis ou tributados exclusivamente na fonte cuja soma seja
superior a R$ 40 mil
- Tenha sido declarado como dependente no
Imposto de Renda de alguém que se enquadre nas hipóteses dos itens 5, 6 ou
7 acima
- Esteja preso em regime fechado
- Tenha menos de 18 anos, exceto em caso de
mães adolescentes
- Possua indicativo de óbito nas bases de
dados do governo federal
Demora na análise prejudicou
cidadãos
O secretário do Ministério da
Cidadania e o presidente da Caixa, Pedro Guimarães, foram questionados sobre o
prejuízo aos beneficiários que ficaram com cadastro pendente e, por isso, só
começaram a receber os R$ 600 bem depois de abril. Com isso, eles receberão
menos parcelas até dezembro.
Barreto disse que o governo
fez "o melhor que poderia fazer" com os dados, e que não faltou
esforço. Mas não comentou a situação de quem receberá auxílio menor.
"Se alguma coisa que a
gente fez pode ser vista como 'olha, vocês demoraram', eu queria olhar e dizer
o seguinte, para quem pagou 67,7 milhões de brasileiros, isso não é
demora", afirmou o secretário-executivo do Ministério da Cidadania.
"A pergunta é: existe
alguém no mundo que faria melhor do que a gente fez? Alguém no mundo foi mais
ágil do que a gente foi? Eu não conheço. [...] Nós não somos perfeitos, mas nós
não deixamos ninguém para trás", continuou Barreto.
Pedro Guimarães apontou que
muitos beneficiários cometeram erros no preenchimento de informações no
cadastro e que 40 milhões de pessoas fizeram o cadastro sem cumprir os
requisitos, o que teria atrasado o processamento.
“Além disso, cerca de 33
milhões de pessoas nunca tinha tido uma conta em banco. Para quem não tinha
essa familiaridade, realizar um cadastro era complicado”, declarou o presidente
da Caixa.
G1.
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