Vídeo flagrou crime; moradores apontam racismo, mas ele alega que foi agredido
Um homem de 34
anos foi morto a tiros na tarde do domingo (22) no Largo Dois de Julho, em
Salvador. Welton Lopes Costa foi baleado durante uma discussão com um
idoso de 98 anos. Um vídeo feito por uma testemunha flagrou o momento do crime.
Outro registro mostra o momento em que o irmão da vítima e outras pessoas
impedem o idoso de sair do local.
"Por que o
senhor fez isso com meu irmão? É um pai de família, trabalhador. Você vai ficar
aqui. Você está preso em flagrante", diz o irmão de Welton nas imagens. O
filho de 14 anos e a esposa da vítima também presenciaram o crime - ela também
ficou ferida.
Segundo
moradores, Welton comprou um carro novo ontem e estava celebrando. Todos os
envolvidos moram na região. A esposa dele, Jennifer, que trabalha em uma
padaria da região, demorou para voltar para casa e ele acabou indo até o local
para buscá-la porque os dois filhos estavam com fome. Na volta para casa, os
dois começaram a brigar.
O suspeito, um
idoso identificado como Tzeu, que é policial militar aposentado, segundo
os moradores, estava bebendo em uma churrascaria próxima desde cedo. Ele viu a
discussão e se aproximou. O vídeo mostra que ele seguiu o casal, mas foi
ignorado pelos dois. O idoso é conhecido como uma pessoa temperamental e
agressiva pelos moradores da região, que dizem que é normal ele andar armado.
As imagens não mostram nenhum tipo de agressão - a cena sai de foco, mas logo é
possível ouvir os disparos.
Foto: Divulgação |
Testemunhas
contam que ouviram ele dizer: "Olha para cá, seu filho da puta!".
Welton chega a virar - momento em que o idoso atira três vezes. Dois tiros
atingiram Welton no peito e o terceiro atingiu Jennifer no pé. O filho
adolescente, que tinha acompanhado o pai, se afastou ao notar a presença de
Tzeu, justamente por saber do histórico dele, mas voltou ao ouvir a confusão e
viu o pai ser baleado. Welton chegou a ser socorrido ao Hospital Geral do
Estado (HGE), mas não resistiu. Jennifer foi levada para a mesma unidade.
Logo depois do
crime, o idoso é dominado pelos moradores. Levado para a delegacia, ele alegou
que agiu para se defender após ser agredido no braço, de acordo com as
testemunhas. Também contou que Welton estava agredindo a mulher, o que não
aparece nas imagens. Os moradores dizem que a lesão no braço dele foi do
momento após o crime, quando parte das pessoas tentou linchar o idoso e outra
parte impediu. Uma equipe do 18º Batalhão da Polícia Militar foi até o
local após o crime.
"Ficamos
sabendo na delegacia que o assassino disse que atirou porque Welton teria
agredido ele primeiro. Isso é mentira. Todos viram que isso não aconteceu e as
imagens mostram também que ele é mentiroso, que a todo momento era ignorado por
Welton e a mulher. Depois que ele matou Welton, as pessoas queriam linchar ele,
por isso ele ficou com uma marca no braço", contou um comerciante.
Em nota, a
Polícia Civil diz que o caso é investigado pela 3ª Delegacia de Homicídios
(DH/BTS). O idoso foi ouvido e liberado, mas continua sendo investigado,
informa a instituição. A arma, um revólver calibre 32, foi apreendida e imagens
de câmeras de segurança serão analisadas. O suspeito poderá ser indiciado por
homicídio e tentativa de homicídio.
Moradores
protestam
"Até agora a ficha não caiu ainda. O cara estava bebendo comigo à tarde,
comemorando a compra de um carro. Ele (Tzeu) matou um cara de ouro. Tudo que eu
precisava, ele me ajudava . Outro dia, disse que estavam me roubando e ele
ofereceu a instalação das câmeras de segurança, mas disse que estava sem
dinheiro. Ele então respondeu: 'Relaxe! Você me paga com cerveja'. Ele era um
cara fabuloso", disse um amigo da vítima, que tem uma pizzaria no bairro.
Welton trabalhava instalando ar-condicionado e câmeras de segurança.
Depois do
crime, moradores picharam "Vai morrer, velho assassino" em um prédio
da região que é de Tzeu, e onde ele mora com a família. A esposa e dois filhos
dele deixaram o local. Ambos são adultos e já teriam conhecimento das atitudes
agressivas do pai na região. Houve um protesto em frente ao local. O grupo
ateou fogo a objetos no local e bombeiros foram até lá e contiveram as chamas.
Moradores
contam que ontem também Tzeu atirou contra um morador de rua que teria mexido
em plantas que ele cuidava no local. O tiro não atingiu o rapaz. Para eles, o
crime foi motivado por racismo de Tzeu, que também não gostava de moradores de
rua e crianças e se envolvia sempre em confusões.
Foto: Arisson Marinho/CORREIO |
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