Entenda os
motivos que aumentam a possibilidade de novas parcelas do benefício
Diante do
impasse sobre o programa substituto do Bolsa Família, o Auxílio Brasil, já se
intensificam em Brasília ventilações para mais uma prorrogação do auxílio
emergencial.
Este filme
já fora visto duas vezes em 2021. Primeiro, com o retorno do pagamento das
parcelas, após um hiato de janeiro a abril; e depois, em agosto, com o anúncio
de três rodadas extras, as quais se encerram em outubro.
O expediente
é basicamente o mesmo. A proximidade do fim dos pagamentos faz crescer a
pressão política para a continuidade do benefício.
ELEIÇÕES
2022
Sem uma
solução fiscal garantida para subsidiar o novo Bolsa Família e com as eleições
de 2022 batendo à porta, a inclinação do Governo Federal para prorrogar o
auxílio emergencial pode mudar rapidamente.
Convém
lembrar que, em ocasiões passadas, a possibilidade de uma nova esticada nos
pagamentos já havia sido descartada por nomes técnicos do Governo, mas, de lá
pra cá, muito mudou.
O time de
Guedes já deu mostras claríssimas de que está disposto a abrir mão da rigidez
com as contas públicas e até mesmo da saúde macroeconômica para garantir
projetos que elevem as possibilidades de reeleição do chefe.
IOF E
PRECATÓRIOS
Exemplos
disso são as propostas questionáveis, para dizer o mínimo, de aumentar o IOF e empurrar com
a barriga os precatórios, que são dívidas do Governo reconhecidas pela Justiça.
Esta segunda
medida, aliás, ilustra bem a desfaçatez da equipe econômica em agir conforme a
conveniência política e abandonar num piscar de olhos os parâmetros técnicos. O
Governo precisa pagar R$ 89 bilhões aos credores em 2022, mas diz que não pode.
Simples assim.
A questão é
que, para dar vida a tal aberração, o Planalto precisa aprovar uma PEC
(Proposta de Emenda Constitucional). O acordo, apontado como crucial pelo
Governo para asseverar o Auxílio Brasil, vem sendo costurado aos trancos em
Brasília.
TRÉGUA
POLÍTICA
Selar essa
medida é tão importante para os anseios políticos da administração Bolsonaro,
cuja popularidade se desmancha a cada semana, que até a incontrolável boca do
presidente parece ter sossegado em relação à guerra institucional com os demais
poderes.
No entanto,
se não houver consenso - e rápido - para o substituto do Bolsa Família, restará
apelar ao bom e velho auxílio emergencial.
POPULARIDADE
EM BAIXA
Mesmo com a
reabertura das atividades econômicas, a recuperação está lenta, a confiança do
consumidor está baixa, e a inflação, devorando a renda da população.
Essa agenda
econômica vem ajudando a corroer a imagem do presidente, que precisará turbinar
os programas sociais para tentar recobrar algum apoio popular.