Quem fizer Carnaval sem liberação não terá segurança da Polícia Militar, diz Rui

Governador voltou a criticar pressão para decidir sobre a festa em 2022

 


O governador Rui Costa voltou a fazer críticas sobre a pressão para a realização do Carnaval no próximo ano. Durante a inauguração do Polo da Beleza do Grupo Boticário, em Camaçari, nesta quinta-feira (18), ele ressaltou que a Bahia tem 2.500 casos ativos de coronavírus.

"Repito: não colocarei a população baiana em risco dando uma definição sobre o Carnaval agora, quando estamos com 2,5 mil casos ativos na Bahia e com o coronavírus voltando com força em diversos países. O Carnaval não pode estar acima da vida das pessoas", afirmou.

Ele reafirmou que eventos que aconteçam sem liberação prevista no decreto em vigor no estado não terão apoio da Polícia Militar para segurança.

"Eu não tomarei medida de liberação de Carnaval ou qualquer outro evento público e estou informando as prefeituras. Quem fizer atividade de rua, desrespeitando o decreto, não terá a participação do estado e da Polícia Militar. Quero avisar a toda a população que não se coloque em risco, porque nós não apoiaremos esse tipo de eventos que não respeitam a vida humana e a saúde do próximo", disse.

O governador também falou que a pandemia tem mostrado que é importante respeitar a ciência e a vida. "O coronavírus tem mostrado à humanidade que precisamos ter mais humildade e acreditar na ciência. O vírus tem nos ensinado a ter mais amor ao próximo. Infelizmente, muitas pessoas ainda não entenderam a mensagem de respeito à vida humana, mesmo depois de tanto tempo de pandemia", disse durante o evento.

Ele criticou a pressão pela festa. "As pessoas numa sede de realizar seu sonho festivo, empresarial, estão esquecendo do drama que a gente viveu um ano e meio. Não colocarei a população em risco. Não vou colocar minha cabeça no travesseiro e ficar eventualmente me lamentando porque seria responsável por dezenas, centenas de mortes, com a realização de um Carnaval", disse.

"Os países estão fechando cidades quando aparecem cinco casos. A China, quando aparece um caso, fecha a cidade. Nós temos 2.500 casos e a pergunta que eu tenho que responder todo dia é se teremos Carnaval, se nós vamos botar três milhões de pessoas na rua. Que sociedade é essa? Que o grande anseio das pessoas é saber se vai ter Carnaval de 3 milhões...", questionou. "Todos deveriam estar se perguntando quando a humanidade vai conseguir derrotar esse vírus e não temos essa resposta ainda".

Ele disse que vai seguir resistindo às pressões, sejam sociais, econômicas ou políticas. 

Vacinação em eventos
Rui também criticou as festas que estão acontecendo sem respeitar as determinações sanitárias, incluindo a exigência de que o público esteja vacinado.

"As pessoas estão indo sem máscara. Quem tá comercializando essas festas não tá exigindo de vacinação. As pessoas chegam com qualquer papel na portaria... Tenho ouvido dezenas de relatos. As mesmas pessoas que pedem para liberar mais público em festas são as mesmas que ao organizarem festa não têm sensibilidade para pelo menos exigir que quem entre nas suas festas esteja apresentando o atestado de vacinação", lamentou.

Rui falou de sua experiência recente fora do país. "Eu acabei de chegar de viagem, de vários países. Fui no Oriente (Médio), fui na Europa, e eu, governador, com passaporte diplomático, para entrar em um restaurante, tinha que apresentar meu atestado de vacinação. Em alguns lugares, para entrar, além do atestado de vacinação, eu tinha que apresentar um exame de PCR, com resultado em menos de 48 horas", relatou.

Setores ligados ao Carnaval prometem ato neste domingo (21) na região do Farol da Barra pedindo a autorização da festa.

Muitos não vacinados
Na terça (16), em Ilhéus, o governador já havia falado que não colocaria a vida das pessoas em risco por causa do Carnaval. "Eu também quero fazer Carnaval, mas só vou fazer se eu não tiver que encarar depois milhares de pessoas morrendo de covid. Eu não quero botar a cabeça no meu travesseiro e imaginar que parte daquelas mortes foi por conta da minha decisão de permitir Carnaval”, disse.

O político destacou um dado que aponta que 700 mil baianos que tomaram a primeira dose da vacina não retornaram para cumprir o prazo de vacinação contra a covid-19.

“Tem gente que ganha R$ 5 milhões no Carnaval; R$ 3 milhões, R$ 4 milhões, eu respeito a opinião dessas pessoas. Agora mais importante que qualquer festa é a vida das pessoas, é a vida dos seres humanos”, disse ainda.

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