Cientistas
do Instituto de Química da Unesp descobriram que parte do veneno da Jararacuçu
inibe em 75% reprodução do vírus
A cobra
brasileira Jararacuçu é a responsável por 90% dos envenenamentos por picadas no
Brasil, de acordo com a Fiocruz (Fundação Osvaldo Cruz). O réptil é temido por
aqui, mas os cientistas do Instituto de Química (IQ), da Unesp (Universidade
Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho), em Araraquara, descobriram que o
veneno dela é capaz de inibir a ação do coronavírus.
Em laboratório,
os pesquisadores separaram um peptídeo (pedaço de proteína) do veneno e
aplicaram em células de macacos. Após uma hora, o SARS-CoV-2 foi colocado no
experimento. Os cientistas constataram que a capacidade de reprodução do vírus
causador da covid-19 caiu 75%. O ensaio foi publicado em um artigo da revista
científica internacional Molecules, na última semana.
A descoberta
pode ajudar na produção de um medicamento para tratar pessoas infectadas coma a
covid-19. O desafio dos pesquisadores é produzir um remédio eficaz contra a
doença, mas que não gere reações adversas para quem usar.
Para o site da
Unesp, Eduardo Maffud Cilli, professor do IQ e um dos autores do trabalho,
afirmou que os primeiros resultados foram animadores. “Nós encontramos um
peptídeo que não é tóxico para as células, mas que inibe a replicação do vírus.
Com isso, se o composto virar um remédio no futuro, o organismo ganharia tempo
para agir e criar os anticorpos necessários, já que o vírus estaria com sua
velocidade de infecção comprometida e não avançaria no organismo", disse
ele.
A Jararacuçu é
a segunda maior serpente do Brasil e o envenenamento dela causa hemorragia,
inchaço e destroem os tecidos na região da picada. Além do Brasil, a cobra é
encontrada na Bolívia, no Paraguai e na Argentina. Por aqui, ela vive nas
regiões Sul e Sudeste, além dos Estados da Bahia e do Mato Grosso do Sul.
O experimento
foi possível, a partir de um estudo, também do Instituto de Química da
Unesp, que descobriu que o peptídeo da cobra tinha atividade
antibacteriana, o que os motivou a realizar novos testes para avaliar se ele
também poderia agir em partículas virais.
A
princípio, os efeitos não foram tão positivos, mas após modificações na
estrutura química da molécula sintetizada no IQ, a atividade antiviral foi mais
efetiva. A eficiência do peptídeo foi testada no Instituto de Ciências
Biomédicas (ICB) da USP, em São Paulo, onde há uma amostra do coronavírus
isolada.
O próximo passo
é avaliar a eficácia de dosagens diferentes do peptídeo e quais efeitos podem
ter na célula, como a de proteção, evitando até mesmo que o vírus a invada.
Após o fim desses testes, os pesquisadores esperam avançar a etapa pré-clínica,
em que será estudada a eficácia do peptídeo para tratar animais infectados pelo
novo coronavírus.
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