Pesquisadores analisam o
comportamento da imunidade nos vacinados e estão verificando que as vacinas
seguem protegendo quem já tomou. A possibilidade de vacinação anual não está
descartada, mas ainda não há dados concretos.
Apesar do aumento na oferta de
vacinas contra a Covid-19, ainda há uma importante pergunta que aguarda
resposta: quanto tempo dura a imunidade produzida pela vacina? Especialistas
ouvidos pelo G1 afirmam que ainda não é possível prever, mas
tudo indica que essa imunidade não será breve e, em um dos cenários possível,
talvez a imunização contra o novo coronavírus passe a integrar as campanhas
anuais.
“A vacina surgiu em meio a uma
emergência sanitária e ainda estamos aprendendo e observando o tempo de duração
do efeito protetivo”, explica Rodrigo Stabeli, pesquisador titular e diretor da
Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) de São Paulo.
Segundo ele, o processo de vacinação contra a Covid ainda é
muito recente e não deu tempo para que os cientistas pudessem observar os
efeitos e a eficácia da vacina a longo prazo.
Em 8 de dezembro de 2020, o
Reino Unido se tornou o primeiro país no globo a aplicar doses da vacina
Pfizer/Biotec na população. De acordo com o levantamento feito pelo projeto Our
World in Data, da Universidade de Oxford, o mundo já conta com aproximadamente
399 milhões de pessoas vacinadas.]
“É o tempo que vai dizer
isso”, afirma Carla Domingues, doutora em saúde pública com especialização na
Universidade Johns Hopkins e na Universidade do Sul da Flórida, ambas nos EUA.
Domingues acumulou anos de experiência em vacinas ao ser coordenadora do Programa
Nacional de Imunizações (PNI) do Ministério da Saúde entre 2011 e 2019.
“É importante dizer que essa
não é uma peculiaridade da vacina da Covid. É assim com todas”, explica
Domingues. “A vacina da meningite é o exemplo completo. Quando a vacina foi
introduzida, nós também não tínhamos esses dados. São os estudos vindos com o
tempo que vão nos dizer isso. Toda vacina passou por isso”, completa.
Os pesquisadores não excluem a
possibilidade de ser necessário aplicar reforços vacinais para aumentar a proteção
contra a Covid e as suas diferentes mutações.
"Pode ser que a gente
tenha que fazer um portfólio de vacinação anual, assim como fazemos com a
gripe", comenta Stabeli. "Isso significa que não conseguimos
erradicar o vírus da Influenza - causador da gripe. Mas, com a vacina, podemos
conter a disseminação da doença", completa.
"É preciso acabar com a
pandemia"
“O que precisamos fazer agora
é acabar com a pandemia”, aponta Stabeli, que esteve à frente de estudo com
anticorpos para a produção de uma vacina contra a Covid. Ele defende que, ainda
que não seja possível estimar a duração da imunidade, é preciso promover a
imunização em larga escala para conter o avanço do vírus.
“Há uma urgência dos
cientistas brasileiros em promover a imunização de toda a população, sem
distinção. Isso é necessário para que não haja novas linhagens do vírus que
sejam imunes às vacinas já existentes”, afirma Stabeli. "Se a gente perde
essa estratégia de imunização, a gente aumenta as chances de ter cepas que
escapem totalmente das vacinas disponíveis no mercado”, completa.
A cepa é uma variante ou um
grupo de variantes dentro de uma linhagem que já se comportam um pouco
diferente do vírus original. As cepas circulantes do vírus podem ser de linhagens
diferentes (por exemplo, as do Brasil, da África do Sul e do Reino Unido).
Devido à baixa cobertura
vacinal contra a Covid no Brasil, os especialistas avaliam que ainda não é o
momento de abandonar as medidas de segurança sanitária. Na sexta-feira (9), o
percentual da população brasileira que tomou a segunda dose da vacina era de
apenas 3%.
“Nesse momento, para evitar a
circulação de novas cepas, precisamos diminuir a circulação do vírus. Isso só
será possível com a vacinação rápida e elevada ou diminuindo aglomerações.
Neste momento, como não temos vacina, a forma de evitarmos as mutações do vírus
é evitando aglomerações”, defende Domingues.
Observação em tempo real
Um estudo publicado no
periódico científico The New England Journal of Medicine na terça-feira (6)
mostrou que a vacina fabricada pela Moderna conseguiu manter eficácia de 94% na
prevenção do Covid-19 seis meses após a aplicação da segunda dose.
Para o estudo, 33 pessoas de
diferentes idades tiveram acompanhamento médico por 180 dias após a aplicação
da segunda dose. Os pesquisadores afirmaram que o grupo continuará a ser
observado para a coleta de dados.
"A atividade dos
anticorpos permaneceu alta em todas as faixas etárias", disseram os
pesquisadores à Reuters.
A vacina mRNA 1273 – da
Moderna – é feita como RNA mensageiro (mRNA), capaz de codificar a proteína S
da coroa do vírus e induzir a proteção natural do corpo. Ela precisa ser
armazenada em temperaturas baixas, inferiores a -20ºC.
Em abril, Pfizer Inc e a parceira BioNTech também anunciaram que sua vacina permaneceu altamente eficaz por pelo menos seis meses.
Em ambos os casos, os
participantes vacinados continuarão a ser acompanhados por uma equipe médica
para analisar a duração da imunidade dos anticorpos pelos próximos seis meses.
Enfim, gostou das nossas
notícias?
Então, nos siga no canal do
YouTube, em nossas redes sociais como o Facebook, Twitter e Instagram. Assim
acompanhará tudo sobre Cidade, Estado, Brasil e Mundo.
O conteúdo do Macajuba
Acontece é protegido. Você pode reproduzi-lo, desde que insira créditos COM O
LINK para o conteúdo original e não faça uso comercial de nossa produção.