O policial, identificado como Osiel Alves da Silva, foi ao local para cobrar uma suposta dívida, estimada em R$ 40 mil
Uma empresária do Distrito Federal viveu momentos de terror após ser espancada, enforcada e permanecer sob a mira de uma pistola. O autor das agressões e ameaças é um sargento da Polícia Militar (PMDF), lotado no 17º Batalhão de Águas Claras. O episódio ocorreu dentro do escritório da vítima, no Riacho Fundo, na tarde dessa quarta-feira (13/10).
O PM,
identificado como Osiel Alves da Silva, entrou no local para cobrar uma suposta
dívida, estimada em R$ 40 mil. A vítima, que estava no escritório, afirmou não
poder quitar o valor integral e sugeriu o parcelamento do passivo. Contrariado,
o sargento discutiu com a mulher, exigindo a quantia em sua totalidade.
A discussão
acalorada se transformou em agressão quando o militar disse que, então, levaria
todos os objetos da sala comercial. Havia grande quantidade de moeda
estrangeira, pedras preciosas e cheques de altos valores, além de aparelhos
eletrônicos.
Enforcamento
Quando a
empresária do ramo têxtil impediu a ação e tentou retirar o militar do
escritório, teve início uma luta corporal. Com intuito de evitar que o dinheiro
fosse levado, a mulher segurou a blusa do sargento, que reagiu torcendo os
braços dela, jogando-a no chão e, depois, arrastando-a pelos cabelos.
Toda a
violência foi registrada por câmeras do circuito interno de segurança
instaladas nos vários ambientes do escritório. Já em uma antessala, o policial
aplica um mata-leão na mulher, além de virá-la de costas e torcer os braços
dela, dando a impressão de que a algemaria. Irritado, ele levanta a vítima
pelos cabelos e chega a sacar a pistola, apontando a arma para a cabeça da
empresária quando ela esboça uma reação de defesa.
Em seguida,
o praça da PMDF recolhe dólares, euros, folhas de cheque preenchidos com altos
valores, computador, celular e a bolsa da vítima, da marca Louis Vuitton. Antes
de deixar o local, o policial trancou a empresária dentro da sala e levou a
chave. Ela só conseguiu ser libertada alguns minutos depois, após chamar a
atenção de funcionários que estavam em outro andar.
Apresentação
O sargento
se apresentou na 21ª Delegacia de Polícia (Taguatinga Sul) e entregou dinheiro
e cheques que havia pegado na sala da empresária. Policiais militares da
Corregedoria da PMDF estiveram no local para acompanhar o andamento da
ocorrência.
A empresária
foi ouvida em termo de declaração e apresentou sua versão dos fatos. Segundo
ela, cerca de US$ 2 mil, uma folha de cheque preenchida e uma pedra de diamante
certificada no valor de US$ 15 mil desapareceram. A vítima fará exame de corpo
de delito no Instituto Médico Legal (IML) nesta quinta-feira (14/10).
Como se
apresentou espontaneamente, escapando do flagrante, o policial responderá em
liberdade.
A PMDF
informou que “abrirá o devido processo para apurar a conduta do policial e, até
que os fatos sejam elucidados, medidas cautelares serão adotadas, e o policial
será afastado das atividades de policiamento.”
O outro lado
Em nota
enviada ao Metrópoles, a defesa do PM alegou que a empresa da
vítima “acumulou uma dívida de US$ 8 mil e se indispôs a liquidar, apesar de
protelar o pagamento há cerca de 2 anos com promessas semanais de pagamento.
Diante dos fatos, Osiel foi conversar com ela (empresária), como já havia feito
antes e sem esperar ter um final trágico. Primeiro, ela o puxou pelo braço e
afirmou que deveria arcar com o prejuízo, e ela anunciou que é uma
estelionatária. Diante do ocorrido, Osiel ficou enfurecido.”
Além disso,
o policial argumentou que sofreu ameaças. “Quando foi ameaçado com uma faca,
sacou um simulacro para a mulher, que abaixou a faca ao se intimidar. Quando
foi agredido na cabeça por trás, aplicou o golpe mata-leão. Que em momento
algum a puxou pelo cabelo. Que pegou alguns pertences e, imediatamente, se
arrependeu de haver se exaltado e deslocou-se à 21ª DP para registro da
ocorrência de exercício arbitrário das próprias razões e lesão corporal
recíproca. Informa que foi ao IML ontem à noite e que vai entrar com bloqueio
judicial dos bens e contas até total liquidação da dívida.”