Governador
Rui Costa usa redes sociais para anunciar que aceitará qualquer tipo de ajuda
de qualquer país do mundo.
Após a
recusa do governo Federal em receber ajuda humanitária da Argentina, o
governador da Bahia, Rui Costa, anunciou, através das redes sociais, que o
estado aceitará ajuda de forma direta, sem que o apoio precise passar pela
diplomacia brasileira.
"A
Argentina ofereceu ajuda humanitária às cidades afetadas pelas chuvas na Bahia,
apesar da negativa do Governo Federal. Me dirijo a todos os países do mundo: a
#Bahia aceitará diretamente, sem precisar passar pela diplomacia brasileira,
qualquer tipo de ajuda neste momento", disse o governador pelas redes
sociais.
"Os
baianos e brasileiros que moram aqui no estado precisam de todo tipo de ajuda.
Estamos trabalhando muito, incansavelmente, para reconstruir as cidades e as
casas destruídas, mas a soma de esforços acelera este processo, portanto é
muito bem-vinda qualquer ajuda neste momento", completou.
De acordo
com o governo estadual, a Argentina ofereceu envio imediato de dez
profissionais especializados nas áreas de água, saneamento, logística e apoio
psicossocial para vítimas de desastres. Antes da recusa do Itamaraty, o governador
do estado chegou a fazer um pedido de autorização para a missão estrangeira. No
entanto, o Ministério das Relações Exteriores recusou o apoio.
O g1 teve
acesso com exclusividade ao documento do Ministério das Relações Exteriores que
foi enviado à embaixada da Argentina que dispensa a ajuda oferecida. Em um
trecho do documento, o governo federal afirma que os recursos pessoal e
financeiro são suficientes, com reserva de R$ 200 milhões para enfrentar a
emergência.
Nesta
quinta-feira (30), o presidente Jair Bolsonaro comentou a negativa. "Em
contato com o Itamaraty, a Chancelaria Argentina ofereceu assistência de 10
homens ("capacetes brancos") para trabalho de almoxarife e seleção de
doações, montagem de barracas e assistência psicossocial à população afetada
pelas enchentes na Bahia", escreveu Bolsonaro nas redes sociais.
"O
fraterno oferecimento argentino, porém muito caro para o Brasil, ocorre quando
as Forças Armadas, em coordenação com a Defesa Civil, já estavam prestando
aquele tipo de assistência à população afetada, inclusive com o apoio de 3
helicópteros da Marinha e Exército"
Segundo
Bolsonaro, o auxílio da Argentina não é necessário no momento em que mais de
629 mil pessoas são afetadas pelas chuvas na Bahia, e 91.258 estão desabrigadas
ou desalojadas. Ao todo, 136 cidades baianas estão em situação de emergência.
"A
avaliação foi de que a ajuda argentina não seria necessária naquele momento,
mas poderá ser acionada oportunamente, em caso de agravamento das condições. A
resposta do Ministério das Relações Exteriores à Embaixada Argentina é clara a
esse respeito".
O presidente
informou ainda que o governo federal está aberto a ajuda e doações
internacionais.
"Ontem
[quarta, 29], o Itamaraty aceitou doações da Agência de Cooperação do Japão
(JICA): são barracas de acampamento, colchonetes, cobertores, lonas plásticas,
galões plásticos e purificadores de água, que chegarão à Bahia por via aérea
e/ou serão adquiridos no mercado brasileiro".
Chuva na
Bahia
Foto aérea mostra enchente causada pelo transbordamento do rio Cachoeira em Itabuna (BA) em 26 de dezembro — Foto: Leonardo Benassatto/Reuters
Ao todo, 24
pessoas morreram em decorrência das fortes chuva na Bahia. De acordo com a
Superintendência de Proteção e Defesa Civil (Sudec), 91.258 pessoas
desabrigadas ou desalojadas e 629.398 pessoas foram afetadas pela chuva. O
número de feridos aumentou de 358 pessoas para 434. Nesta quarta, 136 cidades
estão sob decreto de situação de emergência.
Segundo o
governo do estado, a Bahia registrou o maior acumulado de chuvas para dezembro
nos últimos 32 anos.
Itamaraju,
no sul do estado, foi o município onde mais choveu no Brasil em dezembro deste
ano, com 769,8mm de chuva, segundo dados do Centro Nacional de Monitoramento e
Alertas de Desastres Naturais (Cemaden). Esse número representa mais que o
quíntuplo da climatologia deste mês (148,0mm).
A
climatologia da chuva entre setembro e dezembro em Itamaraju é de 499,7mm; em
Ilhéus é de 434,4mm; e em Porto Seguro é de 507,7mm. Logo, nesse período, as
chuvas nessas regiões estão bem acima da média.