O presidente anunciou em rede
social que Roberto Castello Branco será substituído pelo general Joaquim Silva
e Luna
O presidente Jair Bolsonaro
(sem partido) anunciou nesta sexta-feira (19) a troca do comando na Petrobras.
Em nota divulgada em rede social, o mandatário informou que Roberto Castello
Branco será substituído pelo general Joaquim Silva e Luna, ex-diretor geral da
usina Itaipu Binacional.
A indicação do nome de Silva e
Luna precisa, no entanto, ter aprovação do conselho de administração da
Petrobras. Bolsonaro não tem poder formal para demitir Castello Branco. A
decisão cabe ao conselho, formado por membros indicados pelo governo, mas que
atuam com independência. O conselho deve se reunir na terça-feira (23) e deve
discutir a troca.
Com os seguidos aumentos no
preço dos combustíveis, Bolsonaro já havia demonstrado insatisfação com o
comando da Petrobras. Nesta sexta, durante visita à cidade de Sertânia, em
Pernambuco, ele reafirmou que faria "mudanças" na Petrobras após mais
um reajuste no preço dos combustíveis, anunciado pela estatal nesta
quinta-feira (18).
"Jamais vamos interferir
nesta grande empresa e na sua política de preços, mas o povo não pode ser
surpreendido com certos reajustes", disse. Durante a visita ele ainda
mandou um recado: "exijo e cobro transparência de todos aqueles que eu
tive a responsabilidade de indicar".
Algumas horas antes, em uma
live para eleitores nesta quinta-feira (18), o presidente também falou de fazer
trocas na empresa. A fala gerou uma reação negativa do mercado, e a empresa
teve queda de até 7,92% de suas ações nesta sexta.
Currículo
Silva e Luna é general de
Exército da reserva e foi ministro da Defesa do governo Michel Temer. Ele foi o
primeiro militar a ocupar o Ministério da Defesa desde a sua criação em 1999 e,
agora, também marca a volta de um ex-ocupante das Forças Armadas no comando da
Petrobras.
Silva e Luna incorporou-se ao
Exército em 10 de fevereiro de 1969, na Academia Militar das Agulhas Negras
(AMAN). Foi declarado aspirante-a-oficial de Engenharia em 16 de dezembro de
1972.
Ele possui pós-graduação em
Política, Estratégia e Alta Administração do Exército e em Projetos e Análise
de Sistemas. Também fez Mestrado em Operações Militares e Doutorado em Ciências
Militares. Em 2015, o general foi nomeado como novo secretário-geral do
Ministério da Defesa. Em janeiro de 2019, foi nomeado pelo presidente Bolsonaro
como o diretor-geral da Usina Itaipu Binacional.
Histórico
Com os aumentos consecutivos
nos preços dos combustíveis e as ameaças de novas greves de caminhoneiros, o
governo enviou ao Congresso na semana passada um projeto de lei complementar
que pretende mudar a forma de cobrança do ICMS (imposto estadual) sobre combustíveis.
Diante do risco de mais atos,
Bolsonaro convocou uma entrevista, com vários ministros, para explicar o que o
governo pode fazer para reduzir a carga tributária dos combustíveis. Na
ocasião, cobrou a colaboração dos governadores dos Estados, uma vez que o ICMS
é um tributo estadual.
Nos dias seguintes, o
mandatário chegou a convocar campanha para fiscalizar preços dos combustíveis.
Ele ainda acusou governadores de jogarem a população contra o governo federal.
Bolsonaro também falou que zeraria nos próximos dois meses os impostos federais
sobre o diesel.
Castello Branco assumiu o
comando da petroleira em janeiro de 2019, logo após a posse de Bolsonaro. Ele
vinha defendendo a independência da companhia para reajustar preços dos
combustíveis, mas acabou desagradando o presidente após um comentário sobre
caminhoneiros, que têm ameaçado greves devido aos valores do diesel.
O CEO da Petrobras disse no
final de janeiro que a questão dos caminhoneiros não era um problema da
companhia. O mandato do Castello Branco se encerra em 20 de março.
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