'Não aceito ultimatos', diz Rui Costa sobre o Carnaval

Governador disse que reconhece legitimidade de pedido de empresários, mas que não é hora de decidir

 


Após a Câmara Municipal de Salvador aprovar um requerimento estabelecendo um prazo para decidir sobre a realização do Carnaval, o governador Rui Costa afirmou que não vai aceitar ultimatos de ninguém. Nesta quarta-feira (10), ele voltou a dizer que vai continuar pautando suas decisões a partir dos números da pandemia e afirmou que o número de contaminados pela covid-19 parou de cair há 60 dias.

"Olha, eu não aceito ultimato de ninguém quando se trata de vida humana. Não aceito e não aceitarei ultimato de ninguém. Reconheço a legitimidade de quem é investidor e de quem tem no Carnaval a sua atividade econômica, quem investe em camarotes, blocos, quem teve resultado positivo de R$ 5 milhões, R$15 milhões, acho que isso faz parte da atividade econômica da Bahia, gera emprego, gera renda. Mas, do outro lado, eu tenho 15 milhões de pessoas que eu tenho que cuidar da saúde", afirmou.

Rui relembrou os diversos protestos e manifestações que atravessou durante a pandemia por manter regras sanitárias mais rígidas, mas que isso trouxe como resultado a segunda menor taxa de mortalidade por covid-19 no Brasil. "Nós passamos por grandes turbulências, tivemos carreatas, buzinaços, e nós ultrapassamos isso tudo. Eu imagino que cada baiano possa se orgulhar que quando a gente olha os 27 estados e olha o número de mortes e olha a Bahia com a segunda menor taxa de mortalidade de covid do Brasil. Tenho que me orgulhar do que fizemos", completou.

Para o governador ainda é cedo para decidir sobre a realização do Carnaval, pois o futuro da pandemia é incerto. Rui ressaltou que uma decisão precipitada pode trazer outros prejuízos. "Nós não vamos anunciar nenhuma festa de forma precipitada. Se anuncia hoje que terá Carnaval, e em dezembro os casos explodem, eu vou ter que cancelar, e eu vou ser processado por vários empresários, alegando prejuízos. Do mesmo jeito que se eu anunciar que não vai ter Carnaval, e em dezembro os números caírem, por que não fazer?", explicou o governador, que disse entender o apelo dos empresários por uma resposta mais rápida.

"Se as coisas estiverem bem, nós sabemos fazer carnaval, em um mês a gente tem condições de organizar o Carnaval para o povão. Tem condição de contratar trio, artistas. Evidente que quem precisa empresariar o Carnaval, precisa de mais tempo. Eu gostaria de tomar essa decisão, mas não tomarei de forma pressionada", finalizou. 

'Prazo é da doença'
A secretária estadual da Saúde (Sesab), Tereza Paim, também disse que ainda é precoce tomar a decisão. Nesta quarta-feira (10), a secretária afirmou que a discussão é permanente e tem embasamento científico.

"O prazo é o prazo da doença e a gente precisa respeitar isso, com base científica. As pessoas precisam estar vacinadas e precisam continuar usando máscaras. A qualquer momento, se a curva diminui ou ela aumenta, a responsabilidade é do governo o estado. Portanto, ainda é precoce ter qualquer afirmação em relação ao Carnaval. No momento certo, exato, nós vamos ter [uma resposta]", disse a secretária.

Requerimento na Câmara
A Comissão Especial de Acompanhamento da Retomada dos Eventos da Câmara Municipal de Salvador (CMS) aprovou um relatório, nesta terça-feira (9), com 10 recomendações sobre como deve ocorrer a festa após a pandemia da covid-19, e deu um prazo de 5 dias para que o prefeito de Salvador, Bruno Reis (DEM), e o governador da Bahia, Rui Costa (PT), cheguem a uma definição sobre o Carnaval de 2022. O documento foi obtido com exclusividade pelo CORREIO. 

A Comissão indica aos gestores que o Carnaval será de forma reduzida. Pelo texto, não haveria Fuzuê, Furdunço ou Pipoco: a festa terá, no máximo, sete dias, e não 10, como oficialmente acontece. Para entrar na folia, é preciso apresentar o comprovante de vacinação com as duas doses da vacina contra o novo coronavírus, que serão conferidos por meio de acessos e portões de controle, com a ajuda da Polícia Militar da Bahia (PM-BA). A entrada de turistas nos portos e aeroportos será controlada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). 

O vereador Claudio Tinoco (DEM), presidente da Comissão, ressalta que o documento é uma recomendação e um resultado das opiniões ouvidas nas duas audiências públicas realizadas. Portanto, as medidas não são obrigatórias ou arbitrárias. “Este é o prazo limite para que as providências no âmbito do poder público e da iniciativa privada tenham condições de serem executadas. Uma licitação pode levar 90 dias para ser concluída, sem contar com o lançamento e comercialização dos blocos e produção”, explica Tinoco. De segunda (15/11) até 23 de fevereiro, data do Carnaval 2022, o período é de 100 dias.

Além de Claudio Tinoco, a Comissão que discute a retomada de eventos na Câmara é formada por oito vereadores: o vice-presidente Anderson Ninho (PDT), André Fraga (PV), Cris Correia (PSDB), Daniel Alves (PSDB), Leandro Guerrilha (PL), Marta Rodrigues (PT), Ricardo Almeida (PSC), e Sílvio Humberto (PSB). Com exceção de Silvio Humberto e Marta Rodrigues, os demais aprovaram o documento, que inclui também dados de queda dos indicadores da pandemia e aumento da vacinação. 

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