Dois pacientes de 30 anos, no Rio Grande do Sul, foram infectados por duas linhagens diferentes de coronavírus ao mesmo tempo
Pacientes coinfectados não evoluíram para quadros graves da covid-19
O estudo, que está sendo revisado para publicação em uma revista científica, é o primeiro no mundo a confirmar a coinfecção por duas linhagens do coronavírus ao mesmo tempo. Segundo o coordenador do estudo, o virologista Felipe Spilki, da Universidade Feevale, do Rio Grande do Sul, uma outra pesquisa já havia demonstrado essa possibilidade que agora foi comprovada pelo estudo brasileiro.
Pesquisadores brasileiros
encontraram no Rio Grande do Sul dois casos de infecção dupla de covid-19, em
que os pacientes, ambos com cerca de 30 anos, foram infectados ao mesmo tempo
com duas linhagens diferentes do novo coronavírus.
Os pesquisadores confirmaram
que em dois casos os pacientes foram contaminados no final de novembro pela
linhagem P2 do coronavírus, descoberta no Rio de Janeiro, e, ao mesmo tempo por
uma segunda linhagem, diferente em cada um deles.
Em um dos casos, o homem
declarou tosse seca. No outro, tosse, dor de garganta e dor de cabeça como
sintomas principais. Em ambos os casos, os pacientes tiveram sintomas leves a
moderados e não precisaram de internação hospitalar.
Apesar de não ter causado
problemas maiores aos doentes, a coinfecção traz várias preocupações aos
cientistas, explica Spilki. Uma delas é o fato de duas linhagens diferentes do
vírus estarem convivendo ao mesmo tempo no mesmo organismo, o que pode
facilitar e acelerar novas mutações.
"Essas coinfecções podem
gerar combinações e gerar novas variantes ainda mais rapidamente do que vem
acontecendo", explica. "Seria uma outra via evolutiva do vírus."
As mutações no novo
coronavírus têm preocupado os cientistas por trazerem riscos de maior contágio
e, possivelmente, até de evitarem que as vacinas funcionem - o que até agora
não ocorreu. A variante P2, encontrada nos dois pacientes é, até o momento, a
que revelou uma mutação na proteína central do vírus e que pode trazer
problemas na imunização, mas isso ainda não foi certificado.
Outras mutações, no entanto,
deixaram o vírus mais contagioso. Isso aconteceu com variantes encontradas no
Reino Unido e também em Manaus.
Outra preocupação revelada
pela pesquisa é que a coinfecção mostra que a quantidade de vírus circulando no
Brasil é tão grande que permitiu a uma mesma pessoa ter contato com duas
variantes em poucos dias.
"Esse tipo de evento só
vai ocorrer em alta circulação e com diferentes vírus circulando em alta
quantidade. Isso aconteceu em final de fevereiro quando aqui no Sul houve uma
elevação muito importante no número de casos", disse Spilki. "Isso
reforça a necessidade do cuidado, mesmo com a pessoa doente, não apenas para
não infectar os outros mas para não se reinfectar ou coinfectar."
Os pesquisadores ainda
detectaram durante o estudo uma nova variante gaúcha do coronavírus. A mesma
linhagem foi encontrada depois em São Paulo, mas com registro posterior ao do
Rio Grande do Sul.
Também nesta semana o governo
de São Paulo confirmou que foram encontrados três casos de Covid-19 no Estado
causados pela variante surgida em Manaus, que tem indícios de ser altamente
contagiosa.
Em nota, o governo paulista
informou que a confirmação foi feita por meio de sequenciamento genético
realizado pelo Instituto Adolfo Lutz.
"O vírus foi sequenciado
a partir de amostras com resultados positivos de exames processados pelo Centro
de Virologia de três pessoas que tiveram Covid-19 e passaram por atendimento em
serviços da rede pública de saúde em São Paulo, com histórico de viagem ou
residência em Manaus", diz o texto.
Com informações R7.
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