A Assessoria
jurídica da Associação dos delegados, representada pelo advogado Leandro
Vasques, considerou a abordagem “inconveniente e desnecessária” e pediu
providências a autoridade policial que preside o inquérito
A delegada
Ana Paula Barroso foi procurada em seu local de trabalho por dois advogados que
representam a rede de lojas Zara. A reportagem do Diário do Nordeste apurou que
a abordagem aconteceu nessa segunda-feira (20). O motivo do contato da dupla
seria solicitar cópia do inquérito instaurado para apurar a denúncia de
racismo contra Ana Paula e buscar a restituição dos equipamentos de vídeo
apreendidos no último fim de semana.
A assessoria
jurídica da Associação dos Delegados de Polícia Civil do Estado do Ceará
(Adepol-Ceará) confirmou as informações e disse que "o encontro inesperado"
aconteceu no Departamento de Proteção aos Grupos Vulneráveis (DPGV) da Polícia
Civil do Ceará (PCCE), onde Ana Paula Barroso é diretora-adjunta.
Para o
advogado e representante da assessoria jurídica da Adepol, Leandro Vasques, a
abordagem foi "inconveniente e desnecessária". A delegada teria
ficado surpresa e dito aos advogados que eles deveriam procurar a responsável
por presidir o inquérito, e não uma das partes envolvidas.
Leandro
Vasques afirmou ainda que “a inusitada visita de advogados da empresa Zara ao
local de trabalho da vítima do crime que está em apuração representa, além de
uma impertinência sem tradução, algo injustificado que não deixa de ser uma
interferência indevida no curso das investigações. Se os advogados da empresa
desejam informações sobre o caso que se dirijam à autoridade policial que
preside o inquérito e não a vítima, que já passou pelo abalo que sofrer a
admoestação racista dias atrás”.
A assessoria
jurídica da Associação pediu providências a autoridade policial que está à frente
da investigação. Até o momento, o caso está com a Delegacia de Defesa da Mulher
(DDM).
ENTREGA
DAS FILMAGENS
A Zara negou
que a delegada Ana Paula Barroso tenha sido vítima de racismo na loja
localizada em um shopping na capital cearense. O estabelecimento ainda contesta
o atraso na entrega das filmagens para a Polícia Civil. Houve, conforme a
reportagem apurou, demora por conta de trâmites internos, como o tamanho dos
arquivos.
Sobre a
abordagem dos advogados, a empresa Zara foi procurada pela reportagem, mas não
respondeu aos questionamentos até a publicação desta matéria.
Em contraponto,
por meio de nota divulgada no domingo (19) a PCCE informou que a apreensão das
imagens só foi necessária após a recusa da Zara em fornecer o material
requisitado. Inicialmente, com as apurações em andamento, as imagens do
circuito de segurança foram pedidas, enquanto o retorno foi negado.
Por conta da
negativa alegada pela PC-CE, foi feita uma representação pelo mandado de busca
e apreensão junto ao Poder Judiciário.Os vídeos foram enviados à Perícia
Forense, inclusive para checar possíveis adulterações, e os laudos devem sair
em até 20 dias, conforme a delegada Anna Nery, da DDM. Testemunhas permanecem
sendo ouvidas pelas autoridades.