Substituto
do Bolsa Família não contempla beneficiários de outros programas sociais, por
causa da faixa de renda. Programa começou a ser pago nesta quarta (17), mesmo
dia em que o Auxílio Emergencial paga última parcela.
O Auxílio
Brasil começou a ser pago nesta quarta-feira (17) – mesmo dia em que o governo
federal liberou o saque da última parcela do Auxílio Emergencial. Beneficiários
do programa assistencial criado durante a pandemia relatam desespero com
futuro, porque não se enquadram nas faixas de renda do substituto do Bolsa
Família.
Os
beneficiários do Auxílio Brasil são as pessoas que vivem nas linhas de pobreza
(com renda entre R$ 100 e R$ 200) e extrema pobreza (com renda de até R$ 100).
Nas filas em
agências da Caixa Econômica, a preocupação era a mesma: como sobreviver sem o
dinheiro pago pelo programa emergencial? Veja os relatos:
Salvador
Jaqueline
Santana, que mora na capital baiana, está desempregada e mora com a mãe e o
padrasto. Pelos critérios atuais, diz que não se enquadra no perfil atendido
pelo Auxílio Brasil:
- SAQUES: como
será pago?
- QUEM RECEBE: Preciso
me inscrever?
- BENEFICIÁRIOS DO AUXÍLIO
EMERGENCIAL: como
ficam?
- CALENDÁRIO: veja
datas dos pagamentos
"A
minha sorte é que eu moro com minha mãe e com meu padrasto, e minha mãe me
ajuda no que falta, mas eu estou procurando trabalho. Eu não fiz o
recadastramento do CadÚnico, porque a renda que eles [governo federal] pedem é
muito mínima, e eu não me enquadro na renda. Então, nessa situação, eu fico sem
receber o auxílio e procurando o emprego ao mesmo tempo", relatou ela.
"E a
dificuldade batendo na porta, porque a gente precisa de alimentação. Não é para
comprar roupa e perfume, é para comer. É muita dificuldade".
Jaqueline Santana está desempregada e é beneficiária do Auxílio Emergencial. Ela não se encaixam em Auxílio Brasil relatam desespero com futuro — Foto: Itana Alencar/g1
Ana Eliza
Moutinho, que também está desempregada e tem sobrevivido com trabalhos
informais também destacou a preocupação.
"Eu
estou sobrevivendo com bicos, porque meu marido também está desempregado. A
gente junta dinheiro, vende água, bala, salgados quando dá. Só o nosso aluguel
é R$ 250. Em um mês a gente consegue uns R$ 300 e vive como dá. Sem o auxílio,
a gente fica meio perdido, não é?"
Ela diz que
queria que tivesse mais parcelas do Auxílio Emergencial. "Eu procurei a
fila lá do cadastro [CadÚnico], mas não adiantou nada porque não encaixo no
dinheiro [faixa de renda] que o governo pede para esse benefício novo",
lamentou.
Beneficiários de Auxílio Emergencial que não se encaixam em Auxílio Brasil relatam desespero com futuro — Foto: Itana Alencar/g1
A situação
de "não encaixe" nos parâmetros exigidos do Auxílio Brasil se repetiu
em vários beneficiários do Auxílio Emergencial, encontrados pelo g1 Bahia nesta
quarta-feira. Outro foi o catador Juarez, que preferiu não informar o
sobrenome.
"Moro
com minha esposa, minha filha e meu enteado. Minha esposa é dona de casa, e
minha filha trabalha como [atendente de] telemarketing. O salário dela é o que
ajuda a complementar com o dinheiro que eu ganho de reciclagem para o nosso
sustento", ponderou ele.
"Não
é só porque eu não ganho R$ 100 que eu não passo dificuldade. Eu acho errado
esse valor tão baixo", argumentou.
Recife
Beneficiários de Auxílio Emergencial que não se encaixam em Auxílio Brasil relatam desespero com futuro — Foto: Itana Alencar/g1
Não é só em
Salvador que a incerteza sobre os auxílios foram registradas. Em Recife,
Creusa Santana, que está desempregada há quatro anos, também foi receber a
última parcela no benefício emergencial, com a esperança de receber o Auxílio
Brasil.
“Tem muita
mãe de família que não tem nem nada para dar aos filhos, a situação tá
complicada. Eu vou receber essa última parcela e vou lá na Central de
Atendimento [do Cadastro Único]. Quero ver se vou receber esse novo
auxílio", explicou.
No mesmo
local, Severino Francisco contou que chegou ainda na madrugada para sacar a
última parcela. Desempregado há três meses, a situação da família também está
incerta. “A gente fica sem saber o que fazer. Não sei se vou conseguir o novo
auxílio, vou tentar ainda”, declarou.