Ao menos
três estados brasileiros – Rio de Janeiro, Ceará e São Paulo – têm relatos de
testes positivos tanto para a Covid como para a gripe.
O Brasil registrou,
nesta semana, casos de contaminação dupla por Covid-19 e Influenza. O quadro
está sendo chamado de "flurona", uma mistura das palavras “flu”
(gripe, em inglês) e “corona” (de coronavírus).
Um
levantamento feito pelo laboratório Diagnósticos da América (Dasa) apontou que
o Brasil tem 40 casos confirmados de contaminação dupla, diagnosticados nas
mais de 900 unidades.
No Rio de
Janeiro, um adolescente de 16 anos fez dois exames em laboratórios diferentes.
No Ceará, por sua vez, foram três casos – dois bebês de um ano, e um homem de
52 anos. Moradores de São Paulo também foram diagnosticados com gripe e
Covid-19 ao mesmo tempo.
A “flurona”
acontece quando os dois testes – para gripe e para Covid – dão positivo. Em
tópicos, o g1 explica o que é essa dupla contaminação, quais
os cuidados e se ela pode agravar o caso do paciente:
- O que é a flurona?
- A dupla contaminação é normal?
- O paciente com flurona pode ter
um quadro pior de saúde?
- Como se proteger?
- Como identificar a flurona?
Pessoas vestem máscara de proteção nas ruas de Lisboa, Portugal, por conta da Covid-19 em foto de 17 de dezembro de 2021 — Foto: Pedro Nunes/Reuters
O que é a
flurona?
A
"flurona" acontece quando os dois testes – para gripe e para Covid –
dão positivo. Rio de Janeiro, São Paulo e Ceará já confirmaram casos de dupla
contaminação.
A dupla
contaminação é normal?
Renato
Kfouri, infectologista e diretor da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm),
explica que ter uma contaminação dupla (por dois vírus) não é algo raro.
“Quando temos duas epidemias simultâneas, a chance de positivar os dois vírus é
grande”, diz.
Entretanto,
quase nunca a pessoa está infectada pelos dois vírus. O infectologista explica
que é preciso separar a coinfecção da codetecção.
“Os métodos
para identificar vírus no nosso corpo, como o teste PCR, são muito sensíveis.
Eles detectam facilmente pedaços do vírus que não necessariamente estão
trazendo infecção ou doença para o indivíduo. Essa codetecção é muito
frequente, mas não significa que os dois vírus estão agindo no corpo”, diz o
infectologista.
O
paciente com flurona pode ter um quadro pior de saúde?
Ainda não é
possível dizer se o paciente com flurona terá um quadro pior de saúde. Kfouri
explica que a flurona pode comprometer a saúde de pessoas que já são
imunocomprometidas, mas, em geral, a dupla contaminação não significa que
você terá quadro mais grave.
Jamal
Suleiman, infectologista do Hospital Emílio Ribas, em São Paulo, lembra que a
vacina é extremamente importante para evitar o quadro grave das duas doenças.
"Se você estiver vacinado, o risco de desenvolver forma grave dessas
doenças é remoto. Se você não estiver imunizado, vai seguir o fluxo e correr
riscos, seja com um, dois ou três vírus".
Mirian Dal
Ben, infectologista do Hospital Sírio Libanês, explica infecção dupla não
aumenta as chances de óbito nem faz com que as doenças sejam mais leves.
"O importante é que as pessoas precisam saber que a gente não tem nada
ainda na ciência que fale pra gente que pegar as duas coisas ao mesmo tempo
aumente as chances da pessoa morrer ou que faça a doença talvez ser mais leve.
Nenhuma das duas coisas".
Como
podemos nos proteger?
Os dois
vírus são respiratórios. As medidas de prevenção continuam as mesmas: usar
máscara, vacinação, distanciamento social, higiene das mãos.
“É
extremamente importante prevenir contra os dois vírus. Ainda temos poucas
informações sobre agravamento e o que vai acontecer. O que podemos fazer agora
é prevenir, colocar as medidas de prevenção em curso”, alerta a epidemiologista
Ethel Maciel.
Kfouri
concorda e reforça que as medidas de relaxamento precisam ser revistas.
“São doenças
de transmissão respiratória e os cuidados são os mesmos. Além disso, é preciso
rever protocolos de relaxamento. O que norteia esses protocolos são as taxas de
transmissão. Estamos com taxas elevadas de gripe e Covid e precisamos
diminuir”, diz o infectologista.
A boa
notícia, segundo Kfouri, é que a temporada de Influenza dura de quatro a oito
semanas.
Como
identificar a flurona?
Por causa da
semelhança dos sintomas, as duas infecções podem ser inicialmente confundidas.
A única forma de identificar a flurona é fazendo os testes para Covid-19 e
influenza. Alguns sinais podem ajudar a diferenciar as doenças.
"Os
sintomas da influenza, de maneira geral, são quadro súbito de febre alta, dor
de garganta e um intenso mal-estar. Já a Covid chega de maneira discreta, com sintomas
mais exuberantes depois de sete dias", explica Suleiman.
Sintomas
da gripe (influenza)
A gripe,
como é chamada a infecção pelo vírus influenza, apresenta sintomas agudos logo
nos primeiros dias da doença.
- Febre alta;
- Calafrios;
- Dores musculares;
- Tosse;
- Dor de garganta;
- Intenso mal-estar;
- Perda de apetite;
- Coriza;
- Congestão nasal (nariz
entupido);
- Irritação nos olhos.
Sintomas
da Covid-19
Já nos casos
de Covid-19, a doença começa a evoluir a partir do 7° dia, podendo ou não levar
a um quadro de insuficiência respiratória.
De acordo
com pesquisadores da Universidade de Oxford, no Reino Unido, os sintomas da
ômicron são "diferentes" das cepas anteriores do coronavírus e incluem:
- Dor de garganta;
- Dor no corpo, principalmente na
região da lombar;
- Congestão nasal (nariz
entupido);
- Problemas estomacais e diarreia.
No Brasil,
as variantes delta e gama ainda são predominantes. Seus sintomas podem incluir:
- Perda de olfato e paladar;
- Dor no corpo;
- Dor de cabeça;
- Fadiga muscular;
- Febre;
- Tosse.