Aniversários
infantis costumam ser datas divertidas: crianças correndo por todos os lados,
mesa farta de doces e atividades descontraídas são algumas das características
que tornam esses eventos tão amados. Um vídeo que circulou pelas redes sociais
nesse final de semana mostra, no entanto, que toda brincadeira deve ter limite.
Uma especialista ouvida pelo BHAZ aponta para os riscos que as “pegadinhas”
podem trazer para o desenvolvimento das crianças.
Nas imagens
em questão, um garotinho de quatro anos, prestes a assoprar as velas de seu
bolo, é surpreendido por uma mulher – que, ao que tudo indica, é sua própria
mãe – que se aproveita da inclinação do menino para afundar o rosto dele no
bolo. E a brincadeira, que tinha tudo para ser “engraçada”, não terminou nada
bem: o menino logo se revoltou com a atitude da mãe e começou a chorar e
espernear.
Na tentativa
de amenizar a situação, a mulher começa a abraçá-lo, mas ele continua reagindo
de forma agressiva, dando tapas em seu rosto. Em seguida, o menino de quatro
anos empurra o bolo, que quase cai no chão. Veja o vídeo:
Baby said ain’t nobody eating no damn cake pic.twitter.com/rkxqQ1IeTH
— Mia’s Big Ol Feet (@_ikant) October 16, 2021
Vídeo
acende alerta
Pelo
Twitter, rede em que o vídeo já soma mais de 15 mil compartilhamentos, a
“pegadinha” gerou revolta entre os usuários e também acendeu alerta. Em
resposta à publicação, uma pessoa lembra que a estrutura dos bolos de
aniversário pode conter uma espécie de “canudo” ou até mesmo palitos pontiagudos,
utilizados para dar sustentação, que podem acabar ferindo gravemente a vítima
da brincadeira.
“Informação
pública: Não empurrem a cabeça do aniversariante no bolo achando que vai ser
engraçado! Os bolos estão vindo com palitos pra sustentação. O aniversariante
pode acabar seriamente machucado, [ficando] inclusive sem o olho!!!”, escreveu
o internauta.
Informação pública: Não empurrem a cabeça do
aniversariante no bolo achando que vai ser engraçado!
Os bolos tão vindo com palitos pra sustentação. O aniversariante pode acabar
seriamente machucado inclusive sem o olho!!!
it's dangerous too
— Gen Z Elder Jake (@almost0jake) October 16, 2021
TW//Cake Skewer in eyeball pic.twitter.com/jgxukDMWC6
Outras
críticas, contudo, foram mais direcionadas ao comportamento da mãe.
“Humilhante, desrespeitoso e triste, óbvio que o menino iria se revoltar e
descontar, EU ADULTA iria, quem dirá uma criatura que tá aprendendo a se
comportar e entender os próprios limites/pensamentos”, pontuou outra usuária da
rede social.
‘É muito
sério’
Ao BHAZ, a
psicóloga especialista em terapia cognitivo-comportamental Renata Borja disse
que episódios como esse estão longe, até mesmo, de serem considerados
“brincadeiras de mau gosto”. Para ela, o vídeo revela que os adultos não sabem lidar
com as emoções das crianças.
“É muito
sério isso. Os adultos não aprenderam a validar as próprias emoções e eles não
aprenderam a validar as emoções das crianças também. E o que é ‘validar a
emoção’? É entender que o menino tenha raiva ao passar por uma situação dessa e
também perceber que existem determinados tipos de situação em que não é preciso
colocar a criança”, explica a psicóloga.
‘Brincadeira’
pode ter consequências graves
Ainda
segundo Renata, submeter crianças a situações em que elas são vistas como
“chacota” pode ter sérios desdobramentos no desenvolvimento emocional delas.
Para a especialista, portanto, é papel dos pais ensinar os filhos a lidarem com
episódios desagradáveis e não provocá-los.
“Com os pais
que usam a vergonha como forma de criar os filhos, não é incomum que os filhos
sejam muito ansiosos. Além disso, esse tipo de atitude pode gerar uma raiva ou
medo excessiva. E também, muitas vezes, faz com que a criança entenda que os
pais não são confiáveis e que não podem contar nada para eles”, pondera a
psicóloga.
Outro ponto
que preocupa Renata é a exposição da criança nas redes sociais. Para ela, essa
é uma forma de eternizar a situação vexatória e fazer com que ela seja sempre
lembrada no decorrer da vida da criança.
“Os pais
expõem a criança na internet e aquilo fica lá. E essa criança pode ser gozada
pelo resto da vida por conta daquilo, ou seja, o pai ou a mãe podem estar
promovendo uma possibilidade de bullying dessa criança mais tarde”, explica.