Segundo fontes próximas a Bolsonaro, ele teria desistido do projeto, decidindo manter programa do governo Lula e incluir mais pessoas
Divulgação/Caixa Econômica Federal |
O presidente Jair Bolsonaro
deve desistir de criar o Renda Cidadã e optar por ampliar o Bolsa Família em
2021, como forma de minimizar o impacto do fim do auxílio emergencial, que deve
ocorrer em dezembro. As informações são do jornal O GLOBO.
De acordo com integrantes
do alto escalão do governo ouvidos pelo GLOBO, agora a ideia é
manter o Bolsa Família e incluir mais pessoas entre os
beneficiários do programa social. Atualmente, 14,2 milhões de famílias são
atendidas.
O governo estima que pelo
menos três milhões de famílias vão precisar continuar recebendo algum tipo de
assistência a partir de janeiro, quando já não há previsão de pagamentos
do auxílio emergencial. O benefício, concedido durante a pandemia
do novo coronavírus (Sars-CoV-2) de R$ 600 para R$ 300, atende mais de 67
milhões de pessoas e, até o fim do ano, terá um custo estimado em R$ 590
bilhões para o governo.
Antes do auxílio, 1,6 milhão
de famílias estavam na fila do Ministério da Cidadania esperando por algum tipo
de benefício. Desse total, 1,2 milhão entraram no Bolsa Família e 400 mil
passaram a ganhar o auxílio emergencial.
A equipe econômica esperava
criar o Renda Cidadã, tratado como 'novo Bolsa Família', ainda em
2020. O programa, que seria uma marca importante para Bolsonaro, incluiria
mais beneficiários e pagaria um valor maior que o atual Bolsa Família. No
entanto, para a proposta caber no Orçamento, o ministro da
Economia, Paulo Guedes, queria acabar com outros programas sociais,
como o abono salarial, para bancar o Renda Cidadã. A repercussão negativa fez o
governo buscar outras fontes de recursos e, após insucesso, desistir e caminhar
para a ampliação do Bolsa Família.
Renda Cidadã ou Bolsa Família?
Bolsonaro vetou
alterações em outros programas sociais. Parlamentares aliados decidiram seguir
com as discussões para não abandonar a proposta. No entanto, um interlocutor do
presidente observa que, da parte dele, não há disposição em continuar com este
assunto e que a saída é manter o Bolsa Família.
Para o ano que vem, o Bolsa
Família tem um orçamento previsto em R$ 34,8 bilhões e, para beneficiar mais
famílias, seria necessário ampliar esse orçamento. Diante da possibilidade de
não haver Renda Cidadã, o governo já previu um orçamento maior se comparado a
2020, o que seria suficiente para aumentar em um milhão o número de
famílias no programa, segundo o governo.
A ala política do governo
busca terminar com o auxílio emergencial e também admite que as reformas
da equipe econômica ficarão para 2021, porque não tem mais
tempo para aprovação no Congresso.
Depois de uma reunião nesta
quarta-feira (11) entre Bolsonaro e Ricardo Barros (PP-PR), líder do governo na
Câmara, ficou decidido que o executivo irá se empenhar pela aprovação, depois
das eleições, da abertura do mercado de cabotagem (navegação entre portos
brasileiros), da autonomia do Banco Central e da criação da Casa Verde e
Amarela, remodelação do programa Minha Casa, Minha Vida.
Outras reformas
Segundo um interlocutor da
área política, que também acredita que aprovar textos agora ou semestre que vem
faz pouca diferença, Bolsonaro não deverá se envolver com a articulação e
deixará a agenda econômica nas mãos do presidente da Câmara, Rodrigo
Maia (DEM-RJ), e de Guedes, que faria a ponte com os líderes dos
partidos aliados.
Já na avaliação da equipe
econômica, o país está em uma situação de emergência fiscal e que será
necessária uma decisão política para acelerar as reformas na próxima semana,
logo após o primeiro turno das eleições municipais.
A equipe econômica torce para
que o presidente não vete a reforma tributária, que criará um imposto sobre
transações bancárias, a ' nova CPMF '. A justificativa para
criação desse imposto é que não haverá aumento na taxação, mas sim uma
substituição para desonerar a folha de pagamento e assim incentivar a geração
de empregos.
Segundo avaliações, o desemprego irá
assombrar o governo, porque, com o fim do auxílio emergencial e os sinais de
retomada da atividade econômica, as pessoas vão voltar a procurar emprego, o
que vai impactar os índices de desemprego.
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