Esse
problema no sangue afeta a distribuição de oxigênio pelo corpo, e não tem só a
ver com carência de ferro! Veja como evitar ou tratar os tipos de anemia
O que é
anemia?
A anemia
é definida como uma deficiência nos níveis de hemoglobina, uma proteína dos
glóbulos vermelhos (ou hemácias) do sangue que ajuda a transportar o oxigênio
pelo organismo. Como consequência, diferentes tecidos e órgãos do corpo sofrem
com a falta de oxigenação, o que pode gerar diferentes sintomas. O tratamento
depende do tipo e da gravidade do problema — e vai desde a suplementação de ferro
ou vitaminas do complexo B até o transplante de medula óssea.
Na maioria
das vezes, a anemia é consequência de uma doença ou carência
nutricional, e não uma enfermidade em si.
Sintomas
de anemia
Os mais
frequentes são:
- Palidez da pele e mucosas
- Cansaço
- Falta de apetite
- Dor de cabeça
- Tontura
- Falta de ar
- Dor no peito
- Vontade de comer coisas
estranhas (gelo, terra…)
- No caso das crianças,
dificuldade de aprendizado e concentração
Como esses
sinais são comuns a vários outros quadros, só exames mais detalhados definem a
anemia.
Tipos de
anemia
Eles são
definidos pela causa da anemia — embora os sintomas se assemelhem bastante
entre um e outro. Confira os principais:
Anemia
ferropriva: é
provocada pela carência de ferro, um mineral que integra a hemoglobina e ajuda
na produção das hemácias. É o tipo mais comum de anemia no mundo todo.
“Ela surge
devido a ingestão inadequada de ferro, principalmente na infância, adolescência
e gravidez”, explica o hematologista Fernando Ferreira Costa, coordenador do
comitê de glóbulos vermelhos e de ferro da Associação Brasileira de
Hematologia, Hemoterapia e Terapia Celular (ABHH).
Anemias
por deficiência de vitamina B12 e ácido fólico: “Essas vitaminas do complexo B
são importantes para a manutenção do DNA. Sem elas, o paciente não consegue
fazer as células da medula óssea se dividirem para formarem os glóbulos
vermelhos”, informa Costa.
Quando a
falta desses nutrientes é causada pela dieta inadequada, dá-se o nome de anemia
megaloblástica. Porém, algumas pessoas possuem uma doença autoimune que as
impede de absorver essas vitaminas pela alimentação. Se isso culminar em
redução das hemoglobinas, estamos diante da anemia perniciosa.
Anemia
aplástica: essa
é uma doença autoimune marcada pela redução na produção de diferentes
constituintes do sangue. Ela pode ser hereditária ou, mais comumente, disparada
por certas infecções (HIV,
hepatite, vírus Epstein Barr…) ou exposição a produtos químicos tóxicos.
Essa versão
de anemia acarreta sintomas específicos, como sangramentos involuntários
constantes e manchas roxas pelo corpo.
Anemia
hemolítica: “Em
pessoas saudáveis, os glóbulos vermelhos vivem, em média, 120 dias. Na anemia
hemolítica, o tempo é reduzido para dez a 20 dias”, compara Costa.
Essas
células são destruídas pelos próprios anticorpos do corpo, seja em decorrência
de uma doença autoimune, seja pela ação de medicamentos e reações à transfusão
de sangue.
Anemia
falciforme:é um tipo
de anemia hemolítica hereditária. A hemoglobina dos pacientes com essa doença
tem um formato diferente, que acaba se destruindo com mais facilidade. Eles
sentem dor no corpo e correm maior risco de infecções.
Quais são
os fatores de risco
- Herança genética
- Crianças e adolescentes em fase
de crescimento
- Gestantes
- Idosos
- Mulheres com fluxo menstrual
intenso
- Pessoas que seguem dietas
restritivas ou pobres em nutrientes (pessoas vegetarianas ou veganas devem
conversar com profissionais)
- Pacientes com doenças crônicas,
autoimunes ou que causam sangramentos
Como é o
diagnóstico
A
identificação da anemia se baseia principalmente na história do paciente e em
um hemograma, o popular exame
de sangue.
“Mas também
precisamos identificar o tipo e as razões da anemia. É necessário saber o
porquê de ela ter aparecido”, pontua Costa. Isso pode exigir testes
complementares.
Definir a
versão de anemia nem sempre é fácil. Casos complexos em geral precisam ser
encaminhados para um hematologista.
A anemia
tem cura? Como funciona o tratamento
As anemias
provocadas por desajustes na alimentação são facilmente tratáveis com suplementação
(por via oral ou injetável), que sempre deve ser recomendada por um
especialista. Em paralelo, a pessoa será orientada a acertar sua dieta.
Se o aporte
de ferro ou de vitaminas do complexo B for normalizado, pronto: a anemia tende
a desaparecer.
Já outras
situações envolvem tratamentos mais delicados. “Para lidar com a aplástica, por
exemplo, temos que fazer um transplante de medula óssea 100% compatível”,
avisa Costa.
“Na
falciforme, a terapia básica se inicia nos primeiros anos de vida com o intuito
de prevenir complicações e infecções. São aplicadas vacinas e antibióticos
profiláticos”, acrescenta o expert. O paciente precisa de um acompanhamento
multiprofissional por toda a vida.
Como
prevenir a anemia
As anemias
com razões autoimunes e hereditárias, infelizmente, não são preveníveis. Mas as
geradas por deficiências nutricionais, sim.
Para
começar, não deixe de investir em uma alimentação rica em ferro, vitamina B12 e
ácido fólico. Você encontra esses itens em frutas, verduras, cereais,
leguminosas, leite, carnes e ovos.
Uma dica para
quem não come carne é valorizar as frutas ricas em vitamina C. Essa substância
potencializa a absorção do ferro presente nas leguminosas. Os veganos
especificamente precisam fazer suplementação de B12, um nutriente encontrado
apenas em itens derivados de animais.
“Além disso,
é importante saber que existem fases da vida nas quais necessitamos de
suplementos, sempre sob recomendação médica”, pontua Costa.
Na gravidez,
o obstetra deve repor o ferro da mulher, pois o feto exigirá uma quantidade
maior do mineral. Adolescentes também têm que ficar de olho nos níveis de
ferro. Já idosos tendem a sofrer com a carência de B12.
Por
fim, o aleitamento materno é especialmente importante para evitar a
anemia em bebês, especialmente nos com 6 meses de vida ou menos. “Se no
primeiro ano a criança não for amamentada, provavelmente precisará de
suplemento de ferro. Isso precisa ser avaliado pelo pediatra”, finaliza Costa.