Ministro da Economia deu declaração durante evento virtual na tarde desta segunda-feira (23). Segundo informou blog de Valdo Cruz, ala política do governo voltou a defender a prorrogação.
O ministro Paulo Guedes, da
Economia, afirmou na tarde desta segunda-feira (23) que o governo não pretende
prorrogar o auxílio emergencial, concedido desde maio para desempregados e
trabalhadores informais em razão da pandemia do coronavírus.
Em evento virtual promovido
por uma empresa de investimentos, o ministro disse que há pressão política pela
prorrogação e que a área econômica está preparada para reagir "se houver
uma segunda onda" da Covid-19.
Mas, para Guedes, a doença
"cedeu" e "está descendo", razão pela qual o auxílio não
seria mais necessário porque, segundo afirmou, a economia "está voltando
forte".
"A ideia é que o auxílio
emergencial se extingue no final do ano. A economia está voltando forte, a
doença está descendo. Eu não estou dizendo duas ou três semanas. Eu estou
dizendo, de 1,3 mil, 1,4 mil mortes diárias, a coisa caiu para 300, 250. Agora,
parece que voltou para 350. É uma tragédia de dimensões imensas, é terrível
essa epidemia que abateu sobre o Brasil [...]. Contra evidência empírica, não
há muito argumento. Os fatos são que a doença cedeu bastante e a economia
voltou com muita força", declarou.
Segundo levantamento do
consórcio de veículos de imprensa a partir de dados das secretarias estaduais
de Saúde, consolidados às 20h deste domingo (22), o Brasil uma tem média móvel
de 484 mortes por Covid por dia e em dez estados as mortes estão em alta.
"Do ponto de vista do
governo não existe a prorrogação do auxílio emergencial. Evidente que há muita
pressão política para isso acontecer. É evidente que tem muita gente falando em
segunda onda, etc. e nós estamos preparados para reagir a qualquer evidência
empírica. Se houver uma evidência empírica, o Brasil tiver de novo mil mortes,
tiver uma segunda onda efetivamente, nós já sabemos como reagir, já sabemos os
programas que funcionaram melhor", afirmou o ministro.
O governo começou a fazer os
pagamentos do auxílio emergencial em maio. Inicialmente, iriam até julho.
Depois foram prorrogados uma primeira vez até setembro e, uma segunda vez, até
dezembro. No início, o valor era R$ 600, mas passou para R$ 300 nas últimas
parcelas.
Segundo informou o blog de
Valdo Cruz, a ala política do governo voltou a defender a prorrogação do
auxílio emergencial por dois ou três meses em 2021 em razão da indefinição a
respeito da criação de um novo programa social.
No último dia 12, Guedes
afirmou que, se houver uma "segunda onda" da Covid-19 — que, para
ele, não está caracterizada — a prorrogação seria "uma certeza".
"Se houver uma segunda onda de pandemia, não é uma possibilidade, é uma
certeza", declarou na ocasião.
Auxílio emergencial
O diretor-executivo da
Instituição Fiscal Independente (IFI), órgão vinculado ao Senado, calcula que
uma prorrogação, por quatro meses do auxílio emergencial, no valor de R$ 300,
para cerca de 25 milhões de pessoas custaria aos cofres públicos cerca de R$ 15,3
bilhões.
Para a IFI, o auxílio é
importante, mas é necessário encontrar formas para financiá-lo, caso o governo
e o Legislativo decidam estendê-lo outra vez.
“O espaço fiscal no teto [de
gastos] não existe, é muito pequeno, exíguo para se fazer gastos adicionais. Se
o teto for mantido como está, precisaria de compensação em outros gastos. E os
gastos discricionários já estão num limite muito baixo”, disse Felipe Salto,
diretor-executivo da IFI.
Na avaliação dele, a PEC
emergencial – que busca soluções para a preservação do teto – não deve avançar
neste ano, assim como a PEC do pacto federativo.
Outros temas
- Estatais e privatizações - Na
palestra desta segunda-feira, Paulo Guedes voltou a defender a venda
de estatais e a relatar dificuldades para dar andamento a um programa de
privatizações. “Nós tivemos que ir primeiro ao Supremo e, também, por
alguma razão interna nossa houve alguma hesitação em alguns dos
ministérios nossos. No nosso próprio ministério, também houve várias
importantes. Agora, também houve um acordo político, aparentemente de
centro-esquerda, para nós não pautarmos as privatizações. Isso foi muito
ruim para nós”, disse.
- Juros e câmbio - O
ministro também afirmou que a economia está “mais saudável” com juros mais
baixos e o câmbio mais elevado. “Nós estávamos em um endividamento em bola
de neve e pagando juros altíssimos, inclusive, com o câmbio sobrevalorizado,
uma combinação bastante perversa, de dois preços críticos na economia. A
economia está muito mais saudável. Porque antes, com juros a 10%, 12% e o
câmbio a R$ 1,80; R$ 2,20, R$ 2,80. A economia está muito mais saudável se
ela estiver com o juros a 2% e o câmbio de R$ 5. Muito melhor”, declarou
Guedes.
- Novo imposto - O
ministro foi questionado sobre a criação de um tributo sobre operações
digitais, que tem sido chamado de CPMF digital. Guedes afirmou ser
contrário a aumento de impostos, mas disse que, para se desonerar a folha
de pagamentos, será necessário “ter outra base de impostos”. “Então, vocês
estão vendo aí, tem 17 setores que têm um lobby muito forte. Eles querem
desoneração para eles. Não para o Brasil todo [...]. Então, se alguém quiser
desonerar, vai ter que ter uma outra base de impostos para poder
desonerar. Porque nós não vamos aumentar essas bases que estão aí. E essa
conversa foi interditada”, disse.
- Reforma tributária - Guedes
defendeu a cobrança de imposto sobre dividendos, tendo como compensação a
diminuição da tributação das empresas. “Se o lucro fica na empresa, para
virar investimento, criação de emprego, inovação, a tributação é mais
baixa. Agora, saiu, foi para a pessoa física, que tem dinheiro, que tem
base de capital, onde existe a riqueza financeira, e aí você tá vivendo de
dividendo.. Tem que pagar. Tem que pagar imposto sobre dividendo. Que
história é essa?”, indagou.
Com informações G1.
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