O DNA
encontrado na faca usada no crime é de Marcelo da Silva, de 40 anos, que já
está preso por outros crimes. Nesta terça (11), homem foi indiciado.
Seis anos,
um mês e um dia depois do assassinato de menina Beatriz Angélica Mota, de 7
anos, o caso teve um desfecho. O suspeito de desferir 42 facadas na garota,
dentro de um colégio particular de Petrolina, no Sertão, foi identificado pela
Polícia Científica de Pernambuco e confessou o assassinato (veja vídeo acima).
O DNA
encontrado na faca, segundo o laudo pericial, é de Marcelo da Silva de 40 anos,
que está preso por outros crimes. Nesta terça (11), após ser ouvido por
delegados, ele foi indiciado.
No dia 10 de
dezembro de 2015, a menina participava da formatura da irmã, no Colégio Nossa
Senhora Auxiliadora. Ela saiu do lado dos pais para beber água e desapareceu. É
o que mostram as últimas imagens em que ela aparece com vida (veja vídeo
abaixo).
Desde a data
do assassinato, foram realizadas sete perícias. O inquérito acumulou 24
volumes, 442 depoimentos e 900 horas de imagens analisadas.
A menina de 7 anos participava da formatura da irmã em uma das escolas mais tradicionais de Petrolina quando foi beber água e desapareceu. — Foto: Reprodução/TV Globo
Em dezembro
de 2021, os pais da criança percorreram a pé mais de 700 quilômetros, entre
Petrolina e o Recife, para pedir justiça.
O ato durou
23 dias e contou com apoio de autoridades municipais e dos moradores das
cidades por onde eles passaram.
Laudo
pericial
A TV
Globo teve acesso exclusivo ao laudo final do Caso Beatriz. Concluído
na segunda (10), o documento foi enviado, nesta terça (11), para a Secretaria
Estadual de Defesa Social (SDS) e ao Ministério Público de Pernambuco (MPPE).
O documento
da perícia técnica não esclarece a motivação do crime. Também não informa quais
outros crimes são atribuídos ao homem que está preso.
A peça-chave
para o esclarecimento do caso foi a faca usada pelo criminoso Marcelo da Silva,
que está preso em Salgueiro, também no Sertão pernambucano.
Faca usada para matar a menina Beatriz Angélica foi peça-chave para coleta de material genético que identificou suspeito — Foto: Reprodução/TV Globo
Os peritos
coletaram o DNA no cabo da arma, deixada no local do homicídio. A partir da
análise, foi possível comparar com o perfil do assassino. O DNA dele fazia
parte do Banco Estadual de Perfis Genéticos.
Segundo
informações obtidas com pela TV Globo, o DNA da faca foi comparado
com o material genético de 125 pessoas, consideradas suspeitas.
Todas essas
amostras foram coletadas pelos peritos pernambucanos do Instituto de Genética
Forense Eduardo Campos, desde 2015.
Documento da Polícia Científica de Pernambuco que apontou o suspeito de matar a menina Beatriz Angélica foi enviado para o MPPE e SDS, nesta terça (11) — Foto: Reprodução/TV Globo
E foi
justamente o Banco de Perfis Genéticos que revelou que entre esses suspeitos
estava o assassino de Beatriz Angélica, que já está preso por outros crimes.
O laudo
mostra, ainda, que o perfil genético obtido a partir da amostra é compatível
com o DNA da menina e do suspeito.
Marcelo da Silva, 40 anos, é suspeito de matar a menina Beatriz Mota, em Petrolina, em 2015 — Foto: Reprodução/TV Globo
Notas
Por meio de
nota, a Secretaria de Defesa Social afirmou que, ao ser ouvido pelos delegados
da Força Tarefa, Marcelo da Silva confessou o assassinato e foi indiciado.
O MPPE
informou que já "adotou providências para garantir a segurança do preso,
bem como já requisitou perícias complementares à Polícia Científica", mas
não entrou em detalhes sobre quais providências foram.
Crime
Imagens mostram a caçula da família Mota perto do pai e da mãe antes de desaparecer — Foto: Reprodução/TV Globo
Beatriz
Angélica Mota estava em uma festa no Colégio Nossa Senhora Auxiliadora, com os
pais, festejando a formatura da irmã. Cerca de 2 mil pessoas estavam na unidade
de ensino no dia do evento.
O pai dela
era professor de inglês da instituição. A última imagem que a polícia tem de
Beatriz foi registrada às 21h59 daquele dia. Ela se afasta da mãe e vai até o
bebedouro do colégio, localizado na parte inferior da quadra.
O corpo de
garota foi encontrado em um depósito de material esportivo desativado, perto da
quadra onde ocorria a solenidade.
A menina
tinha ferimentos no tórax, membros superiores e inferiores. A faca usada no
crime, de tipo peixeira, foi encontrada cravada na região do abdômen da
criança.
No dia
seguinte, a faca foi tirada de Petrolina e entregue ao Instituto de genética Forense, no Recife.
A imagem de uma câmera de segurança mostrando um possível suspeito chegou a
circular, mas a polícia não conseguiu identificá-lo.
Investigação
O corpo de Beatriz foi encontrado em um depósito perto da quadra onde acontecia a festa, a 30 metros do bebedouro — Foto: Reprodução/TV Globo
Depois de
passar por oito delegados deferentes, a investigação ficou com uma Força-Tarefa
formada por quatro profissionais que passaram a comandar as apurações.
Durante
a caminhada de mais de 700 quilômetros pedindo por justiça, em dezembro de
2021, a mãe de Beatriz afirmava sempre que “a polícia tinha sabotado o
inquérito”. Segundo Lúcia Mota, “os assassinos estavam sendo protegidos pela
polícia”.
Após a
caminhada, os pais da menina se reuniram com o governador Paulo Câmara
(PSB), no Palácio das Princesas, sede do governo. O governador afirmou que era
favorável ao processo de federalização das investigações.
No mesmo
dia, o chefe do Executivo estadual anunciou a demissão do perito Diego Costa,
que prestou consultoria ao colégio onde a menina foi morta.
Diante da
demissão, a Associação de Polícia Científica afirmou que “estava atenta a todos
os desdobramentos do caso, para adotar todas as providências voltadas para a
defesa dos interesses do perito criminal Diego e de toda categoria”.
No encontro
com os pais da menina, no dia da chegada da caminhada ao Recife, o secretário
de Defesa Social, Humberto Freire, reconheceu que “houve dificuldades em
momentos da investigação”.
Freire disse
também, no dia do encontro, que imagens de câmeras de segurança que tinham sido
apagadas foram recuperadas. Um inquérito foi aberto para identificar se foi
“uma falha de manuseio” ou intencional.
Nesta
ocasião, o Colégio Nossa Senhora Auxiliadora informou que as imagens divulgadas
integram o inquérito policial e que as pessoas que aparecem nelas não fazem
parte da instituição.
A
instituição de ensino afirmou, ainda, que “não houve manipulação ou exclusão de
imagens das câmeras”.
Procurado
pela TV Globo para comentar os problemas na investigação, o
presidente da Ordem dos Advogados do Brasil em Pernambuco (OAB-PE), Bruno
Baptista, afirmou que “falhas ocorreram principalmente no início do inquérito”.