Sim, a conta de luz já está
com a bandeira vermelha, até então a mais alta de energia, mas deve ficar ainda
mais cara nas próximas semanas. Entenda a mudança e quando ela se reflete no
seu bolso.
O aumento médio na conta de
luz deve ser de mais de 7%, de acordo com as estimativas da Agência Nacional de
Energia Elétrica (Aneel). O motivo é um reajuste que a agência irá fazer nas
bandeiras.
O sistema de bandeiras
funciona da seguinte forma: todos os meses, as pessoas pagam pelo seu consumo
de energia. Dependendo das condições de abastecimento no país, pode haver
um acréscimo ao valor final da conta – esse acréscimo é a bandeira, que pode
ser verde, amarela, vermelha patamar 1 e vermelha patamar 2. A cada bandeira, o
acréscimo vai ficando mais caro.
Atualmente, a conta de luz já
está na bandeira mais alta (vermelha patamar 2), portanto, o aumento que
acontecerá em breve vem de um reajuste no próprio valor das bandeiras: até o
fim de junho, a Aneel deve deixá-las cerca de 20% mais caras, o que, por sua
vez, deve impactar a conta final dos brasileiros em mais de 7%.
POR QUE AS BANDEIRAS ESTÃO
SENDO REAJUSTADAS?
Reajustar as bandeiras é uma
prática comum, mas raramente o aumento é tão alto. Isso está acontecendo agora
porque o Brasil passa hoje pela pior crise hídrica dos últimos 91 anos.
Segundo o diretor-geral
da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), André Pepitone, a falta de
chuvas está atrapalhando o abastecimento de energia do país, já que 65%
da matriz energética brasileira vem de hidrelétricas.
Em outras palavras, as
hidrelétricas não estão dando conta de abastecer a população. Por isso, é
necessário usar também as usinas termelétricas – que são mais caras.
A expectativa é que essa crise
hídrica fique ainda mais grave nos próximos meses e que o uso das termelétricas
deverá custar cerca de R$ 9 bilhões até novembro de 2021. Segundo Pepitone,
isso provavelmente significará mais um reajuste de 5% na tarifa básica em 2022
– o que vai aumentar ainda mais a conta de luz (ou seja, luz ainda mais cara no
ano que vem).
QUAL É O VALOR DAS BANDEIRAS
HOJE?
Hoje, as bandeiras são
divididas entre verde, amarela e vermelha, com patamares 1 e 2, da seguinte
forma:
- Bandeira verde: não há cobrança
adicional à tarifa base. Ela é usada quando a produção de energia pelas
usinas hidrelétricas está favorável e os reservatórios cheios;
- Bandeira amarela: é cobrado R$ 1,34
por 100 Kwh consumidos, acrescidos na tarifa. Ela é usada quando as
condições já estão ruins, mas ainda não é um cenário crítico;
- Bandeira vermelha patamar 1: a
cobrança adicional é de R$ 4,16 por 100 Kwh. Esta bandeira é usada em
cenários de escassez;
- Bandeira vermelha patamar 2: o
adicional sobe para R$ 6,24 por 100 Kwh. Ela é usada apenas quando o
cenário de abastecimento é crítico, e as hidrelétricas não conseguem mais
suprir a demanda por energia.
A Aneel ainda não definiu o
valor exato do reajuste para as bandeiras, mas o diretor-geral afirmou que essa
decisão deverá ser anunciada até o dia 30 de junho. A expectativa é
que gire em torno de 20%.
Atualmente, o consumidor
está sendo cobrado pela bandeira vermelha patamar 2, ou seja, a mais
crítica. Porém, com o possível reajuste de 20% nas bandeiras, o novo valor deve
ser superior a R$ 7,50 por 100 Kwh consumidos. Em consulta pública recente
realizada pela Aneel, o valor sugerido foi de R$ 7,57.
Para se ter uma ideia, a sua
geladeira consome, em média, 53 Kwh ao mês. Ou seja, apenas deixar a geladeira
ligada vai custar, proporcionalmente, cerca de R$ 4,01 a mais por mês.
O impacto do primeiro aumento
já deve ser sentido no bolso do consumidor nos próximos meses.
CONTA DE LUZ: QUAIS SÃO OS
SEUS DIREITOS?
A Aneel também anunciou a
prorrogação por mais 90 dias da proibição ao corte de energia elétrica por
falta de pagamento de famílias de baixa renda.
Ou seja: famílias de baixa
renda (que estão cadastradas para pagar a tarifa social) não poderão ter a luz
cortada por falta de pagamento pelo menos até setembro.
A decisão deve assegurar que
mais de 12 milhões de consumidores não sofram com a falta de energia. “O
objetivo da agência é atenuar o sofrimento, resguardar o consumidor mais
carente sem comprometimento das concessionárias de energia”, acrescentou
Pepitone.
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