Após ser
espancado por desrespeitar uma faixa atribuída ao PCC (Primeiro Comando da
Capital) com aviso de proibição a motociclistas de fazer manobras em Osasco, na
Grande São Paulo, um homem foi obrigado a gravar mensagem com ameaça a quem
burlar as determinações impostas pelo crime organizado. Anteriormente, o mesmo
homem havia feito imagens nas redes sociais descumprindo a "regra".
Como punição
por esse primeiro vídeo, ele foi agredido —supostamente a mando da facção
criminosa que domina a venda de drogas em São Paulo. Uma faixa proibindo
movimentos bruscos com moto já havia sido flagrada pelo UOL na Brasilândia,
zona norte da capital, onde dois PMs foram cercados e agredidos por
frequentadores de um baile funk. Identificado e liberado pela Justiça, um dos
agressores foi apontado pela polícia como membro do PCC.
A faixa na
Brasilândia exibia o recado: "proibido tirar de giro e chamar no grau.
Sujeito a cacete. Não vamos admitir esses tipos de situação na
comunidade". Na gíria, a mensagem era destinada a motociclistas, proibidos
de fazer barulho excessivo ou empinar o veículo, sob pena de agressão.
O delegado
Helio Bressan, da Seccional Norte, que investiga as agressões sofridas pelos
policiais militares no baile funk na Brasilândia, diz que a faixa encontrada no
local será alvo de investigações. "É possível perceber que há uma
organização criminosa por trás disso. Essa faixa é colocada por alguém que está
transgredindo a lei. Não foi colocada por uma autoridade constituída",
avalia.
A mensagem é
idêntica à encontrada no Jaraguá, também zona norte de São Paulo, e na Vila
Menck, em Osasco, na região metropolitana.
Sequência
de vídeos
Antes de ser
agredido, o motociclista publicou stories em seu perfil no Instagram enquanto
aumentava a rotação do motor da sua moto, seguida da mensagem: "Onde que
tá as placa [sic] proibido embaralhar e tira [sic] de giro?".
Um outro vídeo
mostra imagens do mesmo motociclista sendo espancado. Em pé, ele leva um chute
na barriga —mas não esboça reação. Em seguida, o agressor se aproxima e desfere
cerca de 15 cotoveladas nas suas costas. A vítima cai. "Levanta",
ordena um homem, que não aparece nas imagens. O motociclista então é atingido
por outros dois chutes.
No vídeo
seguinte, ele é obrigado a se desculpar.
Tô aqui
gravando esse vídeo pra me retratar referente à situação de um vídeo que eu
postei 'tirando de giro' com a moto e perguntando onde estavam as faixas. Quero
deixar bem claro que essas faixas precisam ser respeitadas. Entendeu,
mano?"
'É o
crime, em prol da população'
Ele ainda
atribui as agressões ao "crime", em alusão à facção criminosa que
atua na região. "Quem tá colocando [as faixas] é a comunidade. É o crime,
em prol da população, pra procurar melhoria devido à molecada estar tirando de
giro, tirando um barato com o pessoal aí. Empinando, trazendo risco aí pra
criançada e pros idosos aí", afirma.
Depois, é
interrompido por um homem que grava as imagens: "Incomodando trabalhador,
que não consegue dormir". O motociclista então reforça o recado. "É
pra respeitar essas faixas. O crime vem impondo aí a melhoria da
população". Antes de finalizar a mensagem, o motociclista é mais uma vez
interrompido pelo homem por trás da câmera, que o obriga a repetir a ameaça,
explicando as agressões. "Quem fizer diferente, vai ser pego pra exemplo.
Como eu tô sendo".