Ex-presidente criticou fala de
Bolsonaro, que disse que governadores que "fecharem os estados"
deverão pagar o benefício
A ex-presidente Dilma Rousseff criticou a fala do presidente
Jair Bolsonaro de que governadores que adotarem medidas restritivas deverão
pagar pelo auxílio emergencial da população . Em publicação em seu site neste
sábado (27), Dilma também criticou a postura da gestão atual em relação à
pandemia de Covid-19.
"É uma indignidade. O
auxílio emergencial não pode ser objeto de chantagem. É justamente quando o
país está no auge da pandemia, com 251 mil mortes, colapso hospitalar e falta
de vacinas, que os pobres devem receber uma renda mínima do Estado para
sobreviver e alimentar suas famílias sem se expor à morte, à doença e ao
colapso dos serviços de saúde", escreveu ela.
Na sexta-feira (26), Bolsonaro
fez um discurso durante uma visita a Caucaia, no Ceará, criticando as medidas
restritivas adotadas por diversos estados brasileiros. "A pandemia nos
atrapalhou bastante, mas nós venceremos este mal, pode ter certeza. Agora, o
que o povo mais pede, e eu tenho visto em especial no Ceará, é para trabalhar.
Essa politicalha do 'fica em casa, a economia a gente vê depois' não deu certo
e não vai dar certo. Não podemos dissociar a questão do vírus e do
desemprego", afirmou o presidente.
"São dois problemas que
devemos tratar de forma simultânea e com a mesma responsabilidade. E o povo
assim o quer. O auxílio emergencial vem por mais alguns meses e, daqui para
frente, o governador que fechar seu estado, o governador que destrói emprego,
ele é quem deve bancar o auxílio emergencial. Não pode continuar fazendo
política e jogar para o colo do Presidente da República essa
responsabilidade", continuou.
Já Dilma afirma que
"punir os governadores fere a cláusula pétrea da constituição federal,
como o respeito ao princípio federativo e o dever do estado de prover saúde
como direito de todos. É uma atitude genocida, pois acrescenta ao desprezo
pelas medidas para barrar as doenças e as mortes a chantagem, com o objetivo de
impedir que os governadores o façam".
A média móvel de mortes
durante a pandemia de Covid-19 bateu recorde neste sábado , mas Bolsonaro segue
se opondo às medidas restritivas adotadas por pelo menos 12 estados, além do
Distrito Federal, para conter a disseminação do novo coronavírus (Sars-Cov-2).
"No Ceará, o presidente
negacionista Bolsonaro se superou: conseguiu ser pior do que ele mesmo, pois
causou aglomerações, desprezou o uso de máscara para enfrentar a pandemia, negou
a gravidade da doença e chantageou os governadores, dizendo que se eles
restringissem a circulação de pessoas e adotassem o necessário distanciamento
social para evitar o contágio e as mortes deveriam assumir o pagamento do
auxílio emergencial", opina Dilma, que pede para que o Congresso , ao
votar a PEC Emergencial , elimine "a possibilidade de a União utilizar o
auxílio emergencial para incentivar o negacionismo quanto à pandemia,
chantageando governadores".
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