Chefe do Planalto dispara
novamente contra o ex-presidente, líder em pesquisa eleitoral, e diz que
desafeto só ganhará o pleito de 2022 se houver fraude. Ele volta a defender que
o Congresso aprove a adoção de voto impresso e manda indireta ao Supremo
Após pesquisa mostrar que o
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva lidera a corrida eleitoral de 2022, o
atual chefe do Planalto resolveu centrar fogo no petista. Em mais um dia de
ataque ao desafeto, Jair Bolsonaro afirmou, ontem, que o rival só ganhará o
pleito do ano que vem por meio de fraude. Também o chamou de “bandido” e “filho
do capeta” e voltou a defender o voto impresso.
“Vejam o que acontece em alguns países aqui da América do Sul. O que aconteceu
com a Venezuela, o que está acontecendo com a Argentina. Queremos isso para
nós? Não vai (acontecer), porque, se Deus quiser, a gente vai aprovar o voto
impresso”, frisou, num evento em Mato Grosso do Sul. “Porque o bandido foi
posto em liberdade, foi tornado elegível, no meu entender, para ser presidente
na fraude. Ele só ganha na fraude no ano que vem. Eu tenho falado, se o
Congresso votar e promulgar uma PEC (proposta de emenda à Constituição) do voto
impresso, teremos voto impresso no ano que vem. Eu respeito as decisões do
Parlamento. Os outros poderes também têm que respeitar”, acrescentou, numa
indireta ao Supremo Tribunal Federal (STF).
Indicações
Ele também demonstrou
preocupação com as indicações a ministros da Corte em 2023 e cobrou a
população. “Quem se eleger presidente em 2022 vai indicar, em 2023, dois
ministros para o STF. E, de acordo com o perfil de quem chegar lá, saberemos o
perfil de quem vai ser indicado. A responsabilidade é muito grande. Está nas
mãos de cada um”, destacou.
Mais cedo, em conversa com apoiadores na saída do Palácio da Alvorada,
Bolsonaro enfatizou que, se Lula vencer as eleições, não deixará mais o cargo.
“A canalhada da esquerda continua a mesma coisa. E uma turma ainda quer votar
nesse filho do capeta. Olha, se esse cara voltar, nunca mais vai sair”,
ressaltou.
A uma apoiadora que o convidou para visitar uma fazenda em Ponta Porã (MS), o
chefe do Executivo respondeu com crítica ao Movimento Sem Terra. “Uma fazenda
foi destruída pelo MST lá. E tem gente que ainda adora o PT. Impressionante. O
cara gosta de se dar mal. Destruiu uma fazenda altamente produtiva”, acusou.
Na quinta-feira, num evento em Alagoas, o presidente chamou Lula de “ladrão de
nove dedos”. “A Caixa (Econômica Federal), lá atrás, com aquele ladrão de nove
dedos, dava prejuízo. Em nosso governo, com a liberdade que você tem, mais que
lucro, ela traz benefícios para todos nós do Brasil”, disparou. Na ocasião, o
ministro do Turismo, Gilson Machado, também criticou o petista, afirmando que
Bolsonaro não precisa “tomar uma dose de cachaça para ficar no meio do povo”.
As investidas de Bolsonaro contra Lula aumentaram após pesquisa do DataFolha,
divulgada na quarta-feira, mostrar que o petista tem 41% das intenções de voto,
contra 23% do chefe do Planalto. No segundo turno, seriam 55% para o
ex-presidente e 32% para o atual mandatário.
Pressão no médico
O presidente Jair Bolsonaro
contou ter pressionado seu médico para que lhe receitasse cloroquina quando ele
foi diagnosticado com covid-19, em julho do ano passado. A declaração foi feita
durante passagem por Mato Grosso do Sul. “Eu, quando senti o problema, chamei o
meu médico. (...) Ele falou: ‘Você está com todos os sintomas’. Daí, eu peguei
a caixinha de cloroquina, e ele falou: ‘Ah, vamos esperar um pouquinho mais’.
Eu disse: ‘Ô, bicho, você quer voltar para a tropa ou quer que eu tome
cloroquina agora?’”, relatou. O medicamento não tem eficácia comprovada contra
a doença.
Na ocasião em que recebeu diagnóstico positivo para o novo coronavírus,
Bolsonaro passou cerca de 15 dias em quarentena, despachando por
videoconferência na residência oficial. “A saúde é minha. É uma doença que
ninguém sabe quase nada sobre ela. No dia seguinte, eu estava bom. Muita gente
tomou isso, tomou ivermectina”, frisou. “Agora, tem um novo (medicamento) que
chegou aí. Chegou outro que não vou falar o nome aqui porque vai ser
criminalizado e salvou muitas vidas.”
“Eu não sou médico, não. Quando tenho problema de estômago, sabe o que eu tomo?
Coca-Cola. Ninguém me vem encher o saco, dizer que eu tenho de tomar outra
coisa. O bucho é meu”, afirmou. “Daí, pintou o caso da cloroquina nesta
pandemia. Quem é contra, é um direito dele. Agora, não vai querer criminalizar
quem a use.” (IS)
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