Cada vez mais pessoas são imunizadas contra a COVID-19, mas ainda restam dúvidas; Grávidas podem vacinar? Quem já se infectou precisa de vacina?
As duas vacinas contra a
COVID-19 aprovadas pela Anvisa já estão sendo aplicadas no Brasil desde o dia
18 de janeiro, mas ainda há dúvidas sobre possíveis reações e demais perguntas.
A médica alergista e
imunologista Lorena de Castro Diniz, coordenadora do Departamento de Imunizações
da Associação Brasileira de Alergia Imunologia (ASBAI) respondeu as principais
dúvidas sobre a vacinação contra COVID-19 no Brasil.
Confira:
Há alguma reação comum após tomar a vacina?
Sim. Existem reações chamadas de eventos adversos. Os principais
eventos são: aquela ‘moleza’, fraqueza, dor no corpo, febre, dor de cabeça e
coriza.
Por que é importante tomar
duas doses?
Nas duas vacinas disponíveis
no Brasil, o vírus está inativado, e para ter anticorpos
suficientes no combate à infecção, o corpo precisa de uma carga maior que a
oferecida com uma aplicação. Com a 2ª dose, a célula de memória vai fabricar os
anticorpos mais rápido e de forma mais robusta, garantindo uma resposta imune
maior. Além disso, os estudos realizados para aprovação da vacina só foram
feitos após a segunda dose, não se sabe qual a proteção com uma só. Então, com
base nos testes, só é possível saber que foi imunizado com a 2ª dose.
Em um exemplo prático, Dra.
Lorena diz: “Supondo que na primeira vez fazendo uma receita em casa, você
demora mais a produzir e talvez não ficará tão bom. Mas da segunda vez, você já
sabe os passos, quanto e quando colocar cada ingrediente e consegue até fazer
em mais quantidades. É o que acontece com o sistema
imunológico”.
É possível testar positivo
para COVID-19 após ser vacinado?
É impossível o PCR dar
positivo com a vacina. As duas vacinas disponíveis no Brasil são feitas com o
vírus inativado. Se a pessoa tiver os sintomas após vacinar e o exame der
positivo, é a infecção aguda pela COVID-19. Ela já podia estar contaminada e só
descobriu depois, mas não é possível pegar COVID-19 por causa da vacina.
Tem alguma atividade que não
pode ser feita após tomar a vacina?
É recomendado não tomar
nenhuma outra vacina nos 15 dias anteriores à primeira dose do
imunizante contra a COVID-19 e nem nos 15 dias seguintes, para saber se as
reações adversas são de outra vacina ou da COVID-19.
Também se recomenda não
fazer procedimentos de preenchimento com bioestimulação e
ácido hialurônico nos 15 dias antes e 15 dias depois da vacinação, porque
alguns pacientes foram diagnosticados com a Síndrome ETIP (Edema Tardio
Intermitente e Persistente). Essa síndrome ficou conhecida com outras vacinas e
começou a cogitada neste caso, por ser um novo imunizante e correr o risco de
acontecer.
A cada 120 vacinados contra COVID-19,
dois tiveram ETIP, mas os edemas regrediram espontaneamente. Como a vacinação
está no início, as reações ainda estão sendo estudadas. Por enquanto, não é
contraindicado, somente uma recomendação.
Depois de quantos dias a
vacina começa a fazer o efeito de imunização?
A partir da primeira dose, o
sistema imunológico vai sendo estimulado a produzir os
anticorpos. Geralmente, 15 dias após a primeira dose já tem alguma carga de
imunidade, mas como o vírus está inativado, é preciso uma nova dose, para ter
defesa suficiente no combate à infecção.
Grávidas e crianças podem
tomar a vacina?
Sabemos que as vacinas
inativadas são indicadas para mulheres grávidas. Por serem
imunizantes novos e sem gestantes testadas, ainda não se sabe a segurança da
nova vacina para elas. Mas pelo histórico de outras vacinas feitas com a mesma
técnica, há uma boa resposta. Não há contraindicação, mas é necessária uma
decisão compartilhada entre a mãe e seu médico, se for preciso tomar o
imunizante agora. Quem está amamentando também devem checar com o médico se há
recomendação.
Nas crianças, também não
tiveram voluntários e ainda não se sabe a eficiência. Além
disso, os pequenos são menos afetados pelo vírus e quando adoecem, geralmente,
tem quadros mais leves ou assintomáticos. Por isso, a preferência é de
pacientes que correm riscos mais graves.
É permitido consumir bebida
alcoólica depois de tomar a vacina?
Não. O que queremos é a
produção de anticorpos e o consumo exagerado do álcool pode
interferir nisso, já que atinge diretamente o sistema imunológico. É preciso
seguir as orientações para ficar imunizado e dar tempo de produzir defesa.
Evite o uso excessivo de bebidas alcóolicas nos 15 dias seguintes à vacinação.
Uma taça de vinho ou uma lata de cerveja não fazem mal, mas acima disso não é
recomendado, segundo os médicos.
O uso de drogas interfere na
vacinação?
Funciona igual o álcool.
As drogas mexem com o sistema imunológico e podem interferir
diretamente na produção dos anticorpos.
Quem já teve COVID-19 tem que tomar a
vacina?
Teoricamente, não se sabe
quanto tempo a pessoa terá os anticorpos após a infecção, então sim, a pessoa
deve se vacinar mesmo se já teve COVID-19. O intervalo entre a
infecção e a vacina deve ser de 30 dias a três meses, segundo alguns
estudos.
Pessoas com histórico alérgico
podem tomar a vacina?
Depende do tipo de alergia.
Pessoas que já tiveram reação alérgica do tipo anafilática, devem procurar um
médico para saber se a vacina tem a substância que lhe causou alergia.
Alérgicos a leite, ovo, com rinite, asma ou dermatite, podem vacinar. O
problema está nas reações anafiláticas a comidas, outras
vacinas ou substâncias que estão no imunizante contra a COVID-19. Deve-se
vacinar e esperar 30 minutos, pois este é o tempo que corpo vai levar para
responder se tiver uma reação anafilática.
A médica reforça que todos
tomem a vacina de acordo com a fila do Ministério da Saúde e
não deixem de usar máscara, álcool nas mãos e manter o distanciamento, para
garantir que a vida volte ao normal mais rápido.
Com informações O Tempo.
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