Casos de PMs
da ativa convocando para atos serão tratados dentro da lei, afirma
O governador
Rui Costa (PT) criticou o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e o governo
federal ao falar nesta terça-feira (24) da reunião com colegas de outros
estados. Ele também comentou a possibilidade de uma 'infiltração bolsonarista'
na Polícia Militar dos estados - um
coronel foi afastado do cargo ontem pelo governador de São Paulo após
convocar para ato pró-Bolsonaro e contra o STF, o que é proibido por lei a
militares da ativa.
Rui disse que
acredita nas instituições brasileiras e duvida de um golpe. "A PM não
é instituição de governo, é do Estado brasileiro, da Bahia, da população. Minha
opinião é de que qualquer uma, Forças Armadas, PM, não pode estar a serviço
político de nenhum partido e nenhuma ideologia. Tem que estar a serviço do
Estado brasileiro e baiano. Tem uma lei maior que nos rege a todos que é a
Constituição. Não acredito em nenhuma hipótese que ninguém vai se meter numa
aventura dessa. Nem as Forças Armadas e muito menos as Polícias Militares, vão
se meter numa aventura desastrosa dessa", avalia. "Qualquer aventura
seria o caos completo".
Ele fez uma
alusão direta ao presidente Jair Bolsonaro. "O Brasil não é
Afeganistão, não vai virar um Afeganistão e não vai virar um país de 10ª
categoria que qualquer incompetente e aventureiro vai promover a desordem. Se
lá atrás ele (referência a Bolsonaro) tentou explodir um quartel e por isso foi
afastado do Exército, hoje ele não vai explodir o Brasil porque o povo não vai
permitir. Basta esse sofrimento de quatro anos", diz.
O governador
afirmou que situações similares à de São Paulo, se ocorrerem na Bahia serão
tratadas como manda a lei. "Eu acredito e vou continuar defendendo as
instituições brasileiras. Independente delas terem virtudes ou defeitos, mas
são nossas instituições e nós temos que corrigí-las, trabalhar para que sejam
mais fortes e melhores, dentro da regra do jogo democrático. Não tenho dúvida
que assim faremos. Eventualmente comportamentos que não correspondam ao que
está na Constituição e na lei têm que ser tratados dentro da Constituição e da
lei".
Reunião com
governadores
Rui disse que o encontro com governadores teve basicamente duas pautas: projetos
em tramitação que ele entende que prejudicam o povo e também a situação de
"drama" que vive o Brasil com aumento da pobreza e piora de índices
econômicos.
"A exemplo
da lei que modifica o Imposto de Renda, que só para Bahia dá prejuízo direto e
imediato de R$ 750 milhões a menos. Com esse projeto, a Bahia enfrentará ainda
mais dificuldade. Além de outros projetos que estão no Congresso que dão
expressivo prejuzído ao povo baiano, nordestino, brasileiro", exemplificou
o governador. O projeto que altera o IR está em tramitação e a Bahia deve
ser o estado que terá mais cortes de verbas caso ele seja aprovado, segundo um
estudo.
Em seguida, o
governador falou do momento que vive o país, atribuindo culpa ao governo
federal. "A segunda pauta era o drama que o Brasil vive com aumento
do desemprego, piora dos indicadores econômicos, aumento da inflação, aumento
da pobreza, a escassez de produtos que hoje presenciamos, que viaibilizaria
eventualmente a retomada da economia. A dificuldade de relacionamento com
vários países do mundo. Tudo isso provocado pela incapacidade do governo
federal de fazer gestão e pelo excesso, que na minha opinião, é usado para
esconder essa incapacidade. O governo aumenta tom e agressividade com
instituições, governadores, prefeitos, e judiciário [para desviar o foco dos
problemas]", disse.
Ele continuou:
"Isso é péssimo para o cidadão comum, que todo dia há de se perguntar: o
que eu tenho a ver com isso? Tem a ver porque com instabilidade juridica e
instituicional, com insegurança, nós afastamos investimentos externos e
internos, diminui a geração de emprego, aumenta desemprego, e a pobreza. E com
a política econômica atrelada também ao dólar e com essas agressões que o
presidente faz o dólar volta a subir. O impacto direto é a subida dos
combustíveis, alimentos, insumos, e construção civil. O país vive uma tragédia
e ontem o debate foi sobre isso", diz.
Apesar do
encontro e da decisão de tentar abrir um diálogo com o governo federal, Rui diz
que não tem expectativas de mudanças reais. "Na verdade, nós caminhamos
para busca de um consenso entre governadores. Alguns insistiam que temos que
manter sempre a porta aberta e manter o diálogo, mesmo que não acreditemos. Eu
sou dos que sempre buscam garantir o consenso entre governadores, porque
basta o disenso com o presidente. Então caminhamos para uma adesão a essa
proposta que propunha um chamamento à reflexão e diálogo do governo federal,
embora eu pessoalmente não acredite que haverá qualquer alteração do padrão de
comportamento da presidência, porque esse é o modus operandis que ele exercita
desde o primeiro dia do mandato, repito, trazendo enorme prejuizo para a vida
do brasileiro", avalia.
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