Antonio Barra Torres disse que, embora não tenha uma decisão sobre percentual da eficácia, órgão já admitiu vacinas anteriores com menos de 50%
O presidente Jair Bolsonaro e Antonio Barra Torres
Adriano Machado/Reuters - 22/10/2020 |
O Brasil terá uma vacina
aprovada e pronta para uso da população contra covid-19 entre janeiro e junho
do próximo ano, afirmou o diretor-presidente da Anvisa (Agência Nacional de
Vigilância Sanitária), Antonio Barra Torres, ao destacar que o órgão regulador
- embora não tenha uma decisão formada sobre o percentual da eficácia do futuro
imunizante - já admitiu vacinas anteriores com menos de 50%.
“Acredito, pelo que temos
observado, que o tempo para isso acontecer será em algum momento entre o primeiro
mês e o sexto mês de 2021, ou seja, no primeiro semestre de 2021. Por enquanto
é isso que acredito em face do que temos visto”, disse Barra Torres.
“Obviamente isso pode mudar,
eu espero que não, espero que fiquemos dentro desse período de tempo, mas é uma
estimativa que eu faço”, acrescentou. “Algumas pessoas são menos otimistas,
outras são até mais otimistas, acham que antes, eu acho que antes não é
possível, eu ficaria com alguma coisa entre janeiro e junho de 2021.”
O diretor-presidente da Anvisa
disse que há uma discussão mundial sobre o percentual da eficácia da vacina e
que, por ora, não há um consenso. Disse que a agência não definiu essa questão,
mas ressaltou que se está em uma situação “totalmente diferenciada” de
pandemia, com uma capacidade muito elevada de causar não só mortes mas sequelas
pós-cura.
Barra Torres afirmou que o
órgão já aceitou vacinas para a Influenza com percentual abaixo de 50%.
Blindagem
Na entrevista, o
diretor-presidente da Anvisa não quis entrar na contenda envolvendo autoridades
de Brasília e de São Paulo a respeito do eventual uso da vacina chinesa da
Sinovac, que será produzida pelo Instituto Butantan, para uso da população
brasileira.
Torres garantiu uma análise
técnica de todos os pedidos de imunizante que porventura forem apresentados ao
órgão regulador - no momento existem quatro em fase de testagem.
“A blindagem da Anvisa (sobre
discussões políticas) é a alta capacitação dos seus servidores e a profunda
dedicação desses mesmos servidores em encontrar as soluções adequadas para o
problema. Essa é a maior blindagem. E é claro, nós, os seus diretores, nós
somos cinco, nós não nos envolvemos com nenhuma questão política”, afirmou.
“Essas questões não nos
interessam e lamentamos que num momento como esse elas ganhem vulto perante a
imprensa e perante a sociedade porque na verdade o inimigo não é esse, o
inimigo é o vírus e ele precisa que nós estejamos unidos para combatê-lo. Então
aqui na agência nos mantemos focados no trabalho e lembrando que o nosso norte
é, sempre foi e sempre será a ciência”, acrescentou.
“Política para os políticos, a
César o que é de César e a Deus o que é de Deus”, completou.
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