O ex-presidente Luiz Inácio
Lula da Silva recebeu alta na terça (09/02) após ter sido internado no Hospital
Sírio Libanês, em São Paulo, com um quadro de bacteremia, a presença de
bactérias no sangue.
Conforme o boletim médico
divulgado pela instituição, ele deu entrada no sábado (06/02) e foi tratado com
antibióticos por via venosa.
Não foram divulgados detalhes
sobre o quadro do ex-presidente e não há informações se o diagnóstico tem
alguma relação com o fato de o ex-presidente ter tido uma broncopneumonia
recentemente, associada à covid-19.
Em 21 de janeiro, Lula
comunicou que descobriu ter sido infectado pelo novo coronavírus quando estava
em Cuba em dezembro. Em comunicado, afirmou que não precisou ser internado, que
fez a quarentena no país e estava curado.
Como se desenvolve uma
bacteremia?
O infectologista do Hospital
Oswaldo Cruz Filipe Piastrelli explica que a bacteremia acontece principalmente
de duas formas.
Quando há uma ruptura da
barreira de proteção do sistema circulatório, como a pele ou uma mucosa, e
bactérias que estão na superfície - sejam aquelas que já estão em nosso
organismo como colonizadoras ou não - conseguem migrar para a corrente
sanguínea.
Isso pode acontecer durante um
procedimento odontológico ou em ambiente hospitalar, em pacientes com acesso
vascular, com cateter, por exemplo.
Essa é a bacteremia primária,
quando não há uma outra fonte de infecção.
A bacteremia secundária, por
sua vez, é decorrente de outra infecção pré-existente. "Uma infecção
urinária ou uma pneumonia que não é bem controlada e consegue extrapolar o
tecido e chegar na circulação", exemplifica Piastrelli.
Uma vez na corrente sanguínea,
a bactéria pode se deslocar pelo corpo, se alojar em outros tecidos e causar
infecções graves, como a meningite meningocócica ou a endocardite.
O risco, ele explica, depende
de pelo menos três fatores: a virulência da bactéria (ou seja, seu potencial de
agressividade), a quantidade de bactérias que efetivamente caem na circulação e
a imunidade da pessoa afetada.
Assim, pacientes com sistema
imunológico debilitado podem estar mais suscetíveis.
Sintomas
Os sintomas mais recorrentes
são febre, sensação de calafrios e mal-estar.
Nos casos em que o quadro
piora e evolui para a sepse - uma resposta inflamatória do corpo a uma infecção
-, o paciente também pode apresentar queda da pressão arterial, aumento da
frequência respiratória e alteração da frequência cardíaca.
Piastrelli afirma que a
bacteremia pode ser uma complicação possível da covid-19, mas ressalta que as
infecções bacterianas secundárias em casos da doença causada pelo novo
coronavírus ficam em torno de 20%. "Dentro disso, a bacteremia é (um
percentual) ainda menor", diz o médico.
Tratamento
Em alguns casos, o próprio
sistema imunológico consegue combater a bactéria antes que ela cause infecção -
é o caso da bacteremia transitória.
Caso contrário, o tratamento é
feito com antibióticos.
Para descobrir qual
medicamento é mais adequado, a equipe médica em geral investiga qual tipo de
bactéria está presente no sangue do paciente.
A pesquisa é feita por meio da
hemocultura, em que uma amostra do sangue é colocada em um meio apropriado para
o crescimento de bactérias e passa por uma incubação no laboratório de
microbiologia.
A prescrição do antibiótico,
entretanto, é feita antes da divulgação do resultado do exame, que leva alguns
dias. Normalmente, ele começa a ser administrado e posteriormente, caso haja
necessidade conforme o tipo de bactéria, é ajustado.
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