Mais de dois anos após o G1
Bahia fazer a última reportagem com Irineu Cruz e Jucicleide Silva, família
revela nascimento de mais dois bebês: Rodrigo e Raiane. Tradição do 'R' é
mantida e o número de filhos chega a 15.
Com quantidade de filhos, Irineu poderia montar time de futebol - Foto de 2014 — Foto: Raimundo Mascarenhas / Calila Notícias |
O casal Irineu Cruz e
Jucicleide Silva, do município baiano de Conceição do Coité, a cerca de 200
quilômetros de Salvador, protagonizou uma das histórias mais curiosas em 10
anos de G1 Bahia.
Em outubro de 2018, eles eram
pais de 13 filhos com nomes iniciados com a letra "R". A ideia era
sempre homenagear algum jogador de futebol que ainda estivesse jogando ou que
já tivesse pendurado as chuteiras. A novidade agora é que a família cresceu e a
mamãe não é mais a única do sexo feminino.
Na última atualização, a
família ainda decidia o nome do 14º bebê, que estava na barriga de Juci, como a
chefe da família é conhecida. Em janeiro de 2019, nasceu Rodrigo.
Foi em setembro do ano passado
que a baiana realizou o tão sonhado desejo. Depois de dar à luz a 14 meninos,
enfim nasceu Raiane Maiara. A chegada da menina foi motivo de alegria para o
casal e os 14 irmãos.
"Eu falei que se fosse
menino, eu ia ser muito feliz. Quando fiz a ultrassom, que deu menina, aí
fiquei mais feliz ainda, porque menino já tive 14 e com a vinda de uma menina
minha felicidade completou", disse a dona de casa Jucicleide, de 39 anos.
"Veio uma menina e é a
alegria da casa. A gente já era alegre e somos mais alegres por termos os 14
homens e a menina", contou Irineu Cruz, conhecido como Chitão, que tem 44
anos.
O nascimento de Raiane também
quebrou um protocolo que acontecia sempre após a chegada de um novo integrante
na família. Dessa vez, quem escolheu o nome do bebê foi a mãe, já que o casal
tinha um acordo para que toda vez que tivesse um filho homem, o marido fosse
responsável pela escolha do nome.
Família conhecida como 'seleção dos erres' divulga o nome do 13° menino; confira - Vídeo de 2016
"Raiane Maiara. Promessa
tem que ser cumprida. Os homens eu que colocava [o nome] e menina era ela,
então foi ela que escolheu. Ela botou com 'R' também para acompanhar o lote,
que são todos com 'R' e graças a Deus ela escolheu com 'R'. A alegria do Brasil
e do mundo", disse o baiano.
Agora, Raiane e Rodrigo se
juntam aos irmãos Ronaldo, Robson, Reinan, Rauan, Rubens, Rivaldo, Ruan, Ramon,
Rincon, Riquelme, Ramires, Railson e Rafael. A quantidade de filhos do casal
daria para montar um time de futebol com reservas.
Casal que tinha 13 filhos com nomes iniciados com a letra 'R', em tributo a ex-jogadores, aumenta 'time' — Foto: Arquivo Pessoal
Após o parto de Raiane, que
foi cesárea, Jucicleide optou por fazer o processo de ligação das trompas.
"Cancelou mesmo a
fábrica", disse aos risos.
Dificuldades na pandemia
Casal dos 13 filhos com nomes iniciados com a letra 'R', em tributo a ex-jogadores, aumenta 'time' e ganha uma menina - Foto de 2021 — Foto: Arquivo Pessoal
Irineu Cruz e Jucicleide Silva
sempre se esforçaram para que todos os filhos não ficassem sem ter o que comer.
A família vivia dos "bicos" que o pai conseguia para ganhar dinheiro
e também do Bolsa Família que a esposa, que é dona de casa, recebe mensalmente.
"Eu sei que aqui é luta,
muita luta para a gente manter essas crianças com café da manhã, merenda,
almoço e tudo mais. Sobre o colégio, eles estão estudando pelo celular. Se
tiver com esse problema [pandemia], a gente já cancela as idas deles [para
aulas presenciais], porque esse problema é gravíssimo e a gente não pode soltar
os meninos para isso", disse Irineu Cruz.
A realidade mudou e as
dificuldades aumentaram com a pandemia do novo coronavírus. Com a necessidade
de obedecer ao isolamento social, Chitão decidiu não deixar mais as crianças
saírem de casa.
"A gente vem sofrendo um
combate geral com essa pandemia da Covid-19. Presos, trancados, não sai
ninguém", disse.
A família também passa por
apertos financeiros. A saída encontrada por Irineu foi trabalhar com reciclagem
e vender ossos de animais para pagar as contas.
"Eu estou vivendo de
catar papelão, ossos, ferro velho, na base da reciclagem. A gente está
sobrevivendo disso aí agora", contou.
Irmãos comprando roupas para Raiana - Foto de 2020 — Foto: Arquivo Pessoal
Ao todo, Irineu e Jucicleide
moram com 12 filhos. Os três mais velhos já casaram e não moram mais com a
família.
"Nós estamos nos mantendo
isolados na área mesmo, não sai ninguém daqui. No total são 14 'bocas', porque
três casaram e não moram mais aqui. Tenho duas netas e um neto".
Eles também contam com a ajuda
do casal de amigos, Rubinho e a esposa Maiara, além de açougueiros da região.
"Rubinho ajuda a gente
bastante, se não fosse ele, o que seria da gente? A gente também agradece a
todos os açougueiros que estão doando ossos para a gente vender e fazer nossa
feira".
Sem auxílio emergencial
Chitão e os filhos curtindo o São João - Foto de 2020 — Foto: Arquivo Pessoal
Ao G1, Irineu
revelou que não recebeu nenhuma parcela do auxílio emergencial durante a
pandemia. Ele não sabe dizer o motivo de não ter sido beneficiado.
"Nós não recebemos nenhum
auxílio que o governo deu. Complicou o barco e nós estamos pedindo força e
coragem a Deus para manter a batalha nessa linha".
"O auxílio mesmo, eu não
sei porque, a gente correu atrás, procuramos até um advogado e não sei porque a
gente tem 15 filhos e não teve o auxílio. É brincadeira um negócio desses? Eu
achei um absurdo, não sei que castigo foi esse que deram na gente",
lamentou.
O baiano afirma que a família
recebeu cestas básicas no início da pandemia, benefício conseguido porque os
filhos estudavam.
"Nós não recebemos nada.
Só umas cestas básicas que chegaram do colégio, porque os meninos tiveram as
aulas canceladas".
"Graças a Deus está tudo
em ordem, é chamar por Deus agora, que ele dê vida e saúde para eu trabalhar,
estar na luta para criar eles. Peço muita força e coragem para eu manter o
trabalho e que nunca falte o pão de cada dia", concluiu.
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