Brasileiros vêm sofrendo com a inflação alta e a perda do poder de compra
"Tá
parecendo que tudo está com preço de aeroporto". Foi com essa frase que um
usuário do Twitter levantou, na última semana, um debate que vem atordoando
muitos brasileiros atualmente: o aumento dos valores pagos em produtos e
serviços. Mas, você sabe por qual motivo itens como botijão de gás, luz,
gasolina e até os alimentos estão "pesando no bolso do trabalhador"?
Tá parecendo que tudo tá com preço de aeroporto.
— O vacinado (@wyronshow) August 20, 2021
Segundo o
economista Fernando Amorim, técnico do Departamento Intersindical de
Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), a alta no preço de itens
essenciais no nosso dia a dia foi provocada por uma combinação de fatores,
sendo os principais: a desvalorização cambial, a alta global do preço das
commodities (produtos elaborados em larga escala e que funcionam como
matéria-prima, como arroz, soja e milho, por exemplo) e a crise hídrica.
Ainda de acordo
com Amorim, cada família é atingida de uma maneira pelo aumento dos preços,
porém os mais pobres são os que mais sofrem. "As pessoas mais pobres não
têm como se defender do processo inflacionário, pois gastam quase tudo que
ganham com itens básicos", explica.
O mês de agosto
registrou alta de preços de 0,89%, segundo o Índice Nacional de Preços ao
Consumidor Amplo 15 (IPCA-15), medido pelo Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE). O valor foi considerado a maior variação para um mês de
agosto desde 2002. Já o IPCA acumulado dos últimos 12 meses subiu para 9,30%,
diz o levantamento.
ENTENDA POR
QUAL MOTIVO CADA ITEM AUMENTOU
GASOLINA E
BOTIJÃO DE GÁS
O preço dos
combustíveis, como o Diesel e a Gasolina, e do botijão de gás estão mais caros
basicamente por dois motivos: o aumento do preço do petróleo e a cotação do
dólar. Em 2019, no governo de Michel Temer (MDB), a Petrobras passou a
reajustar os preços dos combustíveis e do gás de acordo com a demanda do mercado,
o que inflacionou o valor do reajuste. Anteriormente, esse preço era revisado
de três em três em meses, considerando uma média de cotações dos últimos 12
meses. "Essa é a razão dos noves aumentos da gasolina que já foram feitos
em 2021", analisa o economista e professor do Ibemec Rio, Gilberto
Braga.
Neste mês, o preço médio da gasolina no país chegou a R$5,99, batendo R$ 7 em alguns estados, de acordo com a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). Já o preço médio do botijão de gás de 13 kg é de R$ 93. Entretanto, há locais em que esse valor já ultrapassa os R$ 100, diz a ANP.
ALIMENTOS
A alta dos
alimentos também é impulsionada pela alta do dólar, já que algumas commodities,
como arroz e feijão, são cotadas de acordo com a moeda americana. Isso faz com
que os produtores nacionais prefiram exportar do que vender para o mercado
interno, reduzindo a oferta doméstica. “Além disso, houve um aumento da
demanda, já que a procura das pessoas por alimentos cresceu, devido a mudanças
na jornada de trabalho, com mais gente em casa”, contextualiza Braga.
A seca no
país, que afeta a produção de alimentos, é outro fator apontado por
especialistas como encarecedor dos itens alimentícios.
LUZ ELÉTRICA
A crise hídrica que o País vem enfrentando, considerada por ambientalistas a maior em 91 anos, é apontada como a principal causa no aumento da conta de luz. A falta de chuvas fez com que as usinas hidrelétricas fornecessem menos energia e, com isso, o governo precisou acionar as usinas termelétricas, que são mais poluentes e caras. “Por conta disso, está sendo cobrada a bandeira tarifária vermelha, que é mais custosa”, aponta Braga.
PERSPECTIVAS NÃO SÃO AS MELHORES
Se o atual momento preocupa, o futuro próximo também parece não oferecer as
melhores perspectivas. O relatório "Focus", divulgado na
segunda-feira (23) pelo Banco Central (BC), projetou que a inflação
atingirá 7,11% este ano. A nova estimativa está muito acima da meta estipulada
pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), de que o índice ficasse entre 2,25% e
5,25%.
Para Gilberto
Braga, um dos motivos para a situação econômica na qual o Brasil se encontra
foi ocasionada pela pandemia e a forma como o governo lidou com a situação.
"Esse desarranjo quando combinado com a demora do Brasil em optar pela
imunização, tornou o planejamento árduo e imprevisível. As notícias
desencontradas se tem ou não vacina deixou o ambiente produtivo muito
instável", disse.
Outro ponto
observado por Braga, é a antecipação da pauta eleitoral, levantada pelo
presidente Jair Bolsonaro (sem partido). "O adiantamento desse debate
prejudica, já que esse contexto não favorece a queda de preços e travam os
investimentos. O ideal é que nós tivéssemos um cenário confortável para
vislumbrar quais seriam os próximos passos", avalia.
"O preço
da energia elétrica vai continuar a subir, o combustível também. Ao meu ver, a
solução é o governo mudar a política de preços da Petrobras e gerir a
crise hídrica", aposta Amorim.
CONFIRA DICAS PARA LIDAR COM A INFLAÇÃO ALTA:
- Pesquise e compare preços: não sair comprando a primeira opção
pode fazer com que o consumidor economize no valor final;
- Faça substituições: outra forma de tentar amenizar o alto custo
dos produtos, é fazendo substituições de marcas que estava habituado a comprar
por opções mais baratas ou até de itens, como comprar frango ao invés de carne
vermelha.
- Reveja as finanças, negocie e corte custos: uma boa revisão com
os gastos também pode proporcionar uma economia. Aqui vale verificar
assinaturas e negociar os valores pagos em mensalidades escolares, aluguéis,
empresas de comunicação e bancos, por exemplo.
PUBLICIDADE
Enfim, gostou das nossas
notícias?
Então, nos siga no canal do
YouTube, em nossas redes sociais como o Facebook, Twitter e Instagram. Assim
acompanhará tudo sobre Cidade, Estado, Brasil e Mundo.
O conteúdo do Macajuba
Acontece é protegido. Você pode reproduzi-lo, desde que insira créditos COM O
LINK para o conteúdo original e não faça uso comercial de nossa produção.